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🖇 | Lembrando que estou recomeçando essa história pela minha outra adaptação com outro casal. Se eu errar algum nome, me avisem <3

📄VINNIE

O último zíper da última mala. Agora a tarefa era apenas levá-la até o meu carro e sair daquela casa. Agarrei a alça e caminhei até a porta do quarto, parando um instante para voltar a minha atenção para o cômodo e lembrar-me de tudo o que foi vivido ali com a Emma. Em nenhum momento, desde que nos unimos em matrimônio, eu imaginei que teria que enfrentar uma situação como aquela. Era para ser eterno, prometemos que seria. Aparentemente, o único a querer seguir com essa promessa fui eu e não adiantava continuar arrastando uma relação quando uma das partes já não concordava mais.

Desci as escadas encarando o eco que o barulho dos meus passos fazia a cada degrau. Mesmo que desde sempre apenas duas pessoas morassem ali, agora a casa parecia mais vazia do que nunca. O amor a preenchia de um jeito que só era notável agora que já não o tínhamos. O pior de tudo era saber que não estávamos na mesma sintonia e diferente do que sempre dissemos, não podíamos nos apoiar em todos os momentos. Naquele caso, era eu quem não era o suficiente para apoiá-la e eu não a culpava por me ver assim.

Emma com toda a certeza foi a mais afetada nisso tudo. Não foram poucas as situações em que ela ergueu o olhar para mim como se pedisse perdão silenciosamente por algo que não estava em seu controle. E nunca adiantou que eu dissesse que não era culpa dela, minhas palavras ficavam ao vento e ela procurava se encolher em sua dor.

Caminhei até a cozinha e parei na entrada a observando sentada ao balcão enquanto bebia uma xícara de chá. Já não era mais a mesma há meses e eu acompanhei aquele processo de um sofrimento que se acumulava e a fazia se afundar ainda mais até desistir de se reerguer. O brilho que antes tomava conta do seu rosto havia se apagado, se arrumar já não era mais uma opção e as noites mal dormidas deixaram as olheiras profundas como um lembrete.

— Emma. — a chamei.

Ela ergueu o olhar na minha direção, mas voltou sua atenção para o conteúdo em sua xícara.

— Eu já estou indo. — avisei. — Ligue se eu tiver esquecido alguma coisa, mas creio que não.

— Envie o seu novo endereço ao nosso advogado. Ele vai enviar os papéis do divórcio para que você assine.

Respirei fundo e depois soltei o ar devagar. Falar sobre o divórcio era difícil porque eu não queria fazer aquilo. Entretanto, não tinha o direito de ser mais uma dor de cabeça para a Emma e obrigá-la a lutar comigo na justiça para se livrar de mim. Estar em uma relação onde eu já não era amado era pior do que aceitar ficar sozinho.

— Farei isso. — fiquei de costas. — Até breve.

— Adeus. — foi direta e fria.

Engoli em seco e apressei o passo para sair de lá antes que começasse a chorar na frente dela. Quando finalmente estava sozinho em meu carro e comecei a dirigir, permiti que as lágrimas até então entaladas saltassem dos meus olhos. Os soluços também escaparam e eu não fiz nenhum esforço para conter o meu pranto.

Nos conhecemos no ensino médio e a nossa relação seguiu sendo perfeita a ponto de causar inveja nas mentes mais negativas. Fomos para a mesma faculdade e começamos a morar juntos naquele período. Não demorou até que eu a pedisse em casamento. Alguns disseram que era cedo demais, mas se tínhamos tanta certeza de que queríamos ficar juntos pelo resto de nossas vidas não havia nenhum motivo para esperar.

Compramos uma casa e um ano depois tentamos ser pais pela primeira vez. Lembro-me perfeitamente de quando ela me surpreendeu ao contar que estava grávida. Foi o momento de maior felicidade que eu já senti e eu senti que poderia amar a minha esposa ainda mais. Nos unimos, planejamos tudo o que podíamos, passávamos horas falando sobre como a vida seria após a chegada do bebê. Cada ultrassom era um evento e as primeiras roupinhas que compramos foram escolhidas a dedo. Entretanto, no terceiro mês de gestação, Emma acordou no meio da noite incomodada com algumas dores abdominais. Ela achou que fossem somente cólicas comuns, mas aí veio o sangramento e nós corremos para o hospital. Lá recebemos a notícia de que ela sofreu um aborto expontâneo.

Save Me ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora