extra

4.3K 471 138
                                    

Não acreditava que finalmente estávamos nos formando.

Tinha vontade de gritar de felicidade.

Sobrevivi ao fundamental.

Agora só faltam mais vinte anos estudando pra ter uma profissão horrível, que sonho né?

Consegui a vaga de oradora da turma e não sabia se era uma coisa boa ou ruim.

Interpretei como castigo já que tenho problemas em falar em público.

Mas fingi que gostei mesmo odiando só a ideia de ser vista por centenas de pessoas do colégio inteiro.

«»

- Já escreveu seu discurso princesa? - Andy estava na minha casa me ajudando a arrumar meu cabelo quando perguntou

- Bem... Tenho uma coisa em mente mas não escrevi pra sair mais natural e eu não gaguejar feito um idiota. - expliquei, nervosa enquanto passava o batom

- Impossível você parecer idiota, ninguém vai ligar se você gaguejar com esse rosto lindo. - ele me deu um beijo esquecendo por um segundo que estava com um batom vermelho

Fiquei em choque vendo a marca vermelha em sua boca mas não resisti a vontade de rir. Mesmo assim ele parecia fofo.

- Ops. - ele analisou o espelho em frente a nós

- Preciso de uma foto disso. - peguei meu telefone, tirando uma sequência de fotos dele. - Novo plano de fundo. - disse trocando a foto do ruivo de tule por essa

- Quer me matar não é? Vou ficar assim a formatura inteira, devo te dar no mínimo uns trinta beijos. - ele disse tirando o excesso de produto

- Melhor trocar né? - sugeri

- Aquele seu gloss tem um gosto delicioso. - ele disse enquanto tirava o batom dos meus lábios

- Não vou passar só pra você comer ele! - disse e ele fez um bico

- Sem graça. - ele revirou os olhos me dando um beijo no pescoço

- Goldfarb! - o grito do meu pai nos assustou, principalmente por ele surgir atrás de nós

- Oi Sr.Mcgill. - Andy disse segurando uma risada ao notar uma faca de tamanho desnecessária numa mão do meu pai, e uma maçã minúscula na outra

- Precisam de outra cadeira ou essa coisa de ficar no colo é mais confortável? - ele limpou a garganta, me colocando num banco ao lado

- Eu acho mais confortável. - Andy disse, implicando com ele

- Jura? Então deve achar confortável essa coisinha no pescoço. - meu pai disse e exibiu a faca próxima ao rosto dele

- Pai! Sai daqui por favor, meu Deus. - me levantei o empurrando fora

- Ele adora me ameaçar não é? - o ruivo disse, rindo da situação

- Ama. - me sentei no banco para terminar minha maquiagem

«»

Tinhamos chego no colégio e meu estômago borbulhava de nervosismo. Devo ter quase vomitado três vezes só até ver o pessoal da minha turma.

- E aí? Nervosa? - pergunta ligeiramente idiota da Stacey, que deixei passar só de agarrar seu braço com força. - Você consegue.

- Você sabe que consegue, arrasa Hai. - meu discurso seria em alguns segundos e tudo girava

Minha visão já estava escurecendo quando senti os braços de alguém ao meu redor.

- Respira com calma Rapunzel, essa merda aqui não é nada pro que você ainda vai fazer. - escutar a voz de Andy melhorou tudo

- Posso desistir? - perguntei num sussurro, tremendo

- Até pode, mas você não tem medo. - meu nome foi chamado

- Não consigo...

- Me dá sua mão. - estendi ela para ele, que me ajudou a andar. - Agora é você. - ele me deu um leve empurrão até que chegasse ao palco

Sem medo.

Só consegui pensar nisso, me concentrei em só uma pessoa na plateia. Andy estava ao meu lado e não podia discursar olhando então, assim que levantei o olhar vi Zoe, sorrindo, me apoiando.

- Primeiro de tudo eu...

Minha laringe fechou e travei, mas aí me concentrei na visão da minha irmã, me dando forças de longe.

- Queria agradecer a oportunidade de fazer tudo isso em nome do resto da minha turma. - me virei para apontar pra eles. - Sortudos. - murmurei na esperança de alguém rir e me tirar da agonia

E funcionou, riram.

Todos riram e agora conseguia fazer tudo.

- Não sei bem o que dizer, só que... eu tô muito feliz. Nunca imaginei que ficaria tão feliz assim de estar dando tchau a algo que amo tanto e que faz tanto parte da minha vida.

Terminei de dizer e fiz uma expressão duvidando de si própria, trazendo mais risadas.

- Mas bem... Aqui estavamos não é? Terminando esse ciclo tão importante nas nossas vidas. Daqui pra frente eu posso afirmar, vou usar das palavras do meu pai agora: Não tem nada que esteja ruim, que não possa piorar.

Desviei o olhar até ele, vendo sua risada.

- Mas outra coisa que ele me diz sempre é que: Não importa o quão ruim você esteja, só de estar vivo deveria celebrar. Celebrar a vida não deveria ser algo tão difícil. Todos os dias deveriam ser celebrados.

Respirei fundo.

- Então eu digo: Sejam gratos a esse dia a mais que estão vivendo e deixem aquele dia ruim para trás. Agora somos nós por nós.

Toquei a ponta da minha capela, como todos outros.

- Olá futuro, prazer em conhecê-lo.

Gritei tão alto que todos quarteirões a menos de vinte quilômetros devem ter me escutado.

Precisava abraçar alguém e, ao me virar sorrindo e gritando, vi Andy, me olhando orgulhoso e feliz.

- Eu consegui. - disse correndo na sua direção

- Você conseguiu. - ele me abraçou, me beijando e me levantando no ar

𝗙𝗘𝗔𝗥𝗟𝗘𝗦𝗦, Andy GoldfarbOnde histórias criam vida. Descubra agora