8 𝙴̄ 𝚘 𝚗𝚞́𝚖𝚎𝚛𝚘 - ᵃˡᵉˣ ᵠᵘᵃᶜᵏⁱᵗʸ

01

 
  Após meu banho, vou em direção a lavanderia,estendo minha toalha e coloco minhas roupas sujas no cesto. No caminho até meu quarto, vejo Xayah e Bisteca brincando. "Onde está Salém?" Minha dúvida logo é respondida quando sinto uma mordida em meu tornozelo. Escuto risadas do meu irmão vindo da dispensa. Esse 'vagaba não estava de dieta por conta da academia? Mostro meu dedo mediano e pego Salém no colo.
— Cala boca, piolhento!
— Mais respeito, a mãe não ia gostar de saber que você é boca de bueiro!
— Chantagista.
— Realista.
— Chato.
— Palhaço.
— Rabugento!
— Ler-
Uma notificação em meu celular. Meus olhos se arregalam, meu irmão foi em direção ao barulho. Abraço Salém com força o suficiente que evite uma possível queda, mas que ao mesmo tempo não o machuque. Sigo o mais rápido que posso pela casa, meu celular está desbloqueado.

— Quem é Quackity?
Não respondo.
— Michelangelo De Luca Ferrari. Quem. É. Quackity?
Coloco Salém no sofá da sala.
— Ele é AQUELE Quackity...
— Não.
— Não o que, macho? Tá doido?
— Não, 'tá tudo bem.
— Piolho, para com isso! Ele só me convidou pra um projeto, só isso!
— Um projeto?
— É.
— E quando você pretendia me contar?
— Amanhã de manhã...
— Pra ficar a noite inteira conversando com ele?
— O que?! Não!
Outra notificação, desta vez ele corre até as escadas, rumando seu quarto.
— PEDRO, ME DEVOLVE!  —  Corro logo atrás da figura mais alta.
"MEU DEUS DO CÉU, O MEU PEITO, EU NÃO... DOER RESPIRA" Minha respiração descompassada e meu peito dói, acho que tenho que voltar a me exercitar. Urgentemente. Me encontro na porta de seu quarto, com os pés descalços. Minha mão se estende em direção ao braço de Pedro.
— ME DÁ! —  Meu grito cria um eco na casa ainda não totalmente mobiliada. — PEDRO, ABRE ESSA MERDA DESSA PORTA, CARALHO!
— VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE GRITAR COMIGO! - Como?
— E VOCÊ NÃO DEVERIA PEGAR MINHAS COISAS, SEU CORNO DESALMADO, GAZELA SALTITANTE, PENDEJO!
— ¡NO ME HABLAN ESPAÑOL!
("NÃO FALA EM ESPANHOL COMIGO!")
— ¡DAME DEVUELVE MI CELULAR, DEMONIOS!
("Devolve meu celular, inferno!")
Dou três passos para trás, pegando distância. "Um." Me preparo fisicamente. "Dois." Dou o primeiro passo em direção a porta. "Três!" A porta se abre, e eu consigo ver tudo em câmera lenta. Seu sorriso cínico, seu olhar vitorioso. Tudo, acho que até consigo me ver em terceira pessoa caindo com tudo.