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Madrid, Espanha4 anos atrás

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Madrid, Espanha
4 anos atrás...

Contemplei o deslizar paralelo ao meio-fio dos pneus do Aventador antes que Alejandro finalmente partisse, logo quando já estava em casa.

Embora a ideia de passar o início de noite nas ruas a princípio parecesse uma completa perda de tempo, eu gostei... Me recordava da emoção sucedente à vista que tive das manobras e o restante da corrida, enquanto minha posição não evoluía para nada além de uma espectadora qualquer. Não estava ali para competir, de qualquer forma.

Resquícios daquilo ainda faiscavam, como que ansiosos por mais.

De repente, todas as alegações da parte de mamãe a respeito da praxe atitude esnobe dos milionários e seus filhos pareceram cair por terra.

No cruzamento, Juarez, Alejandro e Samantha aparentavam ser apenas três frequentadores de competições ilegais em meio às centenas compondo a multidão que atravanca o fluxo rodoviário de um cruzamento ao norte. Se eu fosse uma completa desinformada de seus sobrenomes, jamais imaginaria que se tratavam dos herdeiros da imponente elite de Madrid. Vistos como celebridade pelos demais habitantes que conheciam somente seus rostos, porém reduzidos a nada por mamãe.

Não os culpei, a princípio. Estavam sendo verdadeiros quanto às suas vontades pessoais. Mas de fato eram acobertados com o típico privilégio que os permitiria quebrar as regras e saírem ilesos. Para alguém como eu, aquilo era uma demonstração prática e perfeita de onde a justiça da cidade falhava.

Deveria ter me enfurecido como Andreza ao vê-los usando de gírias e roupas aviltadas por pessoas de sua mesma classe social, com o intuito de se misturarem à que essa apontava como inferior através de critérios tão injustos quanto às atitudes tomadas pelas autoridades locais. Haviam recursos de segurança em excesso, bem como legislação regrando a sociedade espanhola para interromper tudo o que eles faziam. Mas tanto a Guarda quanto a polícia colocariam sem relutância vendas sobre suas pálpebras, porque precisavam de uma desculpa para seguir agindo como se nada de errado estivesse acontecendo.

Aposto que pagavam para que o bairro que eu residia fosse geograficamente segregado. Como se estivessem tentando atenuar nossas chances de florescer. Ou talvez, paralisar o mísero progresso que fazíamos ao longo dos anos.

Alejandro disse-me que ninguém precisava passar o tempo todo estudando para conseguir decréscimos na mensalidade de um colégio privado. No entanto, era muito fácil para alguém como ele me aconselhar de uma situação cujas oportunidades eram distribuídas em proporções desiguais às classes sociais, situadas nos extremos da pobreza ou da riqueza.

Qualquer cidadão morando nas proximidades do bairro de San Cristóbal seria constantemente apontado como um exemplo a não ser seguido pelos donos das imensuráveis fortunas em Madrid.

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