No aniversário de 16 anos de Seraphine Parkinson, o que deveria ser uma comemoração normal se transforma em uma tragédia quando seus pais são brutalmente assassinados. Nesse momento, Seraphine descobre que não pertence ao mundo em que sempre viveu e...
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No coração das sombras, onde o sol há muito não se atreve a brilhar, uma antiga força desperta. Uma presença que jamais foi verdadeiramente derrotada, apenas adormecida, aguardando pacientemente o momento certo para retomar o que lhe foi roubado. O véu entre os vivos e os mortos se afina, e os sete reinos, que se banharam no efêmero brilho da paz, caminham mais uma vez para o abismo.
Há 16 anos, a grande batalha contra a bruxa das trevas devastou Astralith. Os reinos uniram suas forças, lançando feitiços poderosos e empunhando espadas encantadas, mas não era o suficiente. O mal que se enraizava nas terras não era apenas carne e osso; era uma entidade antiga, nascida do próprio medo e desespero. E quando a última batalha parecia ter sido vencida, ela desapareceu, sem deixar vestígios. O corpo da bruxa jamais foi encontrado. Mas um corpo não é necessário quando o espírito da escuridão permanece.
A profecia antiga, gravada nas runas esquecidas, foi lembrada pelos sábios e repetida em sussurros pelos sobreviventes:
Os reis e rainhas dos sete reinos, desesperados por esperança, fixaram seus olhos na herdeira desaparecida, a única filha sobrevivente do primeiro reino, que fora perdida na noite do massacre. Se a profecia estiver correta, ela, e somente ela, seria a chave para finalmente pôr fim à bruxa das trevas. No entanto, sua ausência se torna um peso que assombra todos, especialmente quando as mortes começaram.
Jovens feiticeiras, nascidas com o poder ancestral que outrora protegeu os reinos, agora caem uma a uma. No dia de seus 16 anos, o dia em que seu poder atingiria o ápice, elas são brutalmente assassinadas, suas gargantas cortadas com precisão, seus corpos deixados como marionetes quebradas, e, sempre, a mensagem gravada nas paredes ou no chão em sangue fresco:
Cinco já caíram. Restam apenas duas. E os reinos começam a desmoronar sob o peso do terror. As florestas que antes protegiam os viajantes se tornaram densas com uma névoa que ninguém ousa atravessar. As águas dos rios tornaram-se negras como a noite, refletindo um vazio profundo. E as estrelas no céu começaram a desaparecer, uma a uma, engolidas por uma escuridão crescente.
O povo sussurra sobre a lâmina sagrada, um artefato perdido há séculos, dito ter sido forjado pelas mãos dos deuses e banhado em luz celestial. Apenas ela, segundo as lendas, teria o poder de destruir definitivamente a bruxa. Mas a lâmina, como a herdeira, também está perdida, seu paradeiro oculto por maldições antigas e guardiões invisíveis.
Enquanto isso, as visões dos profetas tornam-se cada vez mais perturbadoras. Nas profundezas de seus sonhos, eles veem a herdeira, banhada em sangue, segurando a lâmina sagrada. Mas em vez de trazer salvação, ela se vira para as sombras, suas mãos tremendo, seu olhar vazio. E a bruxa das trevas, com um sorriso grotesco, a envolve em seus braços como uma mãe amorosa, sussurrando palavras que nenhum profeta ousa repetir.
Os reis tentam desesperadamente controlar seus territórios, mas o medo os consome. Sabem que, quando a última feiticeira cair, o caminho estará livre. A bruxa das trevas não retornará sozinha; ela trará consigo os horrores do outro lado criaturas de pesadelos, sombras vivas que se alimentam do desespero humano, e um frio que queima mais do que o fogo.
O dia se aproxima, e os reinos estão em silêncio. Em seus castelos, os nobres preparam fugas secretas. Nas aldeias, o povo reza a deuses que há muito tempo não escutam. Mas nada deterá o que está por vir.
Porque a última morte está próxima. A lâmina sagrada será encontrada. E o sangue da herdeira manchará a terra, abrindo o portão entre os mundos.
Quando o sangue escorrer e a lua sangrenta se erguer pela última vez, as sombras não mais se esconderão.
Elas virão para consumir tudo.
E no final, haverá apenas escuridão.
Porque o verdadeiro poder nunca foi da herdeira. Ele sempre pertenceu àquela que a espera nas trevas.
