Capítulo Um - Noite Chuvosa

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O céu estava assustadoramente escuro enquanto a chuva caía do lado de fora das paredes antigas da velha fazenda.

De pé, perto da janela, Regina observava com uma ruga de preocupação a tempestade que chegara de repente, depois de um dia de sol brilhante e nuvens no céu.

A ômega agarrava com uma mão o decote do penhoar de seda enquanto se envolvia com o outro braço ao redor da cintura. Já passava das dez da noite e nem Henry, muito menos Evie dera notícias. Os filhos saíram depois do café da manhã para visitar uns amigos numa fazenda próxima, prometendo que voltariam para o jantar e até aquela hora ainda não haviam regressado.

Então, quando bateu às 20h, Regina ordenou que três de seus empregados fossem buscá-los, mas eles pareciam ter se perdido no caminho ou, como os alphas estúpidos que eram, certamente meteram a camioneta em alguma vala da estrada e agora deveriam estar atolados na lama.

— Inúteis! — resmungou consigo mesma, cada vez mais preocupada e irritada, por não ter notícias de seus preciosos bebês.

Ela deu um pulinho para trás quando o clarão de um relâmpago cortou a escuridão do céu, sendo seguido pelo estrondo alto de um trovão.

Com a mão sobre o coração palpitante, Regina se afastou mais da janela quase no mesmo momento em que o telefone em cima da mesinha de cabeceira começou a tocar.

Ela correu apressada para atender a chamada, rezando para que fosse seus filhotes do outro lado da linha.

— Alô! — atendeu quase sem respirar.

— Mãe — a voz de Henry se anunciou do outro lado — Estamos bem! — o adolescente se apressou em dizer, sabendo como a mãe era superprotetora.

— Graças a Lycan! — ela se permitiu esboçar um pequeno sorriso de alívio — Onde vocês estão, Henry?

— Fomos fazer uma trilha e acabamos perdendo a noção do tempo — Henry disse — Mas conseguimos encontrar uma cabana abandonada, onde nos refugiamos com o Nicholas e a Ava. Felizmente, o sinal do celular pega aqui e decidimos passar a noite na cabana, porque parece que a chuva não acaba tão cedo.

— Mas vocês estão bem? Estão seguros? — Mesmo conversando com o filho, Regina seguia angustiada e com os instintos protetores ativados — Deixe-me falar com a sua irmã! — pediu no tom de comando típico dela.

Ainda identificou o suspiro resignado de Henry, antes de ouvi-lo gritar: "Evie".

— Diga, velha! — a adolescente exclamou num tom de voz entediado.

— Modere o linguajar, Evie! — Regina resmungou de um jeito cortante, sentindo-se ultrajada com o comportamento desbocado da filha mais nova. — Você está bem? — porém, no segundo seguinte, sua voz suavizou, revelando a preocupação maternal que a consumia.

— Sim, meu amor! — Evie também falou num tom mais doce, sabendo que a mãe deveria estar apreensiva por ter ficado horas sem notícias dos dois. — A gente só tomou um banho de chuva, mas já estamos tentando acender uma lareira que tem aqui para nos aquecer. Pode ficar tranquila, mommie!

Regina soltou outro suspiro aliviado, sentindo as batidas do coração acalmar.

— Está bem, minha princesa... Mas procurem se aquecer bem para não pegarem uma pneumonia.

— Não se preocupe com isso... Ava e Nick tem umas roupas secas nas mochilas, que vai dar para a gente se trocar também. Pode dormir descansada, seus filhotes ficarão seguros e aquecidos, velha! — disse com bom humor.

Dessa vez, Regina sorriu. Depois de se despedir dos filhotes, a ômega desligou a chamada, deixando o telefone na mesinha.

Ela sentou na borda da grande cama de casal, passando as mãos ainda trêmulas no rosto. Os filhos eram tudo para a ômega. Mesmo odiando o ex-marido, que a trocou por outra ômega, vinte e três anos mais jovem, Regina sentia que seu casamento de quase duas décadas não fora um erro completo, justamente porque o inútil do ex lhe abençoara com Henry e Evie.

Rain Night [Shortfic SQ - Universo ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora