Entre Sombras e Destinos

Quando branco se torna preto, o mundo se inverte! -Parte 2

Com a criança diante dela, Ophelia sentiu uma mistura de perplexidade e compaixão. A aparição da criança era surreal, tão fora de lugar naquela situação, mas seus olhos cheios de medo e a mão estendida invocaram um desejo profundo de protegê-la. A tensão era palpável, e Ophelia se viu dividida entre seu instinto de sobrevivência e o impulso de ajudar.

As palavras da criança ecoaram em sua mente: "Vem, antes que ele volte, vamos!" Quem seria esse "ele"? Por que a criança estava ali? E onde diabos estava Ellis? Ophelia sentia como se estivesse presa em um quebra-cabeça distorcido, onde cada peça estava envolta em sombras e mistério.

Os segundos se arrastaram enquanto Ophelia pesava suas opções. Ela ouvia os ruídos distantes se aproximando, cada vez mais intensos e sinistros. O impulso de correr e deixar para trás toda essa situação terrivelmente estranha estava quase incontrolável. Mas o pensamento de Ellis, possivelmente ferido e precisando de ajuda, servia como uma âncora que a mantinha ali.

"Olha eu não sei quem é você ou o'que está acontecendo, mas eu não posso ir, Ellis meu noivo. Está perdido em algum lugar por aqui, e eu preciso encontrá-lo!"

Ophelia finalmente conseguiu articular sua voz trêmula enquanto olhava fixamente para a criança. A atmosfera ao seu redor parecia ainda mais densa, como se cada decisão fosse carregada de consequências imprevisíveis.

"Não há muito tempo. Ele não é bom. Ele está caçando." A voz da criança era um sussurro ansioso, e ela parecia tão vulnerável quanto assustada, mas por algum motivo ela parecia muito preocupada com Ophelia.

Ophelia mordiscou o lábio, lutando contra a ansiedade que ameaçava engolir suas palavras. "Ellis está lá fora? Preciso encontrá-lo." A urgência em sua voz era inegável, mas a criança não parecia disposta a deixá-la sair sem um aviso.

"Ele não é o que parece", a criança insistiu, sua expressão tornando-se mais sombria. "Se você seguir, ele te levará para longe, para o escuro, onde não há retorno, confie em mim."

As palavras ecoaram nas orelhas de Ophelia, criando uma sensação arrepiante em sua espinha. Enquanto a tensão atingia um pico, ela sentiu que estava em uma encruzilhada, uma escolha que poderia determinar não apenas seu destino, mas o destino de Ellis e da própria criança.

A mão da pequena criança continuava estendida, enquanto seus olhos a fitavam de forma esperançosa. Era maluquice, dada a situação estranha e aterradora que se encontrava. Mas pela primeira vez nessa bizarra noite Ophelia sentiu um misto de alívio quando pegou na pequena e quente mão da criança.

Ela sabia que não podia simplesmente recuar, não quando a incerteza pairava tão pesadamente no ar, e de alguma forma aquela criança parecia saber exatamente por onde ir.

A criança pareceu estudá-la por um momento, seus olhos expressando uma mistura de preocupação e alívio. Ela finalmente assentiu e começou a se mover lentamente em direção à porta que estava parcialmente aberta. Ophelia engoliu em seco e seguiu, com o coração batendo descontroladamente. A sensação de morte e escuridão ainda estava presente, mas ela estava disposta a enfrentá-la em busca de respostas e, esperançosamente, de Ellis.

O ambiente escuro e a neblina espessa tornavam seus companheiros enquanto Ophelia avançava, seus passos ecoando no chão sujo. Sendo seu único guia aquela criança doce que a guiava pela mão de forma apressada, por corredores que Ophelia nem sequer imaginaria que existiriam ali.

As perguntas corriam de forma apressada pela mente da mulher, assim como seus olhos queimavam com lágrimas teimosas que se acumulavam. Mas naquele momento ela sabia que em seu âmago ela não deveriam exigir, não quando passos pesados ecoavam pelo corredor de forma assombrosa e grunhidos e rosnados ecoavam pelos corredores que pareciam cada vez mais estreitos.