Seraphine caminhava pelos corredores da academia, cada passo ecoando no chão frio e liso de mármore. As paredes altas e adornadas com tapeçarias antigas pareciam vigiar sua presença, o ambiente carregado de uma atmosfera ancestral que misturava respeito e poder. Suas botas marcavam um ritmo ansioso, um reflexo do turbilhão interno que tentava, em vão, controlar. Ao chegar à porta imponente da diretoria, parou. Respirou fundo, como se aquele gesto fosse capaz de aliviar a tensão crescente em seu peito. Três batidas suaves romperam o silêncio e, por um momento, ela quase desejou voltar atrás.
A resposta veio de dentro, uma voz suave e segura, que cortava o ar com a clareza de uma ordem disfarçada de convite.
Seraphine hesitou, seus dedos brevemente tremendo na maçaneta antes de girá-la. Ao entrar, a diretora Athena Frostborn estava de costas, inclinada sobre sua mesa de carvalho. Os óculos de meia-lua repousavam na ponta do nariz, e ela lia documentos com uma atenção que parecia impenetrável.
— Você mandou me chamar, diretora? — Seraphine tentou manter a voz firme, mas o nervosismo se refletiu em suas mãos, que inconscientemente apertaram a alça da bolsa que trazia consigo.
Athena se endireitou, tirando os óculos com um gesto gracioso. Seus olhos, de um azul intenso, encontraram os de Seraphine com uma profundidade que a fez se sentir pequena, como se estivesse sendo desvendada.
— Como foi a sua primeira noite na academia? — A voz da diretora era doce, quase gentil, mas havia um peso em suas palavras, como se ela já soubesse a resposta.
Seraphine se obrigou a sorrir, querendo demonstrar mais confiança do que realmente sentia.
— Foi tranquilo. As meninas são legais, me ajudaram a me sentir mais à vontade. — A voz saiu mais suave do que esperava, e ela se surpreendeu com sua própria honestidade.
Athena inclinou levemente a cabeça, um pequeno sorriso se formando em seus lábios.
– Fico feliz em ouvir isso – ela começou, o tom da voz permanecendo suave, mas com um subtexto que Seraphine não conseguia identificar de imediato. – Agora, me diga, depois do seu aniversário, sua magia se manifestou novamente?
A menção da palavra "magia" fez Seraphine endurecer. Ela lembrou do caos, das faíscas de poder que haviam explodido de seu corpo como um vendaval incontrolável. A ideia de aquilo acontecer de novo a aterrorizava.
– Não, aquela foi a primeira vez que algo assim aconteceu. – Seraphine balançou a cabeça, os dedos agora entrelaçados em frente ao corpo.
O sorriso da diretora desapareceu, sua expressão tornando-se séria, pensativa.
– Bom, seu irmão disse a mesma coisa. Isso pode ser um problema para o seu aprendizado aqui na escola. – Athena inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa, entrelaçando os dedos diante do rosto. – Mas não se preocupe, você terá um mentor para ajudá-la. A natureza do seu poder é... poderosa e complexa. Você precisará de alguém experiente.
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𝒮𝒐𝒓𝒄𝒆𝒓𝒚 ℛ𝒊𝒔𝒊𝒏𝒈. 𝒜 𝐻𝑒𝑟𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎
FantasiaNo aniversário de 16 anos de Seraphine Parkinson, o que deveria ser uma comemoração normal se transforma em uma tragédia quando seus pais são brutalmente assassinados. Nesse momento, Seraphine descobre que não pertence ao mundo em que sempre viveu e...