Rain Night [Shortfic SQ - Universo ABO]

Capítulo Cinco - Secreto

Já era perto do meio-dia quando Ruby apareceu no estábulo onde Emma estava terminando uma de suas tarefas. A alpha de mechas vermelhas ainda sentia-se meio nauseada por causa dos excessos cometidos até a madrugada daquele dia e mal se alimentou no café da manhã. Sua sorte era que a Srta. Blue lhe preparara um excelente remédio caseiro que conhecia e lhe dera mais cedo, senão a alpha não teria conseguido trabalhar naquela manhã.

Ruby continuava meio desacreditada da cena que presenciou enquanto espionava pela fresta da janela do alojamento de Emma, em dúvida se a mulher com quem a amiga estava claramente transando seria mesmo a patroa Mills.

Obviamente, ela não contou nada do que presenciara a mais ninguém; afinal, Emma não lhe confidenciou nada e Ruby não era o tipo de pessoa que saía por aí fofocando sobre a vida íntima dos outros. Mas o fato da loira estar possivelmente se envolvendo com a dona de toda aquela propriedade era uma situação que preocupava Ruby, porque Emma poderia se prejudicar, pois obviamente parecia ser a parte mais frágil nessa dinâmica, apesar de ser uma alpha.

— Que cara péssima, Ruby! — o comentário de Emma fez a outra desviar dos próprios pensamentos — E você tá mais calada do que o de costume. Imagino que a noite de ontem tenha sido uma loucura para você aparecer assim. — a alpha loira sorriu olhando para a amiga antes de se virar para colocar ração no cocho de Estrela, uma das éguas premiadas da fazenda.

O animal logo se aproximou para comer e Emma fez um carinho nela, passando os dedos por sua bela pelagem marrom escura, antes de ir trocar a água do bebedouro.

— Foi... uma loucura! — Ruby concordou deixando escapar um suspiro. — E a sua? Você se divertiu maratonando Drag Race? — perguntou dissimuladamente.

Emma, que agora estava de costas para a amiga, enchendo o bebedouro de água de Estrela, deu de ombros, dizendo:

— Na verdade, eu apaguei assim que cheguei em casa. Acabei nem assistindo nada.

"Fingida", Ruby pensou, sorrindo secretamente.

— Ah, que pena! — a alpha morena lamentou de um jeito sonso — Então, se tivesse decidido se juntar a nós no celeiro, você certamente não teria disposição para curtir a farra de ontem. A festa foi até às três da madrugada e acabei sendo uma das últimas a sair. Quase bati no seu alojamento para suplicar por uma xícara de café — aqui, Ruby percebeu os ombros da amiga ficarem tensos — mas acabei desistindo, imaginando que você ainda estaria dormindo e fui para o meu alojamento.

Seguindo em silêncio, Emma se virou e pegou o rastelo que usara para limpar a baia de Estrela, antes de sair e trancar a porta por fora enquanto Ruby permanecia de braços cruzados e encostada na parede perto da baia da égua.

As amigas se entreolharam e um sorriso espontâneo tomou os lábios de ambas, embora cada uma tivesse seu próprio motivo particular para estar achando alguma coisa secretamente engraçada.

— Fez bem em seguir para o seu alojamento, porque do jeito que eu desmaiei ontem na cama, certamente acordaria bem mal humorada, se você decidisse me acordar com batidas insistentes na porta às três da manhã.

O sorriso de Ruby alargou:

— É, você sabe que, apesar de eu me comportar como uma sem noção às vezes, sei quando estou sendo inconveniente. — a morena retrucou com expressão divertida.

Quase no mesmo instante, Regina entrou no estábulo montada em Rocinante. Ela se aproximou das outras duas mulheres e desceu da sela num movimento elegante, pegando nas rédeas e levando o cavalo para perto da baia ao lado da de Estrela.

Ruby se virou, e encarou a patroa que olhava para as funcionárias com a mesma expressão de megera de sempre.

— Srta. Swan. Srta. Lucas — a mais velha as tratou pelos sobrenomes como sempre fazia, antes de emendar com voz ácida: — Vocês sabem que não são pagas para ficarem de conversa fiada durante o horário de trabalho, não é?

— Sinto muito, patroa Mills — Emma depressa falou, obediente — Mas apenas dizia a Ru-, a Srta. Lucas — ela logo se corrigiu — que Estrela está terminando de se alimentar e precisa de pelo menos três horas de descanso, antes de ser levada para a próxima atividade na pista de areia.

Com a postura altiva, Regina assentiu, acenando levemente com a cabeça, antes de guiar Rocinante para dentro da baia enquanto Ruby olhava de uma para a outra, achando toda a cena muito divertida, porém se controlando para não rir.

"É sério isso?", a alpha de mechas vermelhas estava estupefata. "Elas acabaram de me usar para começar um tipo de fantasia? E como eu nunca percebi essa tensão entre as duas antes?", se censurou em silêncio.

— Certo, Emma. Depois das quatro, passo aqui e levo a Estrela para o treinamento na pista de areia. — Ruby disse muito seriamente, entrando na "brincadeira", afinal se essas duas tinham algum fetiche em ficar fingindo na frente dos outros enquanto mantinham um caso secreto e fogoso (ela mesma pode comprovar isso na noite anterior), distante dos olhos alheios, não seria a alpha morena quem iria cortar o barato das duas.

Em seguida, Ruby se despediu, deixando apenas Emma e Regina no estábulo, enquanto os funcionários já terminavam seus afazeres na primeira parte do dia e se dirigiam para o galpão, onde todos se reuniam para almoçar.

Depois que a morena de mechas vermelhas foi embora, Emma e Regina logo encontraram uma baia vazia e se trancaram dentro. A ômega continuava dolorida das atividades feitas na noite anterior, mas sua calcinha rapidamente umedeceu, colando na entreperna, no instante em que ela destratou Emma na frente de Ruby, agindo como a patroa amarga e megera para não levantar as suspeitas da outra alpha.

Implicitamente, as duas decidiram que seguiriam assim, mantendo o caso delas escondido dos demais. Tudo era novo e nenhuma queria se precipitar, muito menos forçar a outra a assumir uma relação ainda tão recente. Além disso, o segredo também ajudava a deixar tudo mais quente, elas não podiam negar.

Assim, enquanto a patroa apoiava-se na madeira, agarrada em uma das tábuas da estrutura da baia e mordendo o lábio com força à medida que a empregada bruta a penetrava por trás, segurando com firmeza na cintura da ômega e metendo fundo do jeito que as duas gostavam, nenhuma delas podia imaginar que os dias de sigilo estavam contados.