Capítulo III

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Fiz uma salada ceasar rápida, antes começar a me arrumar. Procuro fazer tudo antes de tomar o banho pra tirar a água salgada. Fala sério, não tem sensação melhor do que o sal na pele. Meu cachorrinho, Suxi, perambula entre minhas pernas. Ele é um Beagle.
A Sra. Wilson, a mulher que cuida da nossa casa desde que nasci - e de certa forma me criou – passa na cozinha.
— Bom dia, sra. Wilson.
— Bom dia, menina linda.
— Servida a salada?
— Está bonita, hein. Vou ter que aceitar.
Pego um prato e forro a mesa pra mesma. Coloco um copo e os talhares.
— Vai querer o suco verde?
— Vou beber água, querida.
Sirvo a salada para sra Wilson e levanto pra pegar água pra ela.
— Tem suco de laranja, quer ou vai água mesmo?
— Pode ser o suco, querida.
Pego a jarra e a sirvo. É o mínimo que posso fazer depois de tantos anos: servir.
— E como está Tom?
— Bem, vou encontrar com ele hoje à noite.
— Ainda como amigos?
— E só amigos, sra Wilson — nós duas rimos.
    — Gosto muito dele. Ele tem um irmão, não é?
    — Ele adora a senhora — rio – sim, ele tem um irmão gêmeo.
    — Hm, beleza em dobro, então — ela ri e me olha por um tempo.
   – O que foi, sra Wilson?
    — Nada, desculpe — vejo os olhos dela marejarem — você me lembra muito a sua mãe. Fico feliz e orgulhosa da mulher que se tornou.
    Meus pais faleceram há 6 anos, num acidente com o iate deles que o fez afundar. Acharam os corpos meses depois. Meus pais adoravam o verão, praia e dias de sol. Daí veio o meu nome. A sra Wilson conheceu minha mãe ainda adolescentes, e minha mãe só aceitou se casar com meu pai se trouxesse a sra Wilson para ser a governanta. E aí, a sra Wilson se casou alguns anos depois, e quando minha mãe engravidou, ela também engravidou semanas depois. É quando Kylie chega e nos tornamos melhores amigas desde sempre. Como a sra Wilson e minha mãe.
      — Obrigada, sra Wilson. Lamento sobre meus pais e principalmente minha mãe. Sei que deve sofrer tanto quanto eu. Fico feliz que esteja aqui por mim.
      A sra Wilson me abraça e eu posso jurar que tem cheiro de lar e aconchego.
    — Vai encontrar com Kylie hoje?
— Estive com ela ontem. Tenho uma festa hoje à noite na casa de Tom, vou chama-la pra vir comigo.
    — Vai ser bom. Rick está sempre ocupado.
— Desculpa...
— Que nada, querida. Eu não poderia pedir emprego melhor pra ele. Fico feliz que esteja em família e não se metendo em encrenca. — sra Wilson faz uma pausa e bebe o suco — pode subir, deixa que eu arrumo isso aqui. Sei que praia cansa.
— Eu já falei pra senhora ir comigo e pegar umas ondas.
Subo as escadas e ouço a risada dela lá debaixo.
— E depois me conta qual é o mais bonito! – ela grita e eu gargalho.
Tomo um banho e lavo o cabelo, deixando secar naturalmente. Deito na cama e cochilo por umas 2 horas, até a senhora Wilson bater à porta.
— Sum?
— Sim, sra Wilson – digo, sonolenta.
— Não quis te acordar, querida — ela diz e sorri — nem com sono você me chama pelo nome.
— A senhora sabe que é por uma questão de respeito.
— Meu nome é muito melhor. Vai dizer que Susan não é mais jovem?
— Tudo bem... vou tentar me acostumar. Sempre tento.
— Estou indo embora agora, precisa de alguma coisa?
— Não, sra... — ela me olha com os olhos semicerrados — não, Susan.
Ela sorri. Já vi fotos da minha mãe e ela mais jovens. Amber e Susan. Que dupla. O sorriso de Susan continua o mesmo.
— Tudo bem. Mando Kylie vir pra cá mais tarde?
– Eu vou combinar com ela direitinho, obrigada, Susan.
A sra Wilson deixa um beijo no topo da minha cabeça e sai.
— Amanhã estou de volta! — grita, lá de baixo.
    Definitivamente amo essa mulher.
Pego o celular, combino o horário com Kylie. Depois, começo a me arrumar. Passo um óleo no cabelo e prendo o mesmo, para deixar com ondas. Separo um vestido de couro preto, um sobretudo e salto alto.  Tomo outro banho rápido para despertar depois do sono, e saio enrolada na toalha.
     Decido me maquiar primeiro. Faço uma maquiagem bem leve, passando só um lápis nos olhos e esfumando, finalizando com um gloss. Coloco o vestido, opto por não usar calcinha (um antigo hábito para não marcar a roupa), os sapatos, por último, coloco o sobretudo e solto o cabelo. Coloquei duas argolas e um cordão fino. E escolhi uma bolsa tira colo preta. Voilà.
   Desço as escadas, ligo para Kylie enquanto vou para o carro. Chris — um dos meus seguranças – trouxe a SUV pra mim.
   — Boa noite, srta Summer.
   — Boa noite, Chris. Obrigada.
   — A srta voltará para casa?
   — Ainda não sei. Susan ficou de vir amanhã de novo.
   — Sem problemas. Divirta-se, srta Summer.
  Dou uma piscadinha e saio pelos portões altos. Paro na casa de Susan para buscar minha amiga, que fica a duas ruas da minha. Kylie está linda. Seu cabelo escuro está preso com as franjas caídas, uma calça jeans skinny e uma regata preta. Básica, mas que definiu o corpo.
   — Minha nossa, Sum — ela diz — que roupa linda.
   — Eu amei a sua, também. Pronta?
  — Vamos.
  Seguimos para a casa de Tom. E pela primeira vez, estou nervosa pra ir até lá. 

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The Heart get no Sleep - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora