Rosa Dourada ( Animais fantásticos )

Irmãs Goldstein

P.O.V

TINA GOLDSTEIN

Lembro-me como se fosse a alguns dias atrás, o pior ano da minha vida. Eu era apenas uma criança, faltava pouco para entrar na fase da adolescência. Um certo dia, meus pais viajaram para outra cidade, só por algumas horas. Queenie e eu nem notamos, estávamos na escola, ilvermorny.

Mal sabíamos que nossos pais tinham pegado uma terrível doença daquela época, a varíola do dragão. Vi com meus próprios olhos, mesmo que minha mãe tentasse esconder, o quanto eles ficaram debilitados.

A doença não tinha cura, e era extremamente contagiosa. Meus pais se trancaram no quarto, e fizeram feitiços de proteção, não para proteger aquele ambiente... Para proteger suas filhas de pegar a doença.

Eles ficaram dentro daquela bolha horrível por meses. Era difícil não ter contato com os próprios pais.

Ainda podíamos ouvir a voz da mamãe, mesmo que baixa. Ela fazia feitiços com a varinha para cozinhar do quarto, sendo guiada por Queenie. Deve ser por isso que minha irmã gosta tanto de cozinhar, era um momento delas.

Meu pai foi mais afetado, e quase não ouvíamos sua voz. Às vezes ele parecia mais forte, e cantava uma música baixinho. Nunca vou esquecer da voz dele.

Então, a doença os atingiu com uma força absurda. As olheiras deles se tornaram enormes, e a pele começou a esverdear cada dia mais.

Em um dia calmo e nublado, Queenie derrubou os pratos do café da manhã que fazia. Minha irmã bateu com os joelhos no chão, e começou um choro sofrido e profundo.

Respirei fundo, entendendo oque tinha acontecido. Me sentei ao lado dela, a abraçando e a loira se agarrou em mim, choramos juntas por muito tempo, até os médicos chegarem e tirarem meus pais do apartamento, já sem vida.

Queenie ouvia praticamente tudo, cada pensamento da mente deles. O quanto eles estavam desistindo aos poucos, sendo abatidos pelo cansaço... Sofrendo todos aqueles dias.

Ainda lembro da minha irmã soluçando, contando que ela sabia que eles tinham morrido, porque não conseguia mais ouvir nada, nem o coração deles.

Fomos parar em um orfanato. E claro, não consegui ficar muito tempo lá. Eram muitas crianças, muito sofrimento e pouco cuidado.

Decidi que cuidaria da minha irmã, que faria qualquer coisa para estar com ela.
Me meti nos piores trabalhos, me dediquei a escola, me tornei Auror. Queenie foi atrás também, tentou trabalhar em diversas lojas para trazer dinheiro para dentro de casa.

Gritei, briguei e enlouqueci com ela naquele tempo. Mesmo Queenie sendo apenas um ano mais nova, ela era menor, era magra e não se defendia, àquilo me irritava.

Perdi minha infância toda, cuidando de outra criança. Posso não ter sido a melhor irmã do mundo, mas eu tentei.

Ficamos tão próximas. Parecia que só existiria eu e ela, para sempre juntas.
A legilimencia dela, acabava complicando muitas coisas, mas também fortalecia nossa amizade e irmandade, embora eu nunca tenha admitido isso.

Quando a vi caminhando em direção as chamas, em Paris, sendo consumida pelo azul daquelas labaredas, sabia que tinha perdido minha irmã, assim como perdi meus pais.

Eu ainda tinha uma certa esperança, que ela acordasse algum dia e percebesse que Grindelwald a estava manipulando. Mas se passou uma semana, quinze dias e depois um mês completo e nada. Ela não voltou, não se arrependeu, não mandou uma carta.

Uma lei proibia ela de se casar com Jacob, não queria ver minha irmã presa ou coisa do tipo, é claro que não concordei. Achei que era por isso que ela estava com Grindelwald, egoísmo e orgulho.