Faces da Lua
Não posso esquecer-me de como as águas do mar, tão azuis e profundas, me fazem lembrar do meu passado. Na verdade, eu não me importo muito com ele também. Por assim dizer, talvez a minha indignação seja comigo mesma, por confiar em sereias e, até mesmo, por um tempo duradouro, passei a ter um relacionamento com o tal Homem da Lua.
Ele chegou de repente, assim como costumava fazer às madrugadas. Eu o deixei entrar na minha vida, precisamente, abrindo o cômodo mais importante do meu ser, e ainda sim, ele fez exigências cruéis e egoístas, os quais eu não questionei, e nem mesmo questionei a mim mesma, se isso era realmente necessário, já que o Homem da Lua vinha só as noites e me abandonava durante os dias, e as tardes, ele se recusava dar sinais de vida, porque imaginava que o Sol lhe roubaria toda atenção por parte da Via Láctea, pois todos viam aquilo como uma espécie de pacto Lunar, e isso custaria todas as suas amigas estrelas e outros planetas vizinhos. O Homem da Lua não queria ficar sozinho, para isso, eu tive que aceitar ter que ficar em segundo plano. Não era ruim... bem, pelo menos eu me obriguei aceitar suas escolhas e atitudes quanto a nossa convivência de migalhas.
Aconteceu, que nos afastamos. Sinceramente, eu esperava mais de um Satélite Natural. Pensei que fossem incríveis e românticos como costumam apelidar por aí a fora. Porém, não posso negar em nenhum momento que não fiquei afogada em sua lábia, que inundou os meus pensamentos de palavras bonitas e carinhosas igual a uma avalanche, a qual a falta de amor falava mais alto dentro de mim.
Certamente, eu me enganei sobre ele. E, talvez eu possa estar errada, mas eu não quero dar de cara com ele novamente. Eu bem que deveria ter parado para pensar em suas faces, porque o Homem da Lua nunca demonstrou de fato quem ele realmente era. Sim, aquele satélite me pegou desprevenida, tão desprovida quanto eu gostaria que fosse verdade.
Amarga e sensível a luz do luar, é... é assim que eu tenho achado graça do meu passado conturbado.
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Aos olhos de uma (não) poetisa
PoesiaDescubra por si mesmo, a verdadeira essência de existir. Não apenas sinta o vento, mas, aprenda a viver igual a ele, e deixe de ser uma pessoa insignificante por meros segundos de leitura.