Sincretismo da Umbanda

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A Umbanda e o Sincretismo com o Catolicismo:

Mas o que seria "sincretismo"?

No dicionário de língua portuguesa essa palavra é representada e
explicada da seguinte forma:

SINCRETISMO: fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, com
reinterpretação de seus elementos; - fusão de elementos culturais
diversos, ou de culturas distintas ou de diferentes sistemas sociais.

No dicionário de Umbanda, sincretismo se define simplesmente
assim:

SINCRETISMO: Identificação dos Orixás nos Santos Católicos.

E dessa forma mais simples podemos notar que ao cultuar as imagens
de santos católicos, os Umbandistas cultuam na verdade seus Orixás.

Mas porque teve que ser trazido essas imagens para os rituais de
Umbanda ?

Vamos voltar um pouco no tempo para entendermos.

Tudo se originou no tempo em que os negros eram traficados da sua
terra mãe África, trazidos para o Brasil em navios negreiros, onde
esses negros eram negociados e escravizados pelos senhores
escravocratas e fazendeiros cafeicultores de várias regiões.

Como nessas regiões a religião predominante era a católica, esses
negros eram proibidos de exaltar a fé que tinham em seus Orixás, sendo
surrados e até mortos quando tentavam demonstrar sua fé nessa força da
natureza.

Então esses negros se utilizavam da imagem de santos cultuados
pela Igreja Católica por um fato histórico cultural, na medida em que
os negros que chegavam ao Brasil como escravos, oriundos das diversas
tribos africanas, traziam em seu interior a crença nos Orixás, porém
não podiam manifestá-la pelo preconceito de seus senhores, que
consideravam tal culto heresia e feitiçaria.

Na África, seu culto fazia-se com o contato direto com a Natureza,
cada Orixá sendo cultuado em seu elemento. O negro africano cultuava
sua crença através de seus Otás (pedra). Cada Orixá tem a sua pedra, e
a forma encontrada pelos negros escravos foi associar a imagem do
santo católico mais representativa da força desses Orixás, colocar
seus otás dentro destas imagens e reverenciar sua crença sem tê-la
reprimida por seus senhores. A partir desse momento, dava-se início ao
sincretismo dessas duas religiões, já que a correspondência de Santos
Católicos com os Orixás africanos era a única maneira dos negros
escravos escaparem dos castigos e perseguições dos seus senhores e de
religiosos que tentavam difundir o catolicismo, impondo a crença com
as suas representações católicas.

Os Senhores achavam graça no sincretismo e, considerando os
africanos ignorantes, consentiam na prática bem disfarçada de seus
cultos. E assim, graças à inteligência dos sacerdotes africanos, as
suas antiquíssimas e sábias ideias religiosas puderam sobreviver até
hoje, apesar da intolerância de uma ou outra autoridade da lei
atrasada.

Portanto encontramos até hoje, as casas de culto de Umbanda
utilizando-se dessa representação sincrética, não pela necessidade do
culto à imagem, mas sendo admitida pelos zeladores de santo para que
os filhos de santo e frequentadores da casa tenham uma imagem para
direcionar suas súplicas e pedidos já que para alguns, dirigir seus
pedidos a energias da natureza, forças oriundas do ar, da água, da
terra ou do fogo, é de difícil compreensão por seu componente abstrato e impalpável.

Enfim, essa é a razão pela qual se permite a utilização dos Santos católicos nos congás, havendo o respeito tanto ao Orixá representado pela imagem,
como respeito ao santo cultuado pela mesma.

A Umbanda é um celeiro de fé e nela cabem todas as espécies de
crenças que possam nos levar ao objetivo maior de amor e caridade
pregado pelas nossas entidades.

O africano não abandonou as suas crenças religiosas. Simplesmente,
procurou acomodar-se a situação e o processo mais inteligente foi
exatamente o de comparar as qualidades dos seus Orixás com as dos
Santos católicos. Tomaram como base o Santo mais adorado do lugar.

ORIXÁS E OS SANTOS CATÓLICOS:

OXALÁ: Jesus Cristo

IEMANJÁ: Virgem Maria

EXÚ: Santo Antônio

OGUM: São Jorge

XANGÔ: São Jerônimo

OXÓSSI: São Sebastião

OBALUAIÊ (OMULÚ): São Lázaro

OXUM: Nossa Senhora Aparecida

IANSÃ: Santa Bárbara

NANÃ BURUQUÊ: Sant'ana

IBEIJI: São Cosme e Damião

Vale lembrar que até o sincretismo pode mudar de região para região. O sincretismo da Umbanda na Bahia, não é o mesmo que no Rio de Janeiro, por exemplo.

O sincretismo se faz entre Divindades, assim, não há sincretismo
entre as Entidades, tais como Caboclos, Pretos Velhos ou Crianças,
ainda que seja comum vermos Pais Franciscos, Antonios, Ciprianos e
tantos outros, mas que nada têm de sincrético com os santos de mesmo
nome.

A Umbanda apresenta sincretismo também com o Candomblé, não se
confundindo com esse, no entanto. Ambas são religiões com base em um
culto ancestral africano, com crença em Orixás africanos, mas cada um
encontra seu diferencial na forma de manifestação de sua crença.

As datas de festejos aos Orixás dentro da Umbanda também são representadas pelas datas que se homenageiam os Santos Católicos.

E assim é dado o sincretismo entre a religião Umbandista e a
religião Católica.

Salve Pai Oxalá, salve todos os Orixás!

Salve Jesus Cristo, salve todos os Santos Católicos que emprestam suas
imagens para que possamos através delas cultuar nossos sagrados Orixás.

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