Capítulo 2

14 3 12
                                    

O despertar vibrante do sol matinal de Las Vegas iluminou cada canto do meu quarto, trazendo consigo um calor seco característico do deserto e um tom âmbar que refletia de forma suave nas paredes. Estiquei-me na cama, sentindo o brilho quente em meu rosto e a textura macia dos lençóis. A noite passada, por outro lado, parecia um borrão quase etéreo em minha memória.

Emily e eu tínhamos nos aconchegado no sofá até as primeiras horas da manhã, perdidas no mundo das comédias românticas e comendo pipoca até os nossos estômagos reclamarem.

Estiquei cada músculo, sentindo o peso da noite anterior. O relógio me dizia que já era 9h30. Tá, eu admito, meio tarde pro meu padrão de "acorda e vamo", mas vai, depois da noite de ontem? Totalmente justificável. O cheirinho de café fresco já estava me dando uma prévia do que me esperava lá embaixo. Aposto que a Emi já tava aprontando alguma coisa na cozinha.

Sai do quarto, ainda meio zonza, dando um pulo no banheiro pra lavar o rosto e tentar acordar pra valer. Quando finalmente cheguei à cozinha, dei de cara com a Emi, toda pensativa, olhando a cidade pela janela e abraçando a sua caneca de café. Se a cara dela não estivesse gritando "noite mal dormida", eu diria que estava posando pra foto de alguma campanha de café chique.

— Bom dia, amiga. — Murmurei.

Ela se virou e me ofereceu um sorriso cansado. — Bom dia, Cass. Espero que você tenha dormido melhor do que eu.

Eu me aproximei dela, pegando uma caneca e me servindo de café. — Sinto muito pelo que aconteceu ontem à noite. Você quer conversar sobre isso?

Ela suspirou. — Eu só não entendo o por que dele não poder me deixar em paz. Marlon sempre teve a necessidade de controle. Pensei que tínhamos terminado com isso.

Nós nos sentamos à mesa da cozinha, nossas canecas fumegantes diante de nós. O silêncio entre a gente era reconfortante, uma pausa pacífica após a tempestade da noite anterior.

— Sabe... — comecei escolhendo minhas palavras com todo o cuidado do mundo. — Talvez você deva considerar falar com alguém. Um terapeuta, talvez? Eles podem te ajudar a processar tudo isso.

Ela ponderou a ideia por um momento antes de responder. — Talvez você esteja certa. Tenho evitado lidar com tudo isso, esperando que desaparecesse, mas talvez seja a hora de enfrentar a situação de frente. 

— Você tem todo o meu apoio, amiga. — respondi, segurando a sua mão por cima da mesa.

A conversa se desviou para assuntos mais leves. Falamos sobre nossos planos para o dia, já que era o dia de folga de Emily, eu mencionei que iria ao centro novamente para entregar mais alguns currículos. O mercado de trabalho de Las Vegas era competitivo, e eu sabia que precisava me destacar.

— E se a gente fizesse disso um dia só nosso? — sugeriu Emi, com os olhos brilhando. — Depois de entregar seus currículos, podemos almoçar juntas. Talvez até ceder a algumas tentações nas lojas. – ela fez uma careta travessa, o que me fez rir.

A ideia pareceu tentadora, e eu concordei. — Parece ótimo, vamos fazer isso.

(...)

O centro de Las Vegas estava cheio, com turistas e locais se misturando. Depois de entregar mais alguns currículos em bares e restaurantes, Emi e eu nos encontramos em um pequeno café ao ar livre, rindo como se a tensão do dia anterior nunca tivesse acontecido.

No entanto, quando o dia estava chegando ao fim, uma figura familiar fez meu coração parar. Marlon. Ele estava parado do outro lado da rua, olhando diretamente para nós.

Meu destino (im)perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora