A Hora do Lobo (Sterek)

Você não pode carrega-lo com você se quiser sobreviver

A maioria das pessoas, até mesmo a maioria dos lobos, achava que o vínculo alfa era abertamente romântico, algo tão essencialmente bom e belo que tinha que terminar em sol, flores e felizes para sempre. Houve algumas histórias trágicas sobre alfas, aqueles cujo amor de alguma forma entrou em conflito com a sociedade e foram mortos por isso. Mas apenas uma história, uma história antiga que tinha raízes em diversas culturas, ousou questionar a suposição inicial.

Laura tinha doze anos quando saiu da aula com uma expressão carrancuda obscurecendo sua expressão. Ela sorriu para Derek quando ele perguntou e disse-lhe para cuidar da própria vida, mas naquela noite ela entrou furtivamente em seu quarto e o importunou até que ele a deixasse contar a história, afinal. Ela sentou-se com os braços apertados em volta dos joelhos dobrados, olhando para as sombras.

Havia uma menina. Sempre começava assim porque a menina fazia toda a diferença. Havia uma menina que morava na orla da floresta, cuidando da mãe doente, pastoreando ovelhas, cabras ou lhamas e ajudando na cidade sempre que podia. Ela era linda, claro, mas não era por isso que as pessoas a amavam. Ela tinha uma bondade nela, um otimismo puro e brilhante e um amor pela vida e pelo mundo contra os quais as pessoas eram impotentes. Era impossível não amá-la.

Ela foi para a floresta fazer alguma coisa e se perdeu, como as pessoas nas histórias costumavam fazer. Talvez houvesse um pouco de magia bloqueando seu caminho. Talvez o lobo que governava a floresta a estivesse observando há muito tempo ou talvez tenha sido apenas uma sorte terrível. Mas ela se perdeu e o lobo, como protetor da floresta, tinha o dever de levá-la em segurança para o outro lado. O lobo e a garota se apaixonaram. Era o tipo de amor que acontece uma vez na vida e para sempre, que pode quebrar todas as regras, que é mais forte do que qualquer magia. A história poderia ter sido uma dessas, sobre a superação de adversidades e duas almas de mundos diferentes se encontrando.

Mas o lobo tinha uma companheira.

Quando o lobo percebeu o que havia acontecido, que seu coração estava completamente conquistado e ele não poderia ser feliz sem a garota ao seu lado, ele caiu em desespero. O lobo, veja bem, o lobo amava sua companheira e teria feito qualquer coisa para fazê-la feliz. Mas ele temia pela garota que havia tomado seu coração, temia que sua companheira a matasse por vingança e dor. O lobo amava tanto sua companheira que sabia que se alguém tivesse tirado o outro lobo dele, ele teria feito de tudo para recuperá-la. Foi assim que ele soube que a garota nunca estaria segura, que só havia uma coisa a fazer e que teria que ser ele quem a faria.

Em algumas versões, a história falava de veneno ou de uma faca nas costas, mas na verdade tudo o que era necessário era um desafio. O lobo chamou seu companheiro, uma luta até a morte.

Eles destruíram a floresta. A luta deles arrasou os campos e envenenou a água. Eles trouxeram exércitos e não fizeram prisioneiros. No final, porém, tudo se resumiu aos dois lobos, enfrentando-se sozinhos no campo de batalha. Eles lutaram durante dias sem descanso, lutaram até que nenhum deles pudesse mais avançar, apenas golpeando com garras irregulares qualquer fraqueza exposta, a respiração fazendo barulho no ar implacável do amanhecer.

Quando terminou, o lobo morreu com um apelo nos lábios, implorando pela vida da menina. Seu companheiro uivou, alguns disseram em vitória, alguns disseram em angústia.

Na aldeia, a menina esperou pelo seu destino. Ela não era uma lutadora, mas não tinha medo. Quando o vencedor chegou, ela ficou com a cabeça erguida, entregando-se para que o lobo não tivesse motivos para tirar outra vida para ela.