Classificação Indicativa (recomendada pela autora): +18 anos.
Início: 13\07\2023
"Talvez esse seja um castigo justo para aqueles que não possuem coração: só perceber isso quando não pode mais voltar atrás." - A Menina Que Roubava Livros
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Livro...
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Madrid, Espanha 4 anos atrás...
Eu teria me satisfeito de alguma bebida forte caso o proprietário não estivesse por perto, rondando desnecessariamente o salão e mantendo um olho sobre os funcionários... O observei-o atravessar tão urgentemente a extensiva área da freguesia.
Embora estivesse frequentemente exposto à cor âmbar fervilhante e ardente do bar, não podia degustar de goles avulsos. O pallet reluzia, feito as roupas das dançarinas. Convocando um desejo oculto... Mórbido. E as circunstâncias pareciam cientes disso.
Nada que viesse ao caso ou merecesse ser compartilhado com um companheiro de bar.
A magia da flamenca preenchia o ambiente e evidenciava a falta de premências (logo, só podia estar havendo uma pressão por parte do proprietário). A dança sobrepujava as demais, tipicamente latinas.
Danzon, fluindo em harmonia com as notas dos violinos. Uma arte que enraizava através de outras manifestações.
Eu gostava da tradição espanhola. E podia usufruir dela todas as noites. Mas não estava tão desperto ou animado quanto os dançarinos... claramente precisava reabastecer a mente com a energia demandada pelo tempo restante do expediente. Ou talvez, apenas suprir uma necessidade pessoal.
Requisitos simultâneos, eu diria.
Um sibilo foi inútil da minha parte em meio ao som local. Eu ainda preferia trocar beijos letais com os papéis bicolores, agora que não poderia ter os de Emily.
A ponta da caixa de cigarros espetava minha coxa, fornecendo-me uma segunda opção.
Porra.
Cigarros eram proibidos, visto que o sistema de sprinkler era acionado por fumaça. A curiosidade me atiçava para ver se aqueles penteados bem fixados com gel resistiriam à água.
A casa tinha regras, no entanto - comigo funcionariam somente quando alguém estivesse supervisionando. No caso oposto, todas as possibilidades seriam válidas.
E que Leonel me perdoasse por não ter honrado naquele momento o contrato que assinei com Francisco Olarque. O proprietário.
Voltei a atenção para a área do bar quando o grisalho corpulento desapareceu em meio aos holofotes e roupas reluzentes. Havia muito para ser feito no raio de um metro - e o expediente não acabara, de qualquer forma.
Manchas de bebidas que derramaram e secaram sobre o mármore negro interrompiam o brilho do polimento. Por último, as sobras de álcool que preenchiam poucos centímetros dos copos precisavam ser descartadas.
