E Choveu Uma Semana

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Nota da autora:

Olá! Eu sou a Lou e essa é a primeira vez que eu compartilho alguma coisa que eu escrevi. Primeiramente quero deixar uma coisa avisada: essa fic inteira é baseada em um sonho que eu tive onde tudo deu certo no final. Ela segue o cânone do último episódio da 2ª temporada, mais ou menos, até a hora em que o Aziraphale sairia da livraria com o Metatron, para ir para o céu. Sintam-se à vontade pra fazer quantos comentários quiserem, eu vou adorar ler. Espero que gostem!

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Quando Crowley começou a planejar o café da manhã extremamente alcoólico que tomaria com Aziraphale, depois de toda a situação envolvendo Gabriel e Belzebu se resolver, ele não esperava ser incomodado por outro ser celestial batendo à porta da livraria. E esperava menos ainda que se tratasse da Voz de Deus em pessoa. E com um café da loja da Nina, ainda por cima. Se dependesse apenas de Crowley, o Metatron teria sido - não-tão-educadamente-assim - dispensado antes mesmo de explicar o que compunha o café, mas é claro que Aziraphale tinha que aceitar sair para uma caminhada e uma conversa rápidas com ele, porque era o Aziraphale.

"Tá bom," Crowley diz, arrastando a voz e levantando da poltrona de forma dramática. "Brunch extremamente alcoólico, então. Te espero naquele restaurantezinho francês chique que cê adora."

Aziraphale não responde, mas o cintilar de seus olhos diz mais do que palavras poderiam.

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"Já de volta?" A dona do restaurante lhe entrega o menu, tentando esconder um sorrisinho e falhando. "Vai tentar fazer seu discursinho de novo?"

"Eu não faço discursos," Crowley nega.

"Claro que não faz," a mulher assente, ainda com um sorriso miúdo nos lábios. Irritante, Crowley pensa. "Vai querer aquela rosa outra vez?"

Crowley responde com um som desarticulado, ocupando sua boca com a taça de vinho recém-servida pela dona do estabelecimento. A mulher assente outra vez e ruma para o interior do restaurante. Um instante depois, ela retorna, agora com duas rosas: uma vermelha, uma branca.

"Assim está melhor," ela coloca as duas flores em um vasinho chique no centro da mesinha mais chique ainda. "Boa sorte."

"Ngk," Crowley agradece.

O demônio tenta permanecer calmo e tranquilo, e falha miseravelmente. Sua mão treme toda vez que ele ergue a taça até seus lábios, e sua boca permanece seca independentemente do quanto ele beba. Ele respira fundo várias vezes, com receio de acabar fazendo com que outro raio caia direto no restaurante como bombas caem em igrejas. Respirar não ajuda. Não é como se ele precisasse respirar, na verdade, mas era para ajudar, não era?

Inferno, ele pensa, como é que os humanos fazem isso o tempo todo? Mais de uma vez no tempo de uma vida, até. Mas enfim, essa pode ser exatamente a razão pela qual é tão mais fácil para eles: humanos não têm seis mil anos de anseio pesando em seus corações, nublando seus pensamentos, sufocando suas palavras. Tudo que eles têm é o agora, o curto espaço de tempo de suas curtas vidas. Se qualquer coisa dá errado, eles só precisam que conviver com seus corações partidos por, o que, algumas semanas, meses na pior das hipóteses? Isso é nada, nada mesmo quando você tem a eternidade inteira se estendendo como tapete à sua frente.

Mas será que ele tem mesmo? As coisas podem ter se resolvido com todo o lance do Gabriel, mas não dá para dizer por quanto tempo essa paz vai durar. Mais um motivo para dizer tudo de uma vez, diz a parte otimista dele, e a parte pessimista bufa. Mas por que é que você não pode ser feliz com essa paz, ein?, o pessimismo pergunta. Por que ele não pode simplesmente beber ótimos vinhos em ótima companhia e ficar contente? Por que ele sempre tem que querer mais do que lhe é permitido ter?

E Choveu Uma SemanaWhere stories live. Discover now