É claro que nem só porque um final é positivo que ele é perfeito. Nem tudo na vida é como queremos, mas certamente é o melhor que podemos ter.
Heizou se apressou o quanto pôde para dar as notícias ao garoto. Certamente Kuni ficaria radiante no momento que soubesse que aquele pesadelo tinha finalmente terminado de uma vez por todas. Mei estava presa, Ryuuichi morto, o hospital fechado e os médicos todos presos, tudo graças À coragem dele.
Correu pelos corredores procurando pelo garoto e recebeu de Nari a notícia de que ele estava no jardim dos fundos junto com Kazuha. Aproveitou para convidar a garota para a comemoração, mesmo sem explicar exatamente a comemoração do quê, o que arrancou uma risada dela ao perceber tamanha empolgação vinda do perito.
Chegou ao jardim empolgado para contar as boas novas, mas de repente sentiu um gosto amargo na boca, um aperto no coração, uma sensação esquisita. Era um infarto? Não, mas bem que podia ser. Qualquer coisa seria melhor do que aquela porcaria de sentimento horroroso e inadequado.
Kazuha e Kuni estavam sentados sobre a pedra, um ao lado do outro, com a perna esquerda de Kuni pendurada por cima da perna de Kazuha enquanto o loiro o beijava e o garoto sorria. Ciúmes. Aquela sensação horrorosa poderia ser traduzida naquela palavra vergonhosa e infantil. Estava enciumado, sabia que sim, mas preferia mentir pra si mesmo e dizer que não tinha nada com o garoto além de amizade. Tinha demorado demais para assumir que sentia algo pelo menino, mais ainda para tomar qualquer atitude, e, pior de tudo, sabia desde o primeiro dia que Kazuha também estava a fim dele, mas por algum motivo vinha dizendo para si mesmo que Kazuha provavelmente não tomaria qualquer tipo de iniciativa, talvez considerando o passado difícil e recente de Kuni, talvez avaliando se valia mesmo a pena cair de cabeça num relacionamento com alguém que precisava de tantos cuidados, de tanta terapia e compreensão... Ou talvez na verdade o tempo todo fosse apenas ele que hesitava e ponderava. Kazuha não estava nem aí para todas as coisas, só não podia perder a oportunidade de tentar, de tentar arrancar uma risada, de provar o carinho e a paixão, de tocar aqueles lábios com tanto amor.
Kunikuzushi parecia feliz. Isso era tudo o que importava.
— Heizou! Vai ficar aí encarando com cara de pango ou vai cumprimentar a gente? — a voz do menino tirou o perito do transe de volta para a vida real.
— Haha! Acho que bateu o cansaço só agora. — desconversou, indo até onde os garotos estavam, com menos coragem. — Vim trazer uma boa notícia e convidar vocês pra comemorá-la...
— Então desembucha, homem! Que notícia é essa? Sabe que eu odeio enrolação... — Kuni perturbou.
— Ah, o caso tá bem perto de ser resolvido. Fechamos o hospital e prendemos os médicos hoje, agora é só esperar os julgamentos, mas com a quantidade absurda de provas que temos, junto com as confissões, temos certeza que eles ficarão um bom tempo na cadeia. — Heizou coçou o queixo. — Em resumo, é isso.
Kuni levantou-se num pulo e segurou as mãos do médico.
— Cê tá falando sério? Conseguiram prender aqueles caras? — os olhos escuros do garoto estavam redondos e brilhantes como jabuticabas maduras. Heizou quase se permitiu rir.
— Sim. Agora é com o Cyno, mas eles vão ser sentenciados aqui e em Inazuma, então acredito que mesmo se houvesse a mínima possibilidade de eles pegarem uma pena baixa aqui, Inazuma solicitaria a extradição deles pra uma punição mais severa lá. Claro que não será necessário, entretanto. Há tantas provas que é impossível eles escaparem. — Heizou sorriu, mas mesmo assim não conseguia ignorar a sensação amarga.
— Você é o melhor de todos, Heizou! Eu sabia que podia confiar em você! Makoto tinha razão! — o sorriso dele era enorme e seus olhos se enchiam de lágrimas de alívio. — Aqueles filhos de uma puta vão apodrecer na cadeia!
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Not how we wanted, but the best we can get. (Xiaoven/ Cynonari/ Heikazuscara)
FanfictionPor trás de cada sorriso naquela casa há uma história. Histórias de luta, de dor, de abuso, mas também de superação, de garra, de força de vontade e desejo de viver. Quem vê aquelas pessoas apenas vivendo seus cotidianos, aprendendo a lidar consigo...