22 de novembro - 1/2

193 15 3
                                    

- O quê? não foi tão ruim, eu sei como era a relação de vocês, você sequer chorou. - Falou dando um risinho sarcástico.
- E-eu não consigo entender... - Falei indo para trás quase caindo, por sorte ou não, o garoto em minha frente me segurou.
- Nem comecei a falar o que eu quero ainda, e você já 'tá chocada? - Fiquei o olhando, por uns segundos e o tempo pareceu parar, mas voltei ao normal quando ele me soltou no sofá. - Eu tenho uma proposta pra você.
- P-proposta? Como assim? - Perguntei receosa.
- Eu posso transformar você em alguém como eu. Eu posso fazer você ter a vida eterna e vai poder ter tudo o que quiser.

Eu não consigo raciocinar uma palavra que sai da boca dele, que por sinal é tão bonita... Mas isso não importa. Não quero saber dele. Eu só queria que ele não estivesse aqui, eu achei que nada poderia piorar, mas 'tá muiro pior.

- Vida... eterna? - Perguntei baixo. - V-você é um... - O mais alto me interrompeu.
- Vampiro? sim, eu sou. - O olhei arregalando os olhos, meu medo era visível, e quase que palpável. - Eu posso fazer você viver pra sempre comigo, você vai ter tudo o que quiser.
- Viver um dia só me dá vontade de morrer, não quero a vida eterna.

Ele me olhou de cima a baixo e levantou a sobrancelha, o jeito que ele me olha me deixa um pouco abalada, eu não sei explicar o sentimento, mas eu não gosto disso.

Acho que eu 'tô me acostumando com a ideia de ele estar aqui, o medo 'tá passando, e um sentimento esquisito toma conta do lugar.

Antes que eu pudesse falar algo novamente, Euronymous já havia sumido, eu olhei em volta me perguntando onde ele pode ter ido, ir embora assim não foi a pior coisa que ele já fez, mas me deixou incomodada.

O dia chegou ao fim e eu ainda estava pensando no que havia acontecido mais cedo, ter tudo o que eu quiser? não me parece má ideia, mas não tenho certeza do que fazer, ter a vida eterna não é algo que 'tá na minha lista coisas que eu quero.

Estava quase perto da meia-noite, quando novamente eu senti um vento forte, foi quando eu raciocinei que isso previa a chegada de Euronymous. Eu permaneci deitada no meu quarto esperando a presença do mais velho.

- É quase meia noite. Em breve você vai completar 18 anos, não é? E eu vou ter 19.000 anos, quase não tem diferença, hm? - Perguntou com um olhar baixo e fixo em mim. - Posso te dar o maior presente da sua vida, em troca disso, sua alma vai ser meu presente.

Minha alma? então é isso que ele quer. Eu quero morrer mas... não quero viver sem uma alma, isso sequer faz sentido. Deus, por que eu? Por que isso 'tá acontecendo comigo e logo agora?

- Amanhã... também é o aniversário de morte dos meus pais, e isso é completamente culpa sua. Dês de esse dia eu não consigo sentir absolutamente nada. Eu não consigo sentir nada por ninguém, eu não consigo nem mesmo sentir ódio de você por isso.
- Seu tempo 'tá acabando, Laila. - Eu ainda não havia dito meu nome pra ele, isso me deixou um pouco desnorteada.
- E se eu não quiser? o quê você vai fazer? - Ele sorriu e se aproximou de mim.
- Você não tem escolha, pequena Laila. Ou você me dá sua alma, ou você vai sofrer. - Disse olhando em meus olhos. - Olha pro relógio, seu tempo acabou, Laila. Agora, você vai ser minha

E assim, meu dia começou comigo fugindo de um vampiro pela casa inteira, tudo que eu li sobre matar um vampiro falhou, a água benta não queima eles, ele engoliu o alho que eu joguei nele, e a cruz... bem, ele a pegou da minha mão e jogou ela invertida na parede. Mas algo é verdade, o cheiro de sangue deixa eles malucos, a minha sorte, é que havia um hospital perto de casa. Meu coração desacelerou aos poucos, e eu fui dormir pensando no que aconteceria se eu aceitasse a proposta.

Euronymous, dia 22 de novembro.

Eram 10h da manhã, Euronymous tinha ensaio com sua banda, que era composta pelo baixista Necrobutcher (Jørn Stubberud), o baterista Hellhammer (Jan Axel Blomberg), o vocalista Dead (Per Yngve Ohlin) e óbviamente, Euronymous como guitarrista.

O melhor amigo de Euronymous era o Dead, apesar de Aarseth não dizer com essas palavras. Mas todos sabiam que os dois eram inseparáveis mesmo com todo o desdém de Euronymous. Eles se entendiam, e isso foi o suficiente para o vampiro compartilhar seu segredo com Dead.

Mas infelizmente, Pelle não era o único a saber disso. Varg Vikernes também sabia, e óbvio que isso não sairia barato pro lado de Eurony. Varg o ameaçava, em troca de seu silêncio ele era considerado o líder da banda, apesar de sequer participar dela. Claro que o garoto não gostava disso, seu ódio mais profundo era causado por Vikernes e suas ameaças.

- Eu 'tava pensando, e se colocássemos algumas caveiras reais no palco? Podiamos cobri-las com sangue de verdade também, seu amigo Dead poderia ajudar com isso. - No mesmo instante Euronymous partiu pra cima de Varg, mas foi impedido pelo mesmo. - Perdão, toquei no seu ponto mais fraco, não é?
- Você é um merda, eu posso te matar enquanto você dorme. - Disse olhando no fundo dos olhos de Vikernes.
- Calma aí vampirão malvado, esqueceu que eu sei do seu pequeno segredo? Mais uma dessa e seu segredinho vai se espalhar pelo mundo inteiro.

Isso foi o suficiente para fazer Euronymous calar a boca, seu segredo se espalhar era sua maior preocupação, ele confiava no Dead e apenas nele. Ele sabe que a boca do loiro é um túmulo.

Mas alguma hora, Euronymous se cansaria das atitudes babacas de Varg e faria algo contra ele. Talvez não agora, mas mais cedo ou mais tarde, certamente ele tentaria algo contra Varg Vikernes.

crystal castles ~ Euronymous & você Onde histórias criam vida. Descubra agora