Capítulo 2: Fio do Destino

94 24 16
                                    

HÁ SEIS MESES CONHECI UM ESTRANHO QUE MUDARIA a minha vida para sempre

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

HÁ SEIS MESES CONHECI UM ESTRANHO QUE MUDARIA a minha vida para sempre. Não deixei de pensar nele desde então e não fui capaz de esquecê-lo. A coragem e a gentileza que ele demonstrou naquela noite mexeram comigo e abalaram o meu coração. Até aquela noite eu dificilmente diria que acreditaria em paixão à primeira vista. Mas aconteceu comigo.

O estranho era um homem jovem, aproximadamente da minha idade eu diria, e era tão lindo que chegava a ser estonteante. Nunca vi olhos como os dele: mais profundos ou mais intensos. Nem ouvi voz mais bela. Movia-se com elegância e leveza mesmo ao empunhar a espada que derrotou os meus perseguidores. A habilidade dele com uma lâmina era tão perfeita que não deixava dúvida quanto ao empenho que ele tivera para dominá-la.

A personalidade contida foi outro aspecto que me chamou a atenção. Qualquer outro homem teria se gabado no lugar dele por haver me salvado. Talvez alguns até esperassem receber uma retribuição pelo feito heroico. Mas não ele, não o meu estranho.

Depois de derrubar o último malfeitor, ele embainhou a espada e virou-se para mim, assustada e ajoelhada em meio à sujeira. Era uma noite escura e ventosa; mal se via a lua ou as estrelas devido às nuvens cinzentas e espessas. E mesmo a luz artificial dos postes de iluminação não chegavam àquela viela no subúrbio onde fui emboscada e perseguida por um grupo de cinco homens com más intenções.

Eu ainda estava paralisada pelo medo quando o estranho se aproximou alguns passos comedidos e estendeu a mão para me ajudar a me levantar. Olhei para aquela mão tão gentilmente estendida e não hesitei em estender a minha para segurá-la. Porque algo mudou no meu coração naquele momento. Algo foi semeado e, mais tarde, geminou e cresceu.

— Você se feriu? — ele me perguntou tão logo me pus de pé.

Tentei forçar um sorriso para negar, mas as minhas mãos tremiam e a minha voz falhava. Meu pulso direito latejava no lugar onde eu o havia ferido mais cedo quando escorreguei e caí durante a fuga desesperada.

Neguei, mas ele não deve ter acreditado muito em mim, pois crispou o olhar escuro, pegou no meu pulso machucado com delicadeza e o ergueu a fim de inspecioná-lo. Abaixei os olhos para a ferida latejante também, só então notando o sangue que vertia de um arranhão e manchava a manga do meu quimono. O estranho suspirou, segurou no cachecol vermelho que usava ao redor do pescoço e, sem demora, rasgou um pedaço próximo à ponta com facilidade.

Ante o meu olhar perplexo ele amarrou o pedaço de tecido ao redor do meu pulso ferido, estancando o sangramento. Seus olhos estavam sobre o meu rosto em seguida:

— Não deveria esconder quando está sentindo dor — ele me censurou.

Comecei a me desculpar, entrelaçando as mãos, mas então ele continuou:

— Nem que está sentindo medo e raiva. Não há nada de errado com isso.

Desapertei as mãos que segurava unidas por perceber que ele estava certo. Eu não deveria me preocupar em ser forte naquele momento, deveria? Alguns homens cruéis por pouco não haviam me feito mal. Eu fui perseguida e encurralada como um bicho arredio. O som das suas provocações e risadas cruéis me daria pesadelos. A última das minhas preocupações deveria ser cuidar das minhas emoções. E perceber aquilo foi um verdadeiro alívio.

Tear do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora