(Jimin)
Eu estava ficando apavorado com o soluço de choro do Min Ho, e então, lembrei da música que eu não gosto, quando Jungkook canta no banho. A música é daqueles chicletes e que entoja na cabeça por um bom tempo, e quem diria, eu agora precisava dela. Comecei a cantar, ele ainda suspirou por mais uns minutos, e depois agarrado ainda na minha blusa, ele começou a ficar calmo.
Espero que ele se acalme antes de chegar no refrão, porque eu não sei, nunca deixei Jungkook chegar, porque eu simplesmente detesto essa música.
— Desculpe. — Ele pede, e eu ainda estou chocado.
Eu vi e li milhares de vezes sobre isso, o quão uma criança pode amadurecer por causa de um trauma, mas eu nunca tive um paciente assim, na verdade, não era a minha especialidade tratar crianças, Hoseok era o psicopedagogo, especialista e pediatra. Ele sempre fala sobre isso, e eu nunca tive contato nenhum com ele, apenas dava um parecer para tratar de bloqueios. Agora, o filho do meu marido, está aqui, no meu braço, me pedindo desculpas, por tentar tirar a própria vida. Ele só tem três anos, TRÊS ANOS de idade.
Crianças da idade dele, estão andando e correndo por aí, com o nariz escorrendo, pulando de sofás, e fazendo birras, algumas nem consegue formar uma frase completa, dependendo como os pais lidam com a educação, geralmente, as que demoram a falar, são mimadas, e tem o seu tempo, devagar, mas tem. Não julgo, até acho agradável uma criança de três anos falar de forma errada e fofa. Min ho, pensava, agia, e falava como uma criança de dez anos. A evolução em pular tantas etapas, me deixa preocupado. Não é fácil tratar esse tipo de mente.
— Não precisa se desculpar.
— Parece que o Jungkook ficou bravo.
— Ele ficou preocupado, é bem diferente de estar bravo. — Falei e ele abaixou ainda mais sua cabeça. Era a minha deixa, ele conseguiu abaixar a guarda. — Vamos falar da mamãe? Ou você não quer?
— Ela era boa mãe. — Falou — Mas estava diferente, teve uns caras que foram lá pra casa, ela me escondeu dentro do guarda roupa, estava muito, muito escuro, e eu abri um pouquinho, porquê tenho medo do escuro.
— Tudo bem. É normal sentir medo.
— Eles eram maus. — Ele disse com a voz embargada, afaguei suas costas, e cantarolei em resmungo a canção. — Bateram na mamãe, e tiraram a roupa dela, e deram uma coisa para ela cheirar, mas o homem era muito mau, porque ele bateu muito na mamãe.
Fechei meus olhos, respiro fundo, minhas lágrimas caem, e eu não o deixo ver. Como que o Hoseok consegue?? Meu Deus, ele viu o estupro e abuso de drogas da mãe, como esse menino passou por tudo isso sozinho? É provável que Eun nunca soube disso, e tratou o trauma dele como inteligência, não que ele não seja, mas a violência exposta a uma criança, gera saltos das etapas mais importantes da vida. Ele pode desenvolver introversão, negação em contato físico, ou dificuldade em relacionamentos, e principalmente vindo de homens, ou seja, ele ver Jungkook como uma figura paterna, vai ser difícil, já que ele teve o abandono logo ao nascer, e a mãe relatar isso.
— Você viu? — Pergunto, e ele assentiu.
— Eu não me cortei. A babá disse que o senhor viria, mas estava demorando, e a casa ficou escura, eu estava na cozinha bebendo água, as luzes se apagaram, eu fiquei com medo, gritei e chamei ajuda, mas não ouvi ninguém, o copo caiu, eu escorreguei, depois você estava ali. Fiquei quietinho antes de você chegar, pensei que a mamãe viria me buscar, foi assim que ela ficou quando eu entrei em casa.
— Está tudo bem, Min Ho.
— Eu não estou mentindo. Foi acidente, me desculpa. — Repasso os relatos dele em minha mente, eu revejo o corte, estava mesmo desalinhado, e geralmente crianças ficam com medo quando iniciam o corte, a não ser as que tem traços de sociopata. Min ho não tentou suicídio, meu alívio graças a Deus.
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Seet me free ( parte 2) Jikook
FanfictionBem, vindos a minha maravilhosa vida de casado, onde eu sou marido de um dos melhores médicos ( obrigada de nada ) a minha doce vida, tem sabor de felicidade, com alguns toques de ciúmes, e muita provocação. Após três anos do meu casamento e todas...