A vida de Sakura, uma jovem garota de Tóquio durante a Era Taishō, mudou para sempre na noite em que ela foi salva por um espadachim misterioso: seu destino interligou-se ao dele de maneira irrevogável. E mudou novamente no dia em que ela se comprom...
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O ÁLCOOL POSSUÍA A CURIOSA HABILIDADE de fazer com que perdêssemos todas as nossas inibições. Tudo o que nos restringia, toda e qualquer noção ou reserva, era rapidamente esquecido uma vez que o álcool fizesse a sua pequena mágica. O fato era que não nos tornávamos outra pessoa ao beber, simplesmente perdíamos o medo e a vergonha — assim como as travas na língua — que costumavam nos limitar no dia a dia.
Uma pequena parte de mim — ainda racional e sóbria — sabia que eu estava extrapolando. Que estava cruzando o limite do aceitável e do recomendável. O mais sensato teria sido parar de beber enquanto havia tempo. Enquanto eu não estava tão intoxicada pelo álcool ao ponto de perder toda a vergonha. Mas, se fosse sincera eu já havia cruzado aquele limite há muito, muito tempo. Por volta do sexto ou sétimo copo de saquê.
Atualmente eu estava no meu — talvez — décimo terceiro copo de saquê. Talvez. A minha mente estava começando a se tornar confusa de modo que não conseguia lembrar com exatidão. Naruto havia me assistido virá-los um atrás do outro com um misto de choque e preocupação. E tinha desistido de me dissuadir a não beber depois da terceira ameaça que fiz de arrebentá-lo.
Mesmo que já houvesse bebido com a minha madrinha e com Ino em outras ocasiões eu nunca havia consumido tanto álcool em um espaço de tempo tão curto. Mas estava frustrada e magoada, e o álcool estava anestesiando aqueles sentimentos incômodos tão eficientemente que eu não me vi na posição de parar de ingeri-lo.
Mais importante: eu havia parado de pensar em Sasuke-kun por um momento, nas palavras que me feriam e que faziam com que aquele sentimento de rejeição comprimisse o meu coração. Lembrar-me dele fez todos aqueles sentimentos agitarem-se no meu estômago novamente, deixando-me nauseada. Muito embora o álcool também pudesse estar me deixando nauseada àquela altura. Era difícil deduzir o motivo verdadeiro.
Ergui a cabeça de repente para um Naruto surpreso ou assustado, e abri a boca:
— Sabe o que é mais frustrante?! — indaguei com os olhos lacrimosos e sensíveis pela luz das lamparinas.
Naruto fez que não com a cabeça muito rápido. Os olhos azuis estavam esbugalhados e a postura do corpo, sentado em posição de lótus no tatame junto a mim, era tensa demais. Kurama, ao lado dele, dormia um sono profundo, imperturbável mesmo ante os meus resmungos exagerados. Por que ele não estava relaxando comigo? Se parasse para pensar por tempo suficiente ele não havia bebido uma gota desde que eu chegara ali. Meneei a cabeça. Eu estava divagando. Voltei ao ponto que interessava, inspirando fundo.
— O que é mais frustrante é que ele me deixa criar fantasias a respeito dele. Me deixa cogitar que talvez nós pudéssemos ter um futuro juntos. Ele é tão legal comigo na maior parte do tempo. Ele se preocupa com o meu bem-estar e com os meus sonhos, eu vejo isso nos gestos dele. E em outras vezes ele é tão impulsivo e teimoso, e frio e distante. E se afasta de mim sem dizer palavra alguma. Eu simplesmente não o entendo! — exclamei.