-☆Chapter Two☆-

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••————— <☆Agora…???!?>



O silêncio me acompanha no castelo. É quase agonizante a maneira na qual tudo está tranquilo, é irritante a falta de algo para fazer. Preciso manter minha mente em constante alerta e entretida com algo para não me afundar em meu próprio ser.

Minhas mãos tremem, coçam, me irritam. Olho para ambas, vendo-as cheias de um líquido de cor vermelho carmesim. Ele escorre por meus dedos como água, embora tenha uma textura um pouco mais sólida.

Dou alguns passos em falso para trás. Que porra é essa?! Respiro fundo em uma tentativa falha de manter minha consciência sã e pensante a todo instante. Seja o que for, eu não me deixarei ser vencido.

Bato minhas costas em algo, uma superfície plano colocada lateralmente. As mãos encontram-se nessa superfície gelada involuntariamente, meus olhos ardem incessantemente. Sinto meu corpo todo tremer, um arrepio percorrer toda minha espinha e um suor frio escorrer por minha testa.

Respiro com dificuldade, os pulmões parecem pesar quilos. Viro o copo me deparando com um grande espelho, marcado pelas minhas mãos sujas, imundas, nojentas.

O reflexo parece encarar o fundo da minha alma com um sorriso que claramente não estou esboçando. Ele se parece comigo, usando um macacão laranja e os cabelos um pouco mais bagunçados e mais curtos, sem a minha mecha branca.

Não sou mais esse homem. Não sou…eu não sou. O corpo pesa, uma risada estranha ecoa em minha cabeça que começa a girar.

—"Oh CeLLbit…porque continua a me negar?"

Uma voz parecida com a minha volta a ecoar pelo ambiente, seria idêntica à minha caso não fosse um pouco mais aguda, mais trêmula e distorcida.

O reflexo no espelho se movimenta completamente diferente do meu corpo. Seus braços cruzam-se sob o peito. Seu sorriso horrível e um pouco distorcido continua a me aterrorizar. Afasto meu corpo do espelho, minha respiração pesada e curta. O pânico toma completamente meu corpo que agora quer apenas se retrair e se apertar em um casulo.

Levo minhas mãos no meu rosto, sujando de sangue…não, sujando com o líquido. Meus lábios se retraem, se apertam em busca de algum conforto prévio e instantâneo. 

Eu não sou mais o Cell. Eu não sou.

Seu sorriso se tornou mais largo, seu macacão inteiro manchado do mesmo líquido em minhas mãos.

—"Você sabe que não vai conseguir enganar a si mesmo por muito tempo…apenas, aceite, sua resistência é realmente admirável e extremamente irritante."

—"NÃO! Eu não sou mais assim."—Minha voz sai desregulada, o tom completamente fora de meu controle.

—"Não?"—Questiona ele com ironia.—"E o Abueloier? Hum?"

Fiquei quieto, o que o deixou ainda mais animado e feliz. Minhas mãos tremem, descendo de meu rosto e indo até o pescoço. Mal consigo respirar…

—"Admita, você gostou de vê-lo no chão…sangrando…morrendo aos seus pés! E, nossa, como foi prazeroso cada segundo..."

—"Não é verdade."—Digo, negando aceitar aquilo. Não era verdade, não podia ser.

—"Negue o quanto quiser, a verdade sempre vem à tona."

Seus dedos tocaram, pressionaram contra o vidro que, em poucos instantes, se partiu e abriu uma pequena fenda. Sua mão distorcida e suja, machucada com o mesmo líquido de minhas mãos, se aproxima do meu rosto. Tento afastar meu corpo, meu rosto, embora me sinta congelado e com movimentos limitados.

𝐿𝐸𝒯 𝒯𝐻𝐸 𝒞𝐻𝒜𝒪𝒮 𝐵𝐸𝒢𝐼𝒩-Chaosduo.Onde histórias criam vida. Descubra agora