All my Love - Senkuu Ishigami

[ 07 ] - Sozinha

Por Aiko

Ainda consigo me lembrar do dia em que conheci, Senku.

Ele estava sentado no balanço do parque do nosso bairro, enquanto encarava a lua. Parecia encantado com a sua imensidão, era lua cheia e ela estava enorme na escuridão do céu.

Eu tinha o rosto com leves arranhões, obviamente mostrando ser uma garotinha da "pesada". Me sentei no balanço ao lado do menino, comecei a observar a lua e tentar entender o porque ele estava tão impressionado com uma bola cinza no céu.

- O que houve com seu rosto? - tinha acabado de perceber a minha presença

- Eu briguei com uns moleques da minha escola e acabou resultando nisso - ele parecia curioso sobre tal atitude - Eles faziam brincadeiras de mal gosto comigo...

- Bullying? Eu entendo como é - voltou a encarar a enorme bola - As vezes acontece comigo por conta de gostar bastante de ciências, sempre quebrando meus projetos e invenções. Tenho um amigo que tenta me ajudar, só que ele nem sempre está por perto

- O que será que passa na cabeça dessas pessoas? - me virei para o albino - Crianças desde pequenas querendo se mostrar melhores que as outras, sofro "bullinqui", não sei falar esse nome estranho que você disse - ele deu risada - Eu sou brasileira, nasci no Brasil e me mudei para cá com 8 anos de idade, não conheci meu pai e minha mãe só vive trabalhando. Passo maior parte do meu tempo sozinha

- Podemos fazer um acordo - se levantou e parou na minha frente - Você me ajuda com meus projetos e eu não te deixo sozinha

- Promete?

- Sim!

- De dedinho mindinho? - levanto meu dedinho pra ele e ele revisa os olhos

- De dedinho mindinho - apertou seu dedo com o meu

São só pequenas lembranças, mas que nesse momento me faz lembrar do quanto o Ishigami foi essencial para minha vida.

Sinto as lágrimas voltando a escorrer no meu rosto e se misturar com a chuva, passo a mão pelo seu cabelo de novo e observo o rapaz sem vida em meus braços.

Não lembro de quando isso começou, as provocações, a ser carinhoso comigo e cuidadoso. Não imagino o que teria sido de mim se não tivesse o conhecido, crescido com ele.

Eu sentia raiva, tristeza, um grande vazio em meu peito. Esse é o fim de tudo? O final do objetivo que o rapaz havia criado para si mesmo? Ele só tinha um desejo, atrás toda a humanidade de volta. Mas tudo foi por água baixo, por obsessão de Tsukasa.

Eu não me importo com qual seja seus planos. Os meus nesse momento não existem mais, acabou tudo.

Era o que eu pensava, até sentir um toque no lado esquerdo de meu rosto. A chuva tinha acabado e o sol apareceu como se não tivesse saído dali.

Olhei para seu rosto e vi um sorriso em sua face. Ele está feliz.

Taiju tinha percebido que Senku apareceu com uma mania que ele não tinha antes, de ficar estralando o pescoço muitas vezes. Vimos que ainda havia um pouco de petrificação e então despejamos o líquido ressuscitador.

Achei que aquilo não fosse da certo. Porém, ali estava o albino, sorrindo para mim como se nunca tivesse existido o momento que estava morto em meus braços.

- Achei que vocês não fossem perceber - se levantou e esboçou seu melhor sorriso - Já que não dei nenhuma dica além dos movimentos no pescoço. Fiquei impressionado

Taiju pulou e o abraçou como se não houvesse o amanhã, machucando a costa do seu amigo. Já a Yuzuriha não para de chorar de alívio. e eu. Bom. Continuei sentada no chão, eu não sabia como reagir.

Eu segurava ele morto, agora, ele está com vida e conversando.

Com certeza estou aliviada, mas também assustada.

Ele pegou em minha mão, me levando até um lugar pouco afastado dos nossos amigos. Em meu rosto as lágrimas haviam secadas, eu ainda estava tentando processar tudo que aconteceu. Isso tudo é estranho pra mim.

- Preciso que vocês vá até Tsukasa.

Soltei sua mão e o olhei confusa.

- O que? Eu não vou te deixar sozinho, Senku.

- Aiko...

Escuto a voz arrastada do Taiju e sinto a Yuzuriha me olhando com uma cara de pena.

- Fala sério.

Saio do local onde estávamos, ainda carregava minha mochila com minhas coisas dentro.

Talvez eu não entenda os motivos do Ishigami. Mas eu me recuso voltar até a pessoa que o matou sem sentir nenhum remorso.

Vou seguir sozinha e achar um jeito que acabar com Tsukasa, nem que eu tenha que matá-lo