CAPÍTULO 6

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SAFIRA

Era umas oito horas da noite quando eu pude enfim ir ver o meu marido, o dia fora bastante agitado, muitos pacientes para atender e eu me aproveitei disso para tirar o foco do meu marido em coma.

Eu sabia que se ficasse pensando nisso o dia todo iria enlouquecer, eu só pensava que eu não poderia desmoronar, não hoje, não agora, não ainda, ainda não. Mais cedo, logo depois do shane e a lori levarem o carl embora, eu fui fazer a ficha de rick. Me dirigi até as escadas de emergência que dava acesso ao necrotério, sabendo que estaria sozinha naquele horário e liguei para os pais dele, avisando do ocorrido e em seguida para os meus próprios.

Os pais de rick queriam pegar o trem para virem até aqui, mas eu os convenci de que seria melhor eles não fizessem, eu sei que eles estavam muito preocupados e temerosos pelo filho, queriam vê-lo. Mas eles já eram senhores de idade, se deslocando daquele jeito, passando tantas horas em um vagão de trem seria desconfortável, e eu não estava em condições de dirigir no estado em que me encontrava. Achei melhor que não viessem, eles se acalmaram depois de eu lhes prometer que ligaria avisando sobre cada mudança no quadro de rick, e enfim, eles puderam respirar, um pouco aliviados pela minha fala e percepção sobre a situação em que nos encontrávamos.

Meu pais, ficaram desolados com a notícia. Minha mãe, passou alguns minutos no telefone me dizendo o quanto ele era forte e que iria sair dessa, pra que eu não perdesse as esperanças. Meu pai, ficou triste e abatido, sabendo do que tinha acontecido com seu genro preferido- palavras dele;ele me consolou e me disse para que eu continuasse forte, que não me deixasse abater por essa dificuldae inesperada. Meus irmão ficaram meio amuados com a situação, me conformaram e me disseram que tudo ia ficar bem.

Passamos mais alguns minutos conversando e logo desliguei, também com a promessa de lhes atualizar sobre o caso de rick.

Suspirei profundamente e passei as mãos trêmulas pelos meus cabelos, finalmente a ficha estava caindo aos poucos, de que eu realmente estava passando por aquela situação, que meu marido esteve tão próximo da morte e que uma minúscula mudança em seu quadro diria se ele iria ficar vivo e voltar para mim, ou... me deixar completamente só nesse mundo, sem ele.

Lágrimas vieram aos meus olhos fazendo com que eles ardessem, mas eu as engoli, por que eu sabia que se começasse a chorar dificilmente pararia, por que eu sabia que à partir daquele momento teria que ser forte para passar por tudo aquilo sem perder a cabeça, sem enlouquecer.

Depois de me recompor, caminhei de volta para o quarto em que ele se encontrava, me sentei afundando na poltrona ao seu lado e segurei uma de suas mãos, e assim fiquei.

[...]

Horas depois

Tic tac

Escutei o barulho irritante do relógio que ficava na parede à cima e de frente para o leito e a poltrona em que estávamos.

Tic tac

Segundos viraram minutos.

Tic tac

E minutos viraram horas.

Tic tac

E eu continuava ali, sem me mecher, sem piscar, sem... quase respirar. Completamente absorta em meus próprios pensamentos, em minha própria mente. Saí de meu estado de estupor quando ouvi leves batidas na porta. Era uma enfermeira, eva, uma das mais antigas do hospital, ela era muito querida por todos, uma velhinha simpática e amorosa.

Ela abriu uma fresta da porta e colocou metade de sua cabeça para dentro, olhando diretamente para mim.

- Olá, querida. - ela sorriu amorosamente para mim, pequenas rugas aparecendo abaixo de seus olhos - Você não saiu daqui desde cedo, vim trazer algo para você comer. - ela falou abrindo mais a porta e entrando enquanto segurava uma  bandeja em uma de suas mãos.

Olhei para ela, conforme ela se aproximava depois de ter fechado a porta.

- Obrigada, mas não estou com fome. - falei rouca, por causa da boca ressecada pela falta de água.

- Eu sei que deve estar sendo difícil passar por tudo isso sozinha, mas precisa comer um pouco para ficar forte, menina. - falou - Ou poderá ficar doente e não queremos isso, queremos?- falou se aproximando para deixar a bandeja na mesinha próxima à mim.

Meus olhos voltaram a ser encher de lágrimas enquanto olhava para ela.

- Ôh, minha menina! - falou estendendo os braços - Shi! Vai ficar tudo bem. - ela falou passando seus bracinhos finos e enrugados pelas minhas costas, uma mão subindo até meus cabelos, começando uma carícia. -Shi! Pode chorar, shi. - falou me apertando.

E ali, naqueles braços confortáveis eu me deixei desabar, e assim ficamos por um bom tempo. Ela se soltou de mim, puxou a cadeira próxima que fazia par com a mesa e a arrastou até mim, destampou a bandeja, pegou uma colher e começou a colocar em minha boca, como se eu fosse um bebê. Minhas lágrimas continuaram a rolar livremente, enquanto eu tentava respirar e engolir a comida que estava em minha boca.

- Coma. - ela falou, me olhando com seus olhos de corça preocupados.

Soltei um soluço e engoli.

Vinte minutos depois ela já tinha me alimentado. Ela se levantou, tampou de volta a bandeja, pegou um manto sob os pés do leito, e me cobriu com ele.

- Durma um pouco, menina. - falou pegando a bandeja e se virando em direção a porta.

- Obrigada! - sussurrei fracamente em sua direção.

Ela sabia o porque  de eu estar agradecendo.

Ela se virou de volta para mim, sorriu e então se pôs a virar de volta para a porta e de costas para mim, abrindo a porta e saindo em seguida.

Suspirei e fechei os olhos, tentando relaxar o meu corpo e minha mente, acalmando meu coração. Estava muito cansada, tão cansada que nem percebi quando acabei adormecendo.

Tadinha da nossa safira, ela tá sofrendo tanto...🥺

Oe pessoal, como vocês estão? Eu vou muito bem, muito ocupada com o trabalho mas bem. Bom, primeiramente eu gostaria de agradecer pelos comentários positivos em meu livro e para dizer que eu não desisti dele, não será fácil mas vou tentar arranjar um tempinho para voltar a escrever. Mas então é isso... só passei para deixar esse recadinho e esse capítulo pequenininho para compensar vocês um pouquinho pelo chá de sumiço. Um beijão e até a próxima!

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