FUI ATÉ O POVOADO AINDA NAQUELA MANHÃ para explorá-lo e conhecê-lo melhor. Não vi Sasuke-kun depois da conversa que tivemos, mais cedo. Eu realmente esperava ter conseguido mudar a impressão que ele tinha de mim. Mas, se não tivesse então precisava ter mais opções. E conhecer o terreno era o primeiro passo.
Ao descer a estrada de terra em direção ao povoado logo abaixo da colinaa, a primeira coisa que notei era que ele se esparramava por uma grande extensão daquela região montanhosa da Prefeitura de Gifu. Árvores de todos os tipos cresciam, fortes e vistosas, e margeavam a estrada que cortava o povoado. Através das suas copas vi os telhados de madeira das casas com suas chaminés fumegantes, além de prédios maiores de alvenaria onde certamente deveriam funcionar pequenos estabelecimentos comerciais, uma clínica e a escola. Como não vi nenhuma criança brincando concluí que deveriam estar em aula.
As montanhas amarronzadas estavam mais ao fundo, os picos pontudos das mais altas delas escondiam-se sob uma camada grossa de neve apesar de estarmos no começo de Abril. Mas a primavera deixara os seus toques inconfundíveis por ali: algumas cerejeiras floresciam à orla da estrada mesmo que a mais gentil das brisas despetalasse as flores e colorisse o caminho de cor-de-rosa. Outras árvores também exibiam orgulhosas as suas flores e frutos, enchendo o ar frio com uma fragrância adocicada.
Continuei a descer a estrada e tive o primeiro vislumbre das pessoas que moravam ali. Cumprimentei aqueles que me cumprimentaram, mas comecei a me sentir um pouco incomodada quando percebi que estava atraindo bastante atenção. Talvez, por ser uma região afastada e rural, fosse natural que os moradores sentissem curiosidade e interesse sobre os recém-chegados.
Encontrei a loja que procurava e entrei, ajustando a alça da bolsa no ombro. Vasculhei as prateleiras atrás dos produtos que queria comprar e os coloquei um a um na sacola que eu trazia. Na hora de pagar no caixa, agradeci e saí apertando o passo um pouco a fim de ir para a próxima loja. Por sorte eu tinha algumas economias guardadas. Havia recusado veementemente a ajuda financeira de Fugaku-sama para chegar até ali, rejeitando inclusive a sua oferta de deixar que o motorista da família Uchiha me trouxesse. A viagem de trem no dia anterior me ajudara a espairecer, limpando a mente cheia.
Uma hora e meia hora depois subi a estrada em direção à casa de Sasuke-kun com a bolsa cheia. A caminhada da volta foi tão tranquila quanto a da ida ao povoado. O sol estava mais quente àquela hora da manhã e a brisa sussurrante que soprava nas árvores que sombreavam o caminho já não me arrancava arrepios de frio de modo que tirei o xale que trazia sobre os ombros e dobrei-o sobre o braço.
Enquanto caminhava pensei no que faria pelo restante do dia. Talvez me oferecesse para ajudar Mayumi-oba-sama a preparar o almoço se ela aparecesse. Na verdade, não havia muito a fazer na casa exceto limpar e cozinhar. E a ideia de ficar ociosa era enervante. Eu poderia perguntar ao Sasuke-kun o que ele fazia para passar o tempo se ele estivesse com um bom humor. Mas, parando para pensar eu nem mesmo sabia o que ele fazia no seu dia a dia exceto ser ranzinza e treinar tarde da noite com uma espada.
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Tear do Destino
Hayran KurguA vida de Sakura, uma jovem garota de Tóquio durante a Era Taishō, mudou para sempre na noite em que ela foi salva por um espadachim misterioso: seu destino interligou-se ao dele de maneira irrevogável. E mudou novamente no dia em que ela se comprom...