Na livraria, Crowley encarava o anjo na sua frente com um olhar melancólico. Tinha acabado de ouvir a proposta de Aziraphale e recusava-se a acreditar nas suas palavras. Precisava confesar, se não seria tarde de mais e nunca mais teria coragem novamente.
- Nos conhecemos a muito tempo - começou o demônio - eu sempre contei com você e você sempre pôde contar comigo. Somos um time... Um time de dois e... Se o Grabriel e o Belzebu conseguiram, nós também conseguimos! Não precisamos do Céu e nem do Inferno, eles são tóxicos!
- Crowley - lamentou Aziraphale - mas comigo no comando podemos fazer a diferença!
A voz do anjo começava a soar melancólica.
- E a sua livraria?
- Oh, Crowley, nada é para sempre.
Aquilo doeu tanto no coração do demônio que pela primeira fez na vida seus olhos ficaram marejados, porém aquele ainda não era o momento para soltar suas primeiras lágrimas depois de milénios de existência.
Aziraphale já tinha dado sua resposta. Crowley respirou fundo e voltou a colocar os óculos de sol no rosto.
- Passar bem - disse o demônio, amargo, seguindo na direção da saida da livraria.
Crowley sentia um turbilhão de emoções pesadas no peito, mas decidira não insistir. Aziraphale parecia realmente ter certeza da sua escolha.
- Passar bem? Crowley, onde você está indo!?
- Embora.
- Embora!? Crowley, você não pode! Eu... Eu preciso de você!
O demônio parou e virou-se para olhar uma última vez aquele com quem compartilhou toda a sua existência. O rosto de Aziraphale exibia tristeza genuína.
- Você não copreende o que eu estou lhe oferecendo! - Disse o anjo.
- Compreendo mais do que você!
Aziraphale o encarou, incrédulo, antes de confrontá-lo.
- Pois bem, se é assim que você deseja, pode ir.
- Escute!! - Crowley não conseguia mais esconder a raiva e lembrou do dia específico que jantaram juntos, logo após trocarem de corpos e salvar a vida um do outro - você ouve algo!?
Aziraphale ficou confuso por um momento antes de responder.
- Eu não escuto nada!
- Viu? Nenhum rouxinol cantando... Você é um idiota Aziraphale, poderia ter sido apenas nós.
Tristeza se misturava com raiva no organismo de Crowley. Raiva por estar sentindo algo insuportavelmente forte por aquele anjo, e tristeza por aquele mesmo anjo o estar rejeitando.
Aziraphale não conseguiu pensar em mais nada a dizer. Estava extremamente triste por não conseguir convencer Crowley e ao invés de continuar aquela discussão, o anjo virou o rosto. Os olhos marejados.
Lágrima eram mais fáceis de correr em um anjo do que em um demônio.
Movido pela raiva que só um demônio é capaz de criar, Crowley decidiu apostar tudo em um último ato. Um último gesto para mostrar como se sentia em relação a Aziraphale.
Avançando com passadas longas, o anjo só se deu conta de que Crowley estava do seu lado quando foi puxado violentamente pelo colarinho do casaco.
Crowley beijou os lábios do anjo com pura força e desejo. Era mais uma forma de súplica do que de amor. Súplica para que todos os anos que passaram juntos não fossem jogados fora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Good Omens +18 - One Shot - 2 Temporada
Fanfiction+18 ~ Continuação da segunda temporada Companheiros a muitos anos, seria inevitável o surgidendo de uma amizade, ou até mesmo de algo mais forte, como o amor. Porém esse sentimento entra em jogo quando Aziraphale recebe uma proposta tentadora e Crow...