12. Sentimentos

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   Ele me evita, não anda mais comigo, então, por um milagre, agora ele precisa de mim? O que deu nele? Sigo Draco até um banco e ele começa a falar.

— Lembre do baile de ano novo? — concordo com a cabeça. — Eu não sabia quem tinha sido o meu par. Eu até cheguei a ver o cabelo dela, parecia muito com o seu, o estilo, a cor... mas eu sei que não era você porque poxa, você é minha irmã, eu saberia se fosse você!

— Draco, só me conta de uma vez, eu preciso ir.

— Eu beijei o meu par... — ele diz, encurvado e envergonhado.

— Você o quê??? — ele não costuma me contar essas coisas. Na verdade, eu acho que é a primeira vez que o vejo assim.

— Eu sei que é idiota da minha parte pegar uma menina que eu nem sei como é, mas é como se eu sentisse que eu devia ter feito isso, e ela também não ajudou muito. O problema é que eu... e-eu senti alguma coisa estranha... — ele gagueja. — O outro problema é que eu literalmente acabei de descobrir quem é a garota!

   Ele sai de uma expressão envergonhada para uma enojada. Realmente não sei o que esperar disso tudo. Ele desvia o olhar de mim e observa as paredes, como se não quisesse ver a minha reação.

— É a maldita lufana... — ele fala, estressado. Ele com certeza deve se odiar agora. Draco enterra o rosto em suas mãos e esfrega a mão no cabelo, logo antes de voltar os olhos para mim.

   Me levanto e coloco uma mão no ombro do meu irmão.

— Vou te deixar com seus pensamentos. Dolores Umbridge quer falar comigo em particular — Draco franze a testa.

— Por quê?

— Eu "desrespeitei" ela — digo, fazendo aspas com as mãos.

— Não brinca! Sério? — ele ri. — Eu sabia que o seu lado Malfoy ia sair a qualquer hora!

— Idiota! — sorrio e dou um tapa no canto da cabeça dele. Sigo andando e ele continua zombando de mim.

— Só não vai xingar ela!!! — ele grita.

— Tchau, Draco!! — grito de volta, balançando a mão com desdém, segurando o riso, enquanto dobro o corredor.

   Espero que ela só me dê um sermão rápido. Ainda tenho que encontrar Cedrico e mostrar a carta a ele.
   Procuro pela sala da Umbridge e, quando eu finalmente a encontro, vejo a porta da sala dela aberta, e ela está sentada, apenas esperando a minha chegada.

— Bem-vinda, Srta. Malfoy! Sente-se! — ela aponta para a cadeira à frente dela e ouço a porta bater assim que entro no local. Isso não foi uma recepção muito agradável.

   A sala é toda revestida de itens cor-de-rosa, chega a ser atormentador. Há vários pratos decorativos com um gato diferente em cada um. Que tipo de pessoa decora uma sala assim? Vai totalmente contra a beleza da cor!
   Me sento na cadeira, conforme ela ordenou, e noto uma folha desgastada com a mesma frase escrita diversas vezes. É a letra da Granger. Ao lado do papel, há uma pena, aparentemente normal.

— Pegue a pena, senhorita. Desrespeitar um professor de Hogwarts é uma atitude gravíssima e merece uma punição. Quero que escreva na folha as seguintes palavras: "não devo desrespeitar as autoridades".

   Ela só pode estar brincando comigo. Pego a pena, com uma certa indignação, e começo a escrever a frase algumas vezes. Quando começo a mesma frase logo embaixo da primeira, minha mão direita começa a arder gradual e fortemente, como se eu estivesse colocando-a diretamente no fogo.
   Seguro a expressão de dor, mas largo a pena, por não conseguir escrever. Analiso minha mão a fim de descobrir a origem da dor, e vejo algo se formando. A minha própria letra aparece sendo escrita, como se eu mesma estivesse escrevendo em mim com uma lâmina quente. Bem que eu desconfiei que haveria algo a mais, a pena é encantada.

— Espero que tenha aprendido uma lição aqui, Srta. Malfoy — ela se aproxima de mim, com um sorriso autoritário estampado no rosto. — Pode sair agora, já terminamos.

   Não fico mais nenhum segundo sentada na cadeira de madeira. Saio da sala dela e corro o mais rápido possível para a torre de Astronomia, para encontrar Ashley e Diggory. Espero que não vejam a marca na minha mão.

   Só Ashley está na torre. Cedrico deve estar ocupado, ele não é de se atrasar pra nada.

— Você viu a Umbridge? — pergunto. — Acabei de deixar a sala dela.

   Minhas mãos estão suando de tanto nervosismo, eu preciso urgentemente de alguma coisa para me distrair.

— Sim. Ela fez você escrever também?

   Mostro a marca queimada na minha mão em resposta. Ashley me mostra a dela, que está no braço, e se enfurece.

— Ela é uma vaca! — diz, emburrada, sentando nas escadas, e se escorando na parede.

— É mesmo... — imito ela — ...ela é uma grande vaca rosa! — Ashley me encara com estranheza.

   Alguns segundos depois, estamos gargalhando como duas loucas com o comentário que fiz.

— Você é estranha, Malfoy! — Ashley me empurra com o ombro.

— Meninas, foi mal o atraso! Tive que falar com a Madame Pomfrey e a Madame Hooch sobre eu voltar a jogar quadribol.

— Não precisa me lembrar disso! — Granger tenta chutar Cedrico, ainda sentada, mas falha miseravelmente.

— Então, vocês queriam falar o que comigo? — eu e Ashley nos entreolhamos e eu fico tensa. Minhas mãos começam a tremer incontrolavelmente e meu estômago revira de nervosismo. Não acho que eu vou conseguir contar a ele.

Garota às Avessas: MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora