Nós ficamos a tarde toda duelando e eu apanhei em todos eles. Lupin ensinava como poderíamos nos proteger durante uma batalha, e eu aprendi todas as defesas possíveis, mas ele não se preocupava muito em ensinar os alunos a atacar ou retaliar. Eu também nunca senti vontade de ler livros com feitiços de ataque. Bellatrix está visivelmente decepcionada comigo.
Um pouco antes do jantar, eu começo a ler mais sobre feitiços ofensivos para ampliar um pouco mais meus conhecimentos antes que eu possa treinar. Dobby entra no meu quarto e me observa.— Precisa de algo? — pergunto e ele se retrai, como se estivesse apenas espiando.
— Não, Dobby só estava pensando se Ruby está bem. Bellatrix pegou pesado com Ruby hoje! — ele diz, com um tom preocupado e envergonhado, enquanto olha para baixo.
— Não se preocupe com isso. Ela só está tentando me ajudar. Em duelos, alguém sempre se machuca, mesmo que forem só treinamentos.
Ele vai embora, sem ter o que dizer. Logo depois, desço para jantar. Minha mãe tenta puxar conversa, até que pergunta do baile de Ano Novo. Eu conto tudo o que eu me lembro, mas omito alguns detalhes de propósito.
— Como é a família desse rapaz? — minha tia pergunta.
— Bellatrix!! — minha mãe repreende. Às vezes eu me esqueço de que a minha família se preocupa com a questão da linhagem puro-sangue.
— Não tem problema, mãe. Eu não estou interessada nele, mas ele vem de uma família de sangue puro.
Não tivemos outros assuntos, então comemos em silêncio. Dobby estava recolhendo os pratos, quando minha mãe bate repentinamente na mesa.
— Tem alguém vindo. Ruby, fique no seu quarto, pode ser seu pai — faço o que ela ordena, mas encosto o ouvido na porta, para tentar ouvir a conversa.
— O que ela está fazendo aqui? — ouço uma voz grave. — Pensei que estaria em uma missão.
— Eu poderia perguntar o mesmo, Lucius. Você não ia viajar a trabalho? — ouço minha mãe responder.
— Recebi uma mensagem do Lorde das Trevas. Ele quer que o Draco se torne um comensal.
— Mas está muito cedo, ele precisa de mais tempo. Seu filho não tem muita afinidade com a magia das trevas, ele deve treinar mais - Bellatrix diz seriamente, com um leve tom de deboche.
— Se o Lorde das Trevas disse que ele pode começar as missões, não temos como interferir nessa decisão. Preciso que Snape seja mais frequente com as aulas de Draco — não posso acreditar no que estou ouvindo.
Me sento de costas para a porta, perplexa. Então é por isso que meu irmão está agindo diferente. Como eu não deduzi isso antes? Ele é um Malfoy, é da Sonserina, é o alvo perfeito para ele.
Não consigo prestar atenção no restante da conversa. Começo a arrumar minhas coisas descontroladamente, e, ao ouvir a porta da frente se fechar, eu saio do quarto, enfurecida.— Por que você não me contou? — paro no meio da escada, entre o primeiro e o segundo andar, e encaro minha mãe, que parece se tomar de culpa ao me ver.
— Nós planejávamos...
— Não! — interrompo. — Você nunca pensou em me contar que o meu irmão é um fantoche do Voldemort.
— Não se atreva a dizer o nome dele, mocinha! — Bellatrix diz com desgosto, apontando para mim.
— Eu estou aqui pelo mesmo motivo, não é? — meus olhos marejam. — Eu realmente achei que os motivos eram válidos... Vou voltar para Hogwarts ainda hoje!
— Ruby, por favor, preciso que faça essas aulas. Você não sabe o que está para acontecer — rio em deboche.
— Essa é a questão, mãe. Eu não sei absolutamente nada!!! — vou para o meu quarto. Eu preciso urgentemente sair daqui.
Com certa dificuldade, levo minhas malas até o pátio e pego a chave de portal. Paro depois de dar alguns passos para longe da mansão e encaro o objeto. Não sei se quero realmente voltar agora, eu cheguei hoje, e eu não saberia explicar minha volta inesperada para Dumbledore.
— Ruby já vai? — me viro e vejo Dobby roçar os dedos das mãos.
Sento no chão, indecisa, e ele fica confuso. Não quero ficar, não quero voltar, não tenho para onde ir.
— Não sei o que fazer, Dobby... — ele se aproxima de mim.
— Dobby conhece um lugar, mas Ruby não vai ser boa presença. É um lugar seguro! — ele estende a mão para mim. Sem pensar muito, seguro a mão dele e me levanto.
Dobby chega perto dos meus pertences e nos leva para uma rua aleatória num estalar de dedos. Há carros passando sem muita frequência, e as casas são todas coladas umas nas outras. Ele faz um gesto que faz o chão tremer e as casas se movem para o lado, revelando uma parte até então escondida. Entramos no local e ouço algumas vozes ao longe, mas, ao invés de seguirmos o som, Dobby pede para que eu pare onde estou e ele sai andando por entre os cômodos. Logo depois, vejo o elfo voltar na companhia de um homem.
— Olá, Ruby. Eu sou-
— Sirius Black! Eu sei... — interrompo e fico meio desconfortável pelo meu comportamento.
— Dobby me contou que você precisa de um lugar para ficar. Temos um quarto disponível lá em cima, fique o tempo que precisar. Afinal, somos família! — ele põe a minha mão sobre o meu ombro e eu sorrio em gratidão. Agora entendo porque Harry ficou apegado a ele quando todos o martirizavam.
Levo minhas malas para um quarto no segundo andar. Tem um colchão todo preparado no chão com um travesseiro, ao lado de outros colchões. Espero não ter que dividir quarto com alguém que eu não conheço.
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Garota às Avessas: Malfoy
FanfictionRuby Malfoy, irmã gêmea de Draco, tenta melhorar sua situação com seu pai, mas acaba indo para um caminho um tanto suspeito para conseguir alcançar seu objetivo. No meio disso tudo, ela ainda precisa entender e aprender a lidar com suas próprias emo...