Classificação Indicativa (recomendada pela autora): +18 anos.
Início: 13\07\2023
"Talvez esse seja um castigo justo para aqueles que não possuem coração: só perceber isso quando não pode mais voltar atrás." - A Menina Que Roubava Livros
______
Livro...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Madrid, Espanha 4 anos atrás...
Nenhum raio de sol antecedia a aurora no céu negro e sólido que afugentava Madrid quando o sol se punha. Bom sinal.
Ainda havia energia de sobra para ser gasta em outra possível competição. Pretendia conferir o que os emissários das gangues reservaram a mim.
Quando eu voltasse, todos provavelmente estariam prontos para me fazer diversas perguntas. Feito um bando de pirralhos confusos e surpresos, sem saber se deveriam mirar toda sua admiração ao carro ou ao piloto.
Eu tive de camuflar minha ansiedade com uma pitada saborosa de orgulho. Felizmente, enquanto estava na largada, os fumês dos vidros tomava a posse dessa função.
Oscilei a todo momento a mira de minha atenção entre Lewis segurando a bandeira e a faixa de pedestre.
Apertei mais os dedos em torno da curvatura do volante. Arrepios arranhavam-me a pele sob o tecido das roupas. Não estava frio e não havia medo ou ansiedade atormentando meus pensamentos. Nada que me obrigasse a agir rapidamente diante da situação.
A felicidade se resumiu a uma estrutura molecular composta por dez átomos de carbono, doze de hidrogênio, dois de nitrogênio e um de oxigênio.
Serotonina e adrenalina. Pura como um entorpecente. Os fluxos que eram produzidos no cérebro e dele partiam disparados na circulação sanguínea possuíam força o bastante para afastar todos os problemas e colocar o restante do corpo em estado de alerta. Era assim que eu me sentia vivo.
Desafiando a morte.
Suspirei em sincronia com o escapamento. Um flash azulado acendeu na traseira. O espelho do retrovisor interno mostrando tudo o que havia além do pára-brisa.
O corte feito no ar pelo punho cerrado de Lewis me fez pressionar o acelerador com a ponta do pé. Toda a necessidade acumulada em correr e experimentar a praxe liberdade quase infinita das ruas, converteu-se em velocidade.
Os vidros estavam erguidos, mas ainda pude ouvir o som dos demais motores rugindo gradativamente. Como que prestes a explodir.
Pares de faróis cortavam o lado direito de minha visão periférica.
Então já havia alguém me ultrapassando?
Conferi o velocímetro. 255 quilômetros por hora.
Posso fazer melhor.
As míseras falhas na superfície plana do asfalto eram evidenciadas pelo modo como as molas de meu carro agitavam a carroceria. No entanto, eu permanecia firme sentado sobre o banco e não soltando o volante.