Capítulo 1

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  Mais uma noite chega para Min Jae, um famoso chef cinco estrelas de Seul.

O homem acabou de sair de seu restaurante e está andando pelo centro com a face mal humorada de sempre, em passos curtos, reclamando mentalmente de si mesmo e de seu estado atual, mesmo que não tenha realmente culpa pelo que lhe aconteceu.

O homem sempre foi apaixonado por culinária, especialmente pratos estrangeiros, o que o levou a estudar na Itália, por 3 anos, na Inglaterra por 1 e na França por 4. Dedicou totalmente sua vida ao desenvolvimento de pratos e receitas inigualáveis, aproveitando de seu dom e perseverança. Começou aos 8 anos, ajudando a mãe com comidas para a igreja e desde então nunca pensou em fazer outra coisa, muito menos desistir. Não até 2020, o fatídico ano, que como ele mesmo diz, destruiu sua vida e suas esperanças, sua inteira felicidade.

Com a vinda do covid muitos sofreram com a perda de entes queridos, mas para um órfão solteiro de 38 anos isso não era um problema, não até ele mesmo contrair o vírus, e, com isso, perder as duas coisas mais importantes para si: seu olfato e paladar. Consequentemente, fazer comidas se tornou torturante para si, não podendo nem ao menos saber se a quantidade de sal está correta, muito menos se o cheiro chama atenção ou se o gosto está minimamente apropriado.

Com o passar dos anos seus sentidos voltaram minimamente, mas não o suficiente para que comer fosse agradável. Devido a isso o homem desenvolveu uma depressão e melancolia avassaladoras, deixando de cozinhar e muitas vezes de comer. Pensou até mesmo em fechar seu restaurante, mas como sua renda vinha do mesmo e nunca foi bom em mais nada além disso, já que se concentrou em ser o melhor, a opção mais confortável foi deixar seu amigo e também chef, no comando da cozinha, assumindo o financeiro, parte que sempre detestou.

Não vai até o restaurante com frequência, já que isso lhe deixa ainda mais desanimado, mas quando isso se faz necessário, a volta pra casa sempre se torna torturante, principalmente por ainda evitar usar seu carro, considerando que seu apartamento fica a poucas quadras dali. Agora os 15 minutos parecem se tornar uma longa e estressante hora.

Min Jae, como sempre, está desatento ao mundo a sua volta e as pessoas, o que o faz tropeçar em algo, o trazendo de volta a realidade, imediatamente escutando os gritos de um homem, não muito mais velho que si.

- Nunca mais quero ver você aqui! Suma da minha frente e esqueça que um dia fui seu pai! E pegue suas coisas, pare de incomodar os outros!

- O incômodo é você gritando... - Jae disse por impulso.

- O que disse?! - O homem se virou ainda mais irritado para ele.

- Você está em uma área pública, não dentro de sua casa, então pare de gritar, é incômodo.

- Porque apenas não segue sua vida?

- Certo.

Antes que o homem gritasse mais alguma coisa, o moreno voltou o caminho para sua casa.

No fim do quarteirão, olhou para trás e viu a silhueta de um jovem, pegando as coisas no chão. Estava tão desinteressado na vida alheia que nem se deu ao trabalho de olhar com quem o homem estava falando. No breve instante que observou o garoto, pôde ver todos os seus machucados, lembrando-se de seu pai abusivo, que felizmente, para si, morreu quando ele tinha 12 anos. Por um momento teve empatia pelo garoto. Então entrou em seu prédio.

Já em seu apartamento, colocou sua pasta no escritório e foi imediatamente ao banheiro, na esperança de relaxar. Poucos minutos depois estava vestido e pronto para dormir, então, foi até a varanda fumar, como é de costume. Mesmo que não possa sentir cheiros, ainda presa por higiene pessoal e boas maneiras, mesmo sendo em sua própria casa.

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