Sam levantou a cabeça e olhou assustado para a selva.
Quem está aí? - perguntou, gaguejando. - Venha aqui logo menino, eu acho que vi sua mãe. Não era você quem estava choramingando pela praia atrás dela? - disse a voz misteriosa. Você viu minha mãe? - sem pensar em nada, levantou-se e correu em direção à selva.
Penetrando na mata, não encontrava a garota que o tinha chamado, olhou para todos os lados, gritou por ela e não obteve resposta. Começou a desconfiar que estava ficando louco. Ele já tinha visto isso em filmes. Pessoas em lugares não muito habitáveis, como ilhas ou desertos, ficavam loucas e viam coisas das quais desejavam muito. "Mas por que não vejo a minha mãe então?", imaginou ele com os olhos arregalados ainda procurando a garota. Sentia tanto medo de estar entre aquelas árvores velhas engolidas por toda a escuridão da noite que se sentiu engolido também, algo próximo à claustrofobia, e nem o brilho da lua era visível dali.
Apesar do medo contínuo, ele não parou de penetrar na mata, queria muito encontrar a garota.
-Ei, eu estou aqui - disse ela enfim, se revelando com um sorriso no rosto. Ela não era muito maior do que ele, tinha alguns centímetros a mais. O cabelo dela era tão comprido e negro, a pele morena e seus olhos puxados eram vistos pelas curtas brechas que tinham em sua franja. Se você parar para analisar todo o cenário e as circunstâncias, sairia correndo de pavor porque a imagem era realmente fantasmagórica. Sam, por instantes, pensou estar diante de uma assombração que habitava a ilha.
Mas, apesar do enorme medo que sentiu cobrir seu corpo desde a ponta do dedão do pé até o fio de seu cabelo mais longo, ele não fugiu correndo. A beleza da garota era tão hipnótica que o deixou cravado ali diante dela. Ela não parecia ser real. O impacto de sua aparência no pequeno homem era maior do que o medo, e assim como o medo, a beleza dela também o cobriu. Sam não conseguia fazer mais nada a não ser ficar ali parado, contemplando.
Fale alguma coisa, você está me assustando. - disse ela. Q-qual é o seu nome? - perguntou Sam. - Eu me chamo Lisa. Na verdade, meu nome é Lisavieta, mas é um nome muito incomum, você não acha? - perguntou a Lisa, se aproximando de Sam com a mão estendida.
- Eu me chamo Sam e assim como o seu, eu também acho que o meu nome seja incomum - respondeu ele timidamente apertando a mão da garota. Essa, ao ouvir seu nome, deu um salto e disse: Meu Deus, eu te achei mesmo! Que sorte! Eu sei onde está sua mãe. Precisamos nos apressar. O único problema é que não encontrei água. Mas tudo bem, amanhã é um novo dia. Vamos logo até lá - disse Lisa, tomando a frente e mostrando o caminho. Sério?! -Sam ficou tão feliz que não sabia o que dizer. Agora tudo parecia um sonho para ele. É incrível como uma simples coisa pode mudar todo o cenário. Minutos antes, era tudo um pesadelo, e agora o contrário.-Sim, ela estava muito cansada, tinha alguns ferimentos, mas nada grave. - Lisa mentiu, não querendo acabar com o ânimo de Sam. - Agora vamos andando, ela está te esperando. - disse
-Tá bom. - disse Sam ansioso.
Embora não tenha visto sua mãe ainda, ver outra pessoa na ilha e ter contato físico como teve agora fez Sam entender que não estava ficando louco como os personagens de filmes que ele tinha visto. Lisa não era uma miragem, era real e bonita.
-Sabe, Lisa, muito obrigado por me ajudar.. - Relaxa, somos amigos agora, e isso significa que você me deve uma. Amanhã, quando tudo estiver resolvido, você vai procurar uvas doces para me servir uma a uma... ah, e se estiver muito calor, terá que me abanar haha - disse rindo. Sam sorriu, gostando do bom humor de sua nova amiga. - Então eu te ajudo a encontrar água depois com a minha mãe - falou Sam animado em saber que fez uma amiga e que sua mãe está viva. Tudo parecia estar dando certo para ele até agora.
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Na Ilha
FantasyEm algum lugar do oceano Índico, uma ilha remota e extremamente isolada de todo o caos da civilização moderna, algumas pessoas encontram-se confinadas após um naufrágio.