TW: assed*o
Era segunda, após o episódio no bar e a inusitada presença da primogênita dos Cabello's, meus amigos ainda estavam atônitos com a presença da mulher e evitavam o assunto apesar de tudo.
Camila era como uma ferida incômoda, todos sabiam que ela estava lá mas ninguém tinha coragem o suficiente para tocar no assunto novamente. Então, permanecia assim e eu sinceramente não sabia como me portar, parte de mim ainda está assimilando que meu passado - com nome e sobrenome - ainda existe e é uma completa vadia. Eu me pergunto em como eu deixei que meus hormônios tomassem conta de mim naquele dia, eu queria espanca-la, queria fazê-la sangrar e gritar... por mim.
Merda.
Eu a odeio pra caralho.
Balancei minha cabeça tentando dispersas os pensamentos que consumiam minha mente, meus pés estavam sobre a mesa e eu girava na cadeira de maneira segura, suspirei pesado e espremi os olhos fitando as horas no computador: 18:30 PM.
Banho e cama.
É isso que eu preciso.
Sorri por já estar no fim do expediente e não ter visto sequer a sombra de Camila, a parte mais difícil é encarar a morena e aqueles olhos castanhos malditos. Tirei os pés da mesa e fui até a cafeteira na sala de estar, alguns estagiários faziam hora por ali enrolando o passar dos minutos com a justificativa do "café", quando me viram petrificaram e mudaram a postura.
— Supervisora S/s! – um dos jovens disse e eu apenas acenei com a cabeça.
— Só vim pegar um café também, relaxem. – peguei o expresso e voltei pra minha sala, a luz estava baixa e fitei o computador, já tinha feito o que a Cabello tinha pedido então apenas aproveitei para tomar o líquido preto e quente. Fechei os olhos sentindo o aroma e o sabor, mas não durou muito tempo até o telefone tocar e eu o atender prontamente.
— Alô?
— Venha até a minha sala. – a voz feminina tão familiar soou do outro lado da minha é minhas mãos gelaram em suor frio, engoli em seco e sem esperar respostas ela desligou.
Revirei os olhos, tão rude, apenas peguei meu blazer e o vesti caminhando em meio às cabines dos estagiários e funcionários efetivos, recebia cumprimentos e olhares curiosos. Minha reputação na empresa é de "misteriosa", eu quase nunca participava dos eventos e dos "happy hours" propostos pelos executivos. Eu só era a supervisora misteriosa.
"Ela está indo até a sala da chefe?"
Escutei um dos murmurinhos mas não dei atenção, subi as escadas torcendo para minhas pernas não falharem e eu acabar caindo. Minha boca já estava seca, parei em frente à porta preta com a placa em tom dourado
"Camila Cabello
Diretora Executiva"
Um arrepio percorreu minha espinha, respirei fundo e tentei pensar em algo que não fosse a figura feminina me fitando de maneira como se fosse tão superior, tão egocêntrica e até mesmo bestial, como se ela conseguisse me devorar com apenas um olhar. Talvez ela de fato sabia que conseguiria, afinal ela é ela.
— Você me chamou? – a sala grande apenas deixava ela mais imponente, vestia um vestido preto na altura dos joelhos com uma abertura lateral e um batom vermelho.
Claro.
Sempre um batom vermelho.
