Tudo Por Você.

Mudanças

Como isso começou nem eu sei explicar, só sei que em um dia eu me vi completamente apaixonada por uma pessoa que nem sequer imaginava que eu poderia existir.
Tentei de todas as formas superar ele, mas nada adiantava e isso me consumiu a um ponto absurdo. Estava indo mal nas aulas da faculdade, não dormia e chorava todos os dias. Tudo por causa dele.

Não sei que tipo de problema psicológico eu desenvolvi, mas com certeza não arriscaria ser internada para descobrir.

Estava fazendo faculdade de artes na universidade federal da minha cidade, sempre fui acima da média em tudo o que faço. Talvez a inteligência da minha mente tenha feito com que meu psicológico se tornasse fraco demais, mas pelo menos eu sabia que seria capaz de tudo, inclusive de chegar até ele.

Faz um ano desde que comecei a planejar tudo, aprendi a rimar, frequentei algumas batalhas raras na minha cidade, ganhei algumas, perdi outras, mas fui me desenvolvendo aos poucos. Mas essa não foi a única coisa que fiz.

Como eu morava no interior do Rio de Janeiro e não poderia largar a faculdade, consegui uma transferência para a faculdade pública de artes de São Paulo. Mesmo sendo um pouco longe de Guarulhos — a cidade que ele mora —, conseguiria fazer um esforço. Daria uma hora mais ou menos  de trajeto para a faculdade. Eu estava no terceiro período, então não tinha aula todos os dias.

Consegui arrumar um lugar para ficar graças a minha amiga que morava por lá e a mãe dela que trabalhava em uma corretora de imóveis. O bairro não era muito seguro, mas era barato e já era alguma coisa. Tudo o que eu precisava.

Economizei um bom dinheiro durante os últimos anos, de modo que eu não precisaria correr para encontrar um emprego, principalmente se ganhasse alguns trocados nas batalhas.

Hoje vai ser minha primeira noite no meu apartamento novo, que ainda está meio bagunçado, cheio de caixas, mas pelo menos consegui que a cama chegasse a tempo.
Ajeitei o máximo que pude e fui dormir cedo, pois amanhã andaria um pouco pela cidade e a noite eu iria para uma batalha em que o Brennuz postou nos Storys dando a entender que iria.

Essa noite foi difícil dormir, a ansiedade constante revirou o meu estômago a noite inteira, me deixando inquieta.
Acordei com a claridade passando pelas janelas. Merda de cortina que eu ainda não havia comprado.

Levantei rapidamente, embora estivesse cansada. Coloquei uma jardineira jeans, uma meia arrastão, um top preto e uns acessórios. Não queria me arrumar muito, ja que só iria fazer umas compras e andar pela cidade, mas também não queria parecer feia, já que poderia encontrar ele pela rua por acaso. Afinal, estavamos na mesma cidade e por mais idiota que pareça, eu ainda tinha esperanças de conseguir esbarrar nele como em um passe de mágicas.

Fiz tudo o que tinha para fazer na rua e voltei para casa levemente frustrada. Tinha conseguido tudo o que precisava da casa, mas não havia encontrado ele ainda.

Passei o dia ajeitando as coisas e duas horas antes da batalha já comecei a me arrumar. Fiz uma maquiagem leve, mas com um delineado que não podia faltar. Deixei meus cabelos ruivos e cacheados soltos, já que era uma característica que eu amava em mim mesma e que, com certeza chamava bastante atenção.
Coloquei um cropped com uma caveira na frente, um bracelete bem "do rock" e uma calça cargo preta.

Peguei um ônibus para chegar até lá morta de medo de errar o caminho, mas confiei no Google maps.
Cheguei lá cedo até, coloquei o meu nome na lista e confiei no destino, mesmo que um pouco manipulado por mim.

Quando o lugar começou a lotar, eu ja me antecipei em ficar próxima da grade, para que ele pudesse me ver e quem sabe me notar um pouco. Mas ainda não havia visto ele lá.
Chegou muita gente ao mesmo tempo e logo o lugar lotou, aí mesmo que eu não conseguia ver ele em lugar nenhum.

Alguns Mc's rimaram até que meu nome foi chamado. E advinha com quem eu caí? Justamente com o Jotapê. Não podia dar menos sorte, o cara é bem acima do meu nível.

Entrei na roda com as mãos suando e as bochechas rosadas de nervosismo. O apresentador perguntou meu nome e respondi, mas ao invés de "Anne" ele me apresentou como Anny, com um enfoque bem grande no "y". Nessas horas eu entendo bem a Anne de Green Gables.

O beat começou a tocar e o Jota iria atacar primeiro. E como o esperado ele atacou bem pra caralho, mas consegui levar bem.
Ele ganhou o primeiro round, então fomos para o segundo. Eu não podia perder de lavada, precisava chamar atenção, até que finalmente avistei ele no meio da multidão. Aquilo foi o suficiente e consegui virar ganhando o segundo round.

A batalha terminou com o Jotape ganhando o terceiro round. Dei os parabéns a ele e saímos conversando da roda.

— Cara, você foi muito bem, mas nunca te vi nas batalhas antes. — ele disse enquanto nos ajeitavamos entre a multidão esperando a próxima batalha.

— Ah, é que rimo faz só um ano e só participei de batalhas pequenas até hoje. Foi muita sorte eu conseguir ganhar o segundo round de você, pra falar a verdade. — sorri meio sem jeito.

— Caralho, um ano rimando só? Você tá indo muito bem, ruivinha. — elogiou.

Antes que eu pudesse agradecer ele se virou para trás pra falar com alguém.

Quando eu vi ele a apenas um metro de distância, meu coração começou a bater tão forte que achei que fosse sair pela garganta.

— Eai. — Brennuz disse virando-se pra mim. — Você foi muito bem, parabéns. Não é fácil batalhar contra esse cara aqui. — brincou colocando seu braço em volta de Jotapê.

Por uns breves segundos eu travei. Isso estava mesmo acontecendo.
Respirei fundo e respondi:

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Notas do autor:

Eai gente. Não tenho muita prática em escrever esse tipo de história, principalmente no Wattpad, mas to tentando. Qualquer erro me apontem por favor e estou aberta a críticas e sugestões, sejam livres aqui.

Espero que gostem, bejus♡