Ocean Eyes

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Londres, 2123- Atualmente.

Crowley estava de frente para o anjo após um século sem ao menos o ver. O encontro, como sempre, era repleto de um misto de emoções que ele mal conseguia compreender. Aziraphale, com sua expressão suave e olhos azuis que pareciam conter um universo inteiro, tinha o poder de fazer todas as barreiras que Crowley havia construído ao longo dos séculos desmoronarem em um piscar de olhos.

Ele havia se apaixonado novamente. 

Os olhares deles se encontraram, e o tempo pareceu parar ao redor. Crowley sentiu como se estivesse caindo, como se fosse arrastado por uma correnteza em direção àqueles olhos. Os sentimentos que ele pensava ter controlado tão bem ao longo dos anos surgiram com uma intensidade avassaladora. O amor que ele sempre acreditou ser impossível, inapropriado para um demônio como ele, agora estava ali, diante dele, inegável e incontrolável. 

A memória do dia que se conheceram o atingiu fortemente. 

Antes do princípio.

Antes do começo, quando o cosmos estava em seus primeiros momentos de existência, Aziraphale e Crowley, ainda não corrompido pelo mal, estavam lado a lado, observando o tumulto de luz e escuridão que dançava na criação do universo. Eles eram apenas dois entre muitos anjos que testemunhavam o nascimento das estrelas, dos planetas e da vida.

Aziraphale, com seus cabelos loiros e olhos azuis, irradiava uma pureza celestial enquanto observava a vastidão do espaço se desdobrar diante dele. Ele estava encantado com a beleza e a complexidade da criação, sua expressão refletindo uma profunda reverência.

Ao seu lado, Crowley, estava com um brilho apaixonado nos olhos, observava com admiração a dança cósmica das estrelas, cometas e galáxias. Ele sempre foi um ser apaixonado pela arte de criar as estrelas, e ver que aquilo tudo era sua obra-prima o vazia se emocionar. 

O anjo loiro percebeu que ainda não havia conhecido o anjo que estava ao seu lado. 

— Sou Aziraphale.— Sorriu e estendeu sua mão para o outro.

— Legal.— O anjo de cabelos vermelhos respondeu sem dar muita importância, ainda observando as supernovas. 

Londres, 2123- Atualmente.

— C-crowley?— Aziraphale gaguejou ao olhar o demônio, não acreditava na imagem que estava a frente dele. 

O anjo deu um passo a frente, colocando sua mão direita no rosto de Crowley.

— Sou eu, anjo.— Sorriu, engolindo seco.

— Oh, Crowley, eu senti sua falta, me desculpa...— Ele abraçou o que estava a sua frente, com os olhos marejados.

Algumas memórias vieram a tona, fazendo o demônio se sentir tonto. 

Jardim do Éden, início da humanidade.

— Olá, Anjo.— Aziraphale ouviu uma voz preencher seus ouvidos, quando olhou para baixo uma serpente se fazia presente.

A tal cobra se transformou em aparentemente uma pessoa, que ele conhecia desde a criação do universo.

— Oh, Crawley? — Aziraphale murmurou, seus olhos encontrando os do outro ser celestial. Uma mistura de surpresa e curiosidade se refletiu em seu olhar, enquanto ele observava Crawley com um certo calor inexplicável.

Crawley, por sua vez, sentiu algo dentro de si se agitar ao encontrar os olhos radiantes de Aziraphale. Ele estava acostumado a provocar, seduzir e manipular, mas a intensidade do olhar do anjo parecia penetrar sua fachada de brincadeira e atingir um lugar mais profundo. Ele ficou momentaneamente sem palavras, seu charme usual dando lugar a uma vulnerabilidade que ele não estava acostumado a sentir.

𝐎𝐜𝐞𝐚𝐧 𝐄𝐲𝐞𝐬 || 𝐀𝐳𝐢𝐫𝐚𝐜𝐫𝐨𝐰Onde histórias criam vida. Descubra agora