Essa era a constatação que teve ao acordar de manhã e sentir o vazio na cama ainda quente. Sentou-se com as pernas cruzadas e se inclinou
Mesmo sabendo que estava sozinha olhou para os lados, tomada pelo hábito da culpa involuntária, instantes antes de levar a calcinha ao rosto e cheirar. A memória avivada pela fragrância a transportou para a noite anterior quando os corpos febris se entrelaçavam numa sinfonia rouca de gemidos e respirações entrecortadas. Claro que sabia como... o cheiro natural mesclado com algum óleo essencial ou desodorante próprio. Mas de todos os cheiros do mundo ela escolhera justamente esse.
Como se aqueles olhos de gato já não fossem suficientes para assombrar seus sonhos, . Maldito capim limão que cresce como praga!
Precisava se levantar e começar o dia, mas não queria lavar o rosto e tirar o odor residual que ainda estava impregnado nos lábios, queixo e dedos. A indelével prova de que não sonhou! Não dessa vez, pelo menos. Segurou aquelas coxas com firmeza e sorveu entre as pernas trêmulas como uma faminta.
Mas agora ali estava, sozinha com uma calcinha entre os dedos, um travesseiro amassado e um despertador cruel a lembrando que o mundo não vai parar! Não! Pelo menos não apenas por que se apaixonou muito antes de, sequer ter coragem, de chama-la para beber. E agora não queria parecer que estava sob o encanto pós-foda. Inalou novamente a fragrância de capim limão tentando reter ao máximo a sensação de seu coração acelerado, segura na certeza de que jamais ninguém saberia . Perdida na memória recente de seu nome sussurrado entre um puxão e outro de cabelo, não foi capaz de perceber que
Perdida no que havia sido, não se deu conta dos passos leves até e o cheiro do capim limão tomar todo o ar com pungência vindo dela toda...
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Contos Frisson
Literatura FemininaColetânea de contos curtos, imersivos com erotismo ou sem. Leia na ordem que desejar, delicie-se com cada palavra e sinta cada frisson.