Château d'os

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Caminhou um pouco naquele lugar que desconhecia, já acostumada a não sentir seu coração pulsar.
E sem tão uma sequer surpresa, Rose enxergou um castelo. Era belo e alto, tons de branco gelo e bege.
Ao redor cerejeiras, que balançavam devagar com o vento tranquilo daquele lugar.
Sem opções, Roseline, receosa, andou até os portões do castelo, em seguida deu duas batidas.
Não esperava que fossem ouvidas, já que os portões eram enormes, mas eles se abriram, dando visão a entrada do castelo vazio e silencioso.
Parecia suspeito, mas sua curiosidade, que sempre trouxe problemas para a mulher, falou muito mais auto.
Atravessou a segunda porta, sentiu um vento gelado que entravam pelas grandes janelas do palácio.
Pilastras revestidas de cranios, era assustador, porém Rose não sentia medo, tudo parecia um passeio em uma linda e profunda obra de arte.
Cada detalhe passava uma mensagem, acho que diziam para cuidar dos ossos como se fossem sua morada.
Ou só um grande assasinato que ninguém descobriu.
Em um pulo de susto ao ouvir uma voz grave ecoando no salão, Roseline, virou-se e lá estava um homem com quase dois metros de altura, também não tinha pele, mas parecia educado.
"Olá, é ótimo receber uma visita nova."

"Estou aqui por engano, senhor." Roseline disse com um pouco de esperança.

"Mas ninguém entra no castelo de ossos por engano, senhorita." O homem retrucou.

"Bem, eu entrei, perdi minha pele e talvez minha cabeça..."

"Ora! Eu vejo seu crânio perfeitamente." O homem riu da moça.

"Esse é o problema, é preocupante que não tenho mais olhos." Roseline estava ficando impaciente.

"Acontece moça. Não fui educado o suficiante para a dama, deixe eu me apresentar." O homem se aproximou e levou a mão de Rose em seus lábios deixando um bejo casto.

"Bom, me fale então. Com quem falo?"

"Sou o rei, dono deste castelo e me chamo Eliott."

"Estou contente em te conhecer, mas preciso voltar para casa."

"Oh! Que casa, querida?"

Roseline imaginou que naquele reino, naquele castelo, era normal que os cavalheiros chamassem todas as damas de querida, mas isso já não condizia com o que o rei Eliott mostrava.
O rei não vestia roupas próprias para um rei daquele ano, mas também não eram tão velhas.

"Minha moradia, majestade."

"Uh! Está morta, querida. Não têm mais motivos para que volte para lá." Suas mãos, ou melhor, seus ossos apontaram para cima, era de lá que Roseline vinha.

"Perdão, mas eu não entendi. Não posso estar morta, eu não morri!" Roseline, indignada, e mesmo que não tivesse suas expressões, era possível ver sua raiva.

"É normal que muitas que descem ficarem em negação, mas você está morta. Eu tenho afazeres agora, quando aceitar a morte, estarei no jardim cuidando das flores."

E saiu, saiu o homem de puro osso, terno preto e voz calma.
Rose, ali parada sem saber que rumo tomar, seguindo sua lógica, se desceu podia subir novamente.
Não pensou duas vezes em achar o poço onde entrou, saiu do castelo e vendo o rei observando suas rosas, achou intrigante, um rapaz de aparência assustadora e uma doce personalidade.
Não aceitaria sua morte, por isso não chegou perto e sequer olhou no escuro de seu crânio, caminhou reto, sentindo falta das cossegas que a grama faria em seus pés saudáveis.
Não contente, Roseline, cansada de procurar o maldito poço, sentou-se ao lado de uma árvore, não estava cansada fisicamente, até porque não sentia dores, era sua mente que doia.
Assim que retomou a coragem, procurou mais um pouco, sem sucesso voltou para o castelo, mas ainda sim não entraria no jardim.
Se fosse fácil digerir tudo, Roseline, com certeza aceitaria sua morte, mas não há possibilidade de ela ter morrido.
Parecia tudo um grande sonho, um pesadelo horrível, como ela poderia acreditar se nem mesmo os livros que lera, aqueles com gravuras, mostravam pessoas esqueletos.

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⏰ Última atualização: Apr 21 ⏰

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