Com 20 anos

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Eu sempre fui adepta de grandes histórias de amor.
Aquelas em que o conde de apaixona pela camponesa, que o vilão só sorri para a heroína, ou então aquelas em que nem a morte os separa.

Mas eu cresci.

Meu primeiro beijo não me fez levantar o pé ou sentir borboletas no estômago.
Meu primeiro apaixonar não foi nem deslumbrante nem devastador.
Meu primeiro coração partido não me deixou lembranças.
Minha primeira vez não me conectou com meu amado ou comigo mesma.

Então pensei que talvez eu não fosse daquelas pessoas que tinham a sorte do principiante.

Mas meu segundo beijo foi mecânico. Percebi que preferia um abraço.
Meu segundo amor foi passageiro e superficial.
Meu segundo coração partido, na verdade, não foi o meu.
Minha segunda vez foi descompassada. Talvez eu não gostasse tanto assim de sexo.

Com 20 anos reli meus livros favoritos da adolescência, e ri de mim mesma por gostar de tamanha tolice.

Como acreditei que alguém pudesse me amar assim.
Alguém que sabe como eu acordo assustada com barulho e então me chama com calma antes que o despertador toque.
Alguém que segura minha mão no carro porque eu tenho vertigem e sabe que isso me ancora.
Alguém que massageia minha têmpora quando eu franzo as sobrancelhas porque minha enxaqueca voltou.
Alguém que deixa um pouco de comida pronta porque eu chego tarde e mal consigo me manter acordada pra cozinhar algo.
Alguém que manda foto de gatinhos que encontra pela rua porque eu sou extremamente apaixonada, mas alérgica.
Alguém que marca a página do livro que eu parei antes de adormecer com ele na mão.
Alguém que me conheça.
Alguém que me observe.
Alguém que me entenda.
Alguém que me ame.
Alguém.

Com 20 anos eu ri da menina de 15 que sonhava com um amor assim.

Com 20 anos também descobri que era mais feliz aos 15.

Tudo aquilo que não te disseOnde histórias criam vida. Descubra agora