Quando branco se torna preto, o mundo se inverte!

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"Um tijolo pode construir uma casa, assim como derrubar uma. Nada permanece igual, e isso é tanto uma dádiva quanto uma maldição!" Ele dizia de forma divertida, segurando uma caneta entre seus dedos desgastados e sujos de graxa, imitando um tom filosófico. Ele parecia ter sabedoria ao dizer aquelas palavras, mesmo que não pareça ao primeiro olhar ingênuo de uma criança.

Os pneus do carro negro zuniam sobre o asfalto irregular, criando um ruído perturbador em meio ao silêncio envolvente. De repente, uma luz fraca e tolerante piscou nos olhares do veículo, revelando sua presença em meio à penumbra. O rugido distante de trovões ecoavam como um mau presságio, como se disputasse espaço com todo barulho que ecoava em seu peito. Seus cabelos pretos, que costumam ficar sempre bem penteados, agora estavam bagunçados pelo vento de sua janela aberta enquanto seus dedos batucavam incessatimente o volante do carro, refletindo uma desordem interior que tomava conta dela, sem expessão seu corpo agia de forma automatica, tentando suavizar o clima dentro do aconchegante carro negro que era tenso.

- Espero que esse tempo não complique ainda mais as coisas.- Ophelia suspirou frustrada, dividindo a atenção entre a estrada e o mapa velho e amarelado em suas mãos, desviando o olhar para o céu sombrio a noite continuava a se aprofundar e a rodovia parecia cada vez mais escura e perigosa.

Ophelia se resignou em dirigir observando atentamente a pista à frente, sentado no banco do passageiro um homem de pele negra e traços finos apoiava sua cabeça em sua mão enquanto observava a paisagem pitoresca pela janela de mau humor. Seus olhos dourados se dirigiram até sua noiva que dirigia calada, de forma irônica seus lábios se apertaram enquanto o homem suspirava pesadamente.

- Já passamos por aqui três vezes, estamos perdidos! - Ellis, seu noivo cruzou os braços bem torneados por debaixo de sua blusa preta, seu desconforto e impaciência eram óbvios.

- Eu estou tentando encontrar o caminho certo, mas eu não consigo ler o mapa direito com você me distraindo o tempo todo! - Ophelia disse estressada, jogando o mapa no painel do carro. Sua paciência havia se esgotado enquanto ouvia seu noivo a criticar a cada coisa que fazia, Ellis a tirava do sério profundamente.

"Merda, esse fim do mundo não acaba, e esse mapa não ajuda em nada! - Ophelia suspirou estressada, já havia perdido a conta de quantas vezes havia tomado as mesmas curvas. Mas ela sentia que esse lugar era como um labirinto, não importava quanto ela dirigisse sempre voltaria para o mesmo lugar.

- Claro, claro. Por que facilitar as coisas quando podemos nos perder várias vezes, não é? - Ellis se inclinou no banco pegando o mapa enquanto seu sorriso debochado permanecia em sua face impaciente.

Enquanto dirigia, Ophelia olhou de soslaio para o rosto aborrecido de seu noivo. Essa era para ser uma viagem relaxante, um momento de reconciliação, um dos motivos pelo qual Ophelia concordou em voltar para sua antiga e costeira cidade natal. Mas nem haviam chegado ainda e já haviam se transformado em um caos, parecia que seu noivo tinha prazer em criticar cada coisa que ela fazia.

- Ah claro, na próxima vez, eu posso trazer um guia turístico para nos acompanhar, já que sou tão ruim de direção! - Ophelia tentou relaxar, mas não conseguiu evitar a ironia em suas palavras. Ela se sentiu injustiçada, afinal, foi ele quem decidiu passar as férias naquele lugar deserto, o mesmo local onde se conheceram anos atrás, sua cidade natal; Green Hills.

Mas já fazia anos que Ophelia havia a deixado, uma pequena cidade situada no interior dos EUA a quilômetros de distância da "civilização", rodeada pela floresta, onde o sinal de celular era inexistente e o GPS não funcionava. Tudo o que restava era um velho mapa que sua família havia enviado, e ela duvidava seriamente daquele mapa.

Entre Sombras e DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora