Quinto capítulo

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DOMINGO

- Ei garoto, vem aqui me ajudar - disse uma voz rouca e grave de um homem velho de cabelos castanhos com mechas de fios brancos. Sua perna estava muito ferida, sua tibila da perna esquerda estava quebrada com um pedaço perfurando a carne, achando caminho pra fora.

- Eiii, garotooo, acordaa!! - gritou. Estava deitado próximo a água com a mão na perna esquerda, ele olhava a perna com muita frequência, a coisa estava feia. O garoto era sua única chance de ajuda, tinha medo que algum animal surgisse e malfadasse tudo. - Maldito moleque, acordaa!! - gritou mais uma vez

Parece que sua persistência surgiu efeito, o menino moveu a cabeça ainda com os olhos fechados. Gemeu e levou as mãos a coluna se contorcendo como se estivesse acabado de levar um golpe na coluna.

- onde estou ? - perguntou mas não esperando resposta alguma, estava a falar sozinho para sí mesmo.

Sem notar a presença do velho moribundo. Este então, responde ao jovem.

- Está tudo bem rapaz. Por algum milagre sobrevivemos ao Oceano, agora precisamos sobreviver a está ilha. Eu me feri, de alguma forma quebrei minha perna, e como dói. Dói muito garoto. Você tem sorte de estar inteiro. Agora levanta e me tira daqui, não consigo se mover sozinho.

O menino olhou assustado e o viu.
Parecia aliviado por não estar sozinho. Ele se levantou devagar e foi até o velho, o levantou e este gritava de dor ao ser erguido. O apoiou no ombro esquerdo e parou, por indecisão. Não sabia para onde ir ou o que fazer, esperava as ordens do homem.

- como se chama garoto ? - Charlie.. - respondeu.
- eu me chamo Jhonn, comandante Jhonn.
- você é o capitão??
- Exatamente, e nem me pergunte o que aconteceu que eu não me lembro de nada, a única coisa que me recordo, é da tempestade que se iniciou e depois tudo ficou branco... E então a droga do Tim Buckley cantava, me olhando, diretamente nos olhos. Eu só posso estar morrendo, não é possível - O comandante disse tudo isso como se estivesse a falar com sigo próprio.
- Aah, capitão, eu conheço ele

O comandante pensou, intrigadíssimo "Gostaria muito de saber o motivo desse cabeça de ameba me chamar de capitão, será que ele não entendeu o que eu disse?" Mas decidiu que era melhor aceitar e não investir energia nisso.

- Você, conhece o Tim Buckley? Impossível criança, ele morreu a muito tempo.
-Não capitão, eu conheço a música...
-Por favor não cante.
- Tudo bem. Capitão, o que devemos fazer?
- vamos até as árvores, esse sol está muito quente

Os dois na medida do possível seguiram em frente.

- Sabe capitão, que horas deve ser agora, Sabe dizer olhando pela posição do Sol ?

Virando a cabeça para o céu, de olhos serrados, Charlie chega a conclusão que são 12:00

- me parece 12:00, o que o senhor acha ?
- eu acho que você é um idiota. Não fique olhando para o Sol rapaz. Eu tenho um relógio de bolso.
- e onde está capitão?
- no meu bolso garoto! Está neste bolso da calça, isso esse do lado direito.
- ah, okay - disse Charlie pegando o relógio e visando as horas.
- e então rapaz, que horas são? - está meio.. meio embaçado mas parece ser 12:40. Sei lá.
- Bom, guarde isso com você já que gosta de saber as horas.
- valeu capitão.

Os dois levaram um tempinho para chegar a selva, Charlie, é pequeno e o velho apesar de ser esguio, é alto também, e pesava muito para o menino.

- enfim protegidos do Sol - disse o velho sentado, repousado na árvore. - Será que tem mais por aí? - perguntou Charlie
- se está perguntando se tem mais de nós vivos, eu acho bem difícil, se quiser pode fazer uma exploração, mas não se afaste muito, eu estou ferido e preciso de você, e leve uma arma antes de partir
- arma? - perguntou o menino.
- não uma arma de fogo, cabeça de vento. Um pedaço de pau, pedras.. essas coisas. Não pode sair por aí feito o indiana jones, e ate mesmo o indiana jones anda armado.
- mas porque devo me armar?
- pode ter animas selvagens aqui.. e falando nisso você só vai sair de perto de mim se me arrumar uma vara, entendeu?
- Sim senhor capitão - disse rígido com as mãos nas laterais da coxa fazendo assim o famoso "sentido" militar.

O comandante olhou aquilo e não soube bem o que dizer a não ser perguntar se o pequeno jovem havia bebido muita água suja do mar.

- como assim ?
- eu sou o Comandante. E não um capitão militar rapaz. Isso que você fez, não fez o menor sentido!
- haha desculpe - gargalhou Charlie com uma das mãos na nuca

O pequeno Charlie olhou em volta, uma terra misteriosa com diamantes, ouro, e suas florestas tropicais fantásticas. Os animais jamais vistos em quais quer canto do mundo... Talvez dragões e unicórnios vivam aqui, Fadas, porque não. Suas plantas exóticas e belas, e indígenas, é quem sabe indígenas, viviam ali também. Assim era como Charlie imaginava aquela ilha, muito entusiasmado para explorar tudo.
Respirou fundo e sorriu.. parece que este tem uma ligação com a ilha.

- vou fazer o que me pediu, capitão. - disse Charlie procurando galhos grossos para usar como arma.
- ali garoto, acho que aqueles servem, olhe..
- acho que sim - disse Charlie subindo na árvore e se pendurando no galho. Fazia pressão para baixo até que o galho quebrasse e o mesmo fez depois.

- aqui está capitão, eu já volto, não vou muito longe. - e é bom mesmo - disse o capitão com autoridade.

Charlie caminhou pela floresta, usando o galho como cajado. Assobiava, olhando para as árvores enormes, parecia querer falar com os pássaros. Em um certo ponto da exploração, Charlie ouviu um barulho constante, lembrava o som do mar. Vinha do lado norte da ilha, e pra lá ele foi, destemido. Não demorou muito para que ele encontrasse uma cachoeira. "Incrível" ele pensou. Sua água era tão cristalina que ele via tudo que se tinha lá no fundo. Desde pedras, musgo e pequenos peixinhos coloridos.

-Haha meu Deus, eu preciso voltar e buscar o capitão. Mas antes eu vou dar um tibum. - Charlie saltou na água de cabeça, mergulhou, durante essa ação bebeu a água. Emergia e mergulhava novamente repetidas vezes. Iniciou a canção que o comandante o impediu de cantar

"Sometimes I think about Saturday's child
And all about the times when we were running wild
I've been a-searchin' for the dolphins in the sea
Ah, but sometimes I wonder, do you ever think of me
This old world will never change the way it's been
And all our ways of war can't change it back again
I've been a-searchin' for the dolphin in the sea
Ah, but sometimes I wonder, do you ever think of me
Lord, I'm not the one to tell this old world how to get
along
I only know that peace will come when all our hate is gone..."

- ta legal, tenho que buscar o capitão. Ele deve estar com muita sede. - disse Charlie, batendo os braços até a beira da cachoeira, pegou seu Cajado e correu até o capitão.

- capitão, você não vai acreditar.. - disse Charlie sem fôlego e extremamente feliz. - porque diabos você está molha.. - antes que o garoto respondesse e antes mesmo de terminar de falar o comandante se deu conta de que o pequeno havia encontrado água. - me diz que é água doce, rapaz ?? - perguntou com os olhos arregalados e batendo com o cajado no chão. - sim senhor capitão, é doce, até me banhei, vem vamos temos que ir - disse o rapaz.
- bendito seja garoto, bendito seja haha, me ajude a levantar vem. - disse o comandante sorrindo de felicidade.
- sim senhor, mas capitão espere um pouco. - rasgou um pedaço da manga de sua blusa e cobriu o ferimento do comandante Jhonn. - cuidado garoto, isso dói demais.

Os dois caminharam juntos, Charlie ajudou o comandante a se apoiar, e foram felizes da vida até a cachoeira, e dessa vez caminharam com mais disposição que antes. Quanto entusiasmo havia ali entre eles, neles. Dizem que quando o espirito de Deus nos habita, sentimos isso... O entusiasmo constante.

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