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Remus se lembra exatamente de cada segundo da primeira vez que encontrou aqueles olhos profundos.

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Cinco de abril 2001

Lupin estava certo de que não tinha mais opções, seu aluguel ficava cada vez mais apertado e ele estava a um passo de ser despachado. Havia espalhado currículos por toda cidade de Londres em busca de pelo menos um trabalho de meio período, mas nada.

Faziam meses que ele vivia de café e macarrão instantâneo, só os deuses sabem o que ele faria por um pedaço singelo de bife, ou por pelo menos algo que o deixe nutrido para se sustentar no dia.

Na noite quando foi despachado de seu apartamento com diversas caixas com suas coisas em mãos e um cigarro entre seus lábios ele se decidiu a desistir. Desistir da vida, desistir do pouco que ele ainda tem. Faziam anos que não via seu pai que provavelmente nem sentia sua falta, anos que não tinha força para manter relacionamentos duradouros.

Anos sem se sentir verdadeiramente feliz.

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Seis de abril 2001

Na manhã seguinte desse ocorrido Remus acordou com seu corpo extremamente dolorido, ele percebeu que mais uma vez havia bebido para esquecer seus problemas, dessa vez por não ter onde ficar ele acabou jogado em um beco escuro, suas coisas que antes estavam dentro das caixas de mudança agora se encontravam espalhadas pelo chão sujo, a garrafa vazia de whisky próxima de sua mão direita.

Ele se pergunta como caralhos conseguiu sobreviver essa noite, considerando o quão perigoso esse bairro é, ele já era para estar morto e seus órgãos sendo vendidos em potinhos de vidro.

Mas então ele repara em um cheiro, um cheiro de cigarro. Marlboro, especificamente, é forte e vem do próprio beco. Quando ele finalmente se vira seus olhos encontram os de um homem de olhar afiado com um sorriso arrogante em seu rosto. Ele trajava uma jaqueta de couro bem acabada, mas na opinião sincera de Remus isso só deixava roupas mais legais, o desgaste delas. Seus cabelos eram longos e escuros, era de se admitir que o homem era tão bonito quanto uma pintura antiga.

- Não vai me agradecer loirinho? -

A voz era baixa e tinha um toque ácido de sarcasmo, porra ele era atraente, atraente pra caralho na verdade.

Lupin não precisou pensar muito para perceber que aquele homem quem havia o "protegido" de madrugada, ele apenas não entendia o por que do ato tão caridoso.

- Hm... Obrigado? - ele diz ainda confuso com a situação e observa o homem jogar o resto do cigarro no chão, pisando nele com sua bota preta desgastada asssim como sua jaqueta.

O moreno se aproxima um pouco e oferece uma das mãos para ajudar o outro a se levantar. Lupin pisca percebendo e então aceita a ajuda, agarrando a mão dele. Ele percebe de imediato os tantos anéis naqueles dedos, e não que o loiro tenha reparado, mas Deus que dedos em.
A mão dele era macia, firme e com dedos longos e delicados.

Ele tinha até mãos atraentes, que tipo de garoto era aquele?

- Bom te ver Lupin. - Remus piscou surpreso arregalando um pouco seus olhos, ele não esperava mesmo que seu sobrenome ficasse tão bonito saindo dos lábios de alguém, mas como? Da onde esse homem o conhecia?

- Como você... -

E antes que pudesse ter qualquer resposta ele foi interrompido por uma sirene alta de polícia, haviam barulhos na rua que indicavam tiros. Por instinto ele se abaixou instantaneamente, a violência era normal e diária naquela rua mas nunca ocorria confrontos realmente pesados como este parecia ser.

the touch of an enemy - wolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora