Capítulo 01: Como Uma Jujuba

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ᴘᴀʀᴛᴇ ɪɴɪᴄɪᴀʟ
JUJUBAS AZUIS

A ALVORADA DAQUELA manhã se erigia com uma singularidade inquietante e magnética

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A ALVORADA DAQUELA manhã se erigia com uma singularidade inquietante e magnética. O sol, há muito aguardado, parecia titubear no horizonte, recusando-se a inundar o cenário com seus raios, lançando-o em uma penumbra enigmática e melancólica.

Dentro desse quadro envolto em desalento, o tempo desdobrava-se em um ritmo incomum, revelando segredos ocultos e inexplorados, suscitando a sensação inquietante de que algo estava à beira de se desenrolar.

À margem do oceano, as ondas, majestosas e imperturbáveis, persistiam em sua dança incessante, uma sucedendo a outra com uma cadência verdadeiramente hipnótica. Eram essas mesmas ondas que, com sua brisa salgada, depositavam beijos no rosto de um jovem rapaz, colorindo seu nariz com um matiz escarlate sob a carícia do vento cortante.

Ao manter os olhos entreabertos, Kazutora Hanemiya sentia dor, pois suas unhas estavam cravadas com firmeza na palma de sua mão. Enquanto o coração pulsava inquieto, ansioso por romper os confins do peito congelado, lágrimas teimosas desafiavam qualquer tentativa de contenção, esculpindo caminhos salgados em seu rosto. Como a chuva, que, com suas gotas pesarosas, lavaria a tristeza enraizada profundamente em sua alma.

Aquele era apenas mais um ocaso de setembro, agora no ano de dois mil e um, um simples girar de página no calendário. O mês que, anualmente, antecipa a vinda de outubro, desenhando sua aura melancólica, onde folhas mortas descem incansavelmente, tecendo um tapete de decadência.

A cidade, envolta na ventania úmida e abafada, evocava a essência do outono, contemplando sua própria metamorfose, como se fosse um símbolo da existência que escorre, dia após dia, em um ciclo perpétuo.

Kazutora, por semelhança da pitoresca cidade litorânea de Kamakura, situada na província de Kanagawa, Japão, também parecia estar à beira de sua própria morte.

O rapaz, curvava seu corpo fatigado e abatido repetidas vezes sobre a borda de mais uma entre as numerosas pontes desoladas, dispersas por toda a pequena cidade que se aninhava à beira do oceano.

Cada passo dado, em direção ao abismo, era como um eco da desolação que permeava a paisagem de sua própria alma.

O japonês alternava entre movimentos repetitivos, indo e vindo, preso em uma maldita sequência que o fazia estremecer a cada deslize dos pés. Conquanto, ele continuava a torcer para que seu esforço finalmente encontrasse a conclusão tão esperada.

E, mesmo cambaleando de um lado para o outro, ele persistia em recuperar o equilíbrio, retornando invariavelmente ao mesmo ciclo exaustivo.

Até que encontrasse a coragem necessária para, enfim, lançar-se contra a correnteza que há tanto ansiava.

━ Ei, garoto ━ uma voz serena e curiosa soou vinda de trás da sua alta silhueta de pé, que com o susto repentino pelo chamado, prendeu a respiração. ━ ...o que você..? Você vai cair assim.

𝗔𝗭𝗨𝗟 𝗣𝗘𝗥𝗙𝗘𝗜𝗧𝗢 • 𝗞.𝗛Onde histórias criam vida. Descubra agora