Absolute Zero

10:54

Se suas lágrimas estão caindo no chão

Ongsa e eu nunca mais falamos sobre isso.

O tempo passou, independente do que esteja acontecendo no mundo, e não sei se as coisas vão melhorar ou piorar.

“Ongsa”, digo em voz alta, acenando com as mãos para cumprimentar o menino que acabou de sair da escola.

Ele levanta as sobrancelhas surpreso e depois sai do seu grupo de amigos para me encontrar.

"O que aconteceu Phi?"

"Nada, eu só queria ver você."

"Você veio me buscar?"

"Sim".

“Mas não sou mais criança”, ele ri, andando pela calçada em frente à escola. "Você pegou o ônibus do seu apartamento?"

"Sim".

"Você veio me esperar na frente da escola?"

"Sim".

"Você é tão fofo. Podemos comer juntos hoje? Meus pais não estão em casa."

"Ok, você quer fazer outra coisa?"

"Ehm...", ele olha para o céu enquanto pensa na resposta. Seu lindo rosto, iluminado pelo sol da tarde, me faz sorrir pela primeira vez hoje. "Podemos ir jantar e depois alimentar os peixes?"

"Vai bem".

"Podemos ir de barco?"

"Seria divertido".

"Você concorda?"

"Sim".

Seu corpo alto se inclina para frente para sorrir feliz para mim e não posso deixar de sorrir de volta.

Ao levantar a cabeça, protejo o sol dos olhos com a mão e a pulseira no pulso, na qual está amarrado o anel laranja, brilha aos raios do sol.

"Você ainda o tem?"

"Estou com preguiça de tirar."

"Bem, fique com ele", diz ele pegando minha mão.

Então caminhamos, de mãos dadas, até ao rio, e depois entramos no barco que nos levará ao restaurante da outra margem.

Ongsa olha com curiosidade para a água abaixo de nós enquanto a embarcação flui lentamente sobre a superfície plana.

“Provavelmente não poderei ir ver o filme com você no cinema”, começo quebrando o silêncio, já quase no meu destino.

Ongsa não responde, apenas aperta mais forte minha mão, ainda firme na dele.

Mas, no fundo, todos sabemos que não podemos conter ninguém, mesmo que queiramos desesperadamente.

“Tenha cuidado”, ele me diz enquanto me ajuda a sair do barco.

Eu rio da reação dele.

"Você age como uma criança", retruco.

“Não importa se sou criança ou não, só estou preocupado.”

Eu inclino meu rosto, depois de ouvir sua última frase, meu coração está batendo descontroladamente.

Tento evitar seu olhar, mas no final fico presa nele.

"Seu rosto está vermelho."

"É quentinho".

"Não muito."

"Ehm...", pareço vaga, antes de caminharmos juntos em busca de um restaurante.

De repente, decido que deveríamos ir ao nosso restaurante favorito de sempre.