⚠️Aviso de gatilho⚠️
Está história contém cenas de abuso sexual infantil, bullying e racismo, transtorno alimentar, incesto, alienação e abandono parental. Se você é sensível a esses temas, por favor, leia com cuidado ou evite esta história.Sim, eu sou uma solitária, e eu gosto assim
Eu gosto de um quarto escuro com ninguém além da dor
E eu não preciso de permissão para me sentir triste
E não precisa de nenhuma testemunha para me protegerLoner - Maggie Lindemann
Se paramos por um instante, perceberemos que em algum momento de nossas meras existências questionaremos nossas vidas, normalmente, isso decorre em eventos importantes, como datas comemorativas — ou aniversários. O quão saudável isso pode ser para uma criança?
Comecei a questionar as peripécias da minha vida cedo demais, indagar sobre todos os eventos que passei, já que sempre fui muito questionadora. Será por isso que me julgam tão complexa ou será que já nasci assim? Penso que nunca terei a resposta para essa pergunta, todavia, as implicações que me levaram a ter este tipo de raciocínio, tão ilógico para uma criança, podem ser justificados.
Proponho começarmos do princípio — ou começo dos meus traumas. Como você desejar chamar.
Assim que nasci, minha mãe não tinha tantas condições de criar duas filhas, tendo ela uma filha primogênita, com um marido que deixava nós três passar fome. Não sei como aconteceu, entretanto, me encontrava muito apegada a família da nossa vizinha e acabei por ser deixada morar lá.
Quero deixar claro que entendo todos os motivos que minha mãe teve, mas meu coração infantil apenas via minha mãe cuidando da minha irmã mais velha e eu, deixada com a vizinha.
Já com uma idade onde poderia falar e andar sozinha, fui abusada por um tio de criação, um cara que eu admirava bastante — mesmo sendo criança —, já que ele falava comigo como se eu fosse alguém e não apenas "criança". Acho que acabei descobrindo o motivo dele me tratar assim, no final. Ele abusou de uma garotinha, que sorria e ria para eles todos os dias da sua medíocre vida até ali. Com isso, eu desenvolvi um medo enorme de ficar sozinha em ambientes com homens "gentis".
Aos meus nove anos, eu deixei completamente a vida de criança para cuidar da minha mãe de criação, uma senhora de idade que adoeceu — que fatalidade. Embora eu tenha crescido com "tudo do bom e do melhor", não podia brincar na rua ou com meninos da minha idade, se quer interagia com meus primos. Tinha de tudo para ficar em casa, onde era mais seguro. E, mesmo com a pouca idade, já tinha responsabilidades de cuidar de outro ser humano.
Talvez tenha sido nesse momento que comecei a questionar meus pais. Mesmo com todas as dificuldades, minha mãe cuidava da minha irmã, por qual motivo fiquei com a vizinha? Era tão indesejada assim que nem meu pai dava as caras para me ver?
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Um conto de "Em caso de Amor"
Fiksi RemajaCalliope é uma jovem com seus 18 anos revivendo suas memórias intensamente em sua fase jovem-adulta. Mas todo sorriso esconde segredos e aqui não seria diferente. Já que ela carrega consigo as marcas do abandono parental, da solidão, violência verba...