Seventeen

Capítulo 23

Wei Ying passou apressado pelas pessoas do salão da escola. Falou com Dave, que estava um tanto nervoso por precisar de Wei Ying naquele evento e disse que sentia muito, mas que não podia ficar e que ter aceitado a ideia tinha sido um grande erro. Ele também passou por Zonghui. Este estava perto de Huaisang, tendo uma conversa amigável e quando viu Wei Ying, quase o seguiu, mas Huaisang o impediu.

"Deixe ele." Pediu, segurando Zonghui pelo ombro.

"Ele precisa de mim." Zonghui falou apressadamente.

"Ele não precisa." O outro respondeu. "Não agora. Ele precisa ficar sozinho, entenda e respeite o momento de Wei Ying."

Zonghui assentiu. Ele usou Wei Ying como desculpa, mas a verdade era que ele queria se afastar de Huaisang o quanto antes, pois se sentia intimidado perto de seu ex amor. Huaisang estava sendo gentil e educado, porém, Zonghui não queria aquela gentileza. Por muito tempo, ele havia esquecido de quão doce Huaisang era e isso o deixava realmente nauseado.

"Agora..." Huaisang começou. "...se você se sente incomodado comigo, vá em frente. Não vou segurá-lo." Falou, como se tivesse lido a mente de Zonghui.

"Claro que não." Mentiu. "Eu não me sinto incomodado com você, por Deus."

Huaisang deu um sorriso e concordou, caminhando devagar pelo salão da escola e cumprimentando algumas pessoas. Zonghui o seguiu meio constrangido.

"Sabe... eu adoro essa escola." Huaisang comentou aleatório. "Ela me faz lembrar tudo o que eu fui e o que eu deixei de ser." Suspirou, virando o rosto para Zonghui e estendendo-lhe a mão livre. "Venha, quero te mostrar uma coisa."

Zonghui encarou a mão de Huaisang por alguns instantes antes de segurá-la. Quando o fez, o coração inflou no peito e ele quis urgentemente poder estar sozinho e chorar. Ele sentia tanta falta. Ele sentia falta de tudo o que Huaisang representava, de seu cheiro, de sua pele, das palavras sempre positivas que ele dizia.

Só Zonghui sabia o quão difícil era viver longe do rapaz que ainda amava e o que aquela situação inusitada significava. Castigo. Ele sentia como se o mundo estivesse conspirando contra ele, e que ainda o estava deixando de frente com uma situação como aquela, que ele sempre havia evitado a todo custo.

E enquanto segurava a mão de Huaisang, sendo arrastado pelos corredores escuros da escola, torcia para que ele não fosse fraco e despejasse todo o seu sentimento de dor no rapaz ao seu lado. Ele não queria que Huaisang soubesse que ele sofria.

De repente, quando Huaisang parou e soltou a sua mão, ele ficou parado no escuro por algum tempo, apenas ouvindo o toc toc da bengala de apoio e os passos de Huaisang. Só quando as luzes acenderam é que ele percebeu onde estava. Era o laboratório de química onde eles estudaram anos atrás.

O lugar estava ligeiramente diferente, alguns ar condicionados substituíam os locais onde antes tinham grandes ventiladores e algumas cadeiras eram visivelmente novas. Havia também muitos novos equipamentos de estudo e uma lousa eletrônica, onde havia alguns rabiscos.

"Você se lembra daqui?" Huaisang perguntou, alisando um dos grandes balcões de mármore que serviam de mesas. "Nós estudávamos aqui. Eu e você. Foi aqui que nos conhecemos."

"Você chegou me pedindo o caderno emprestado porque tinha acabado de mudar de escola e pensou que eu era diferente dos outros por estar sozinho. Em outra situação, quem visse alguém isolado de sua classe o acharia um perdedor, mas você me achou especial. Acho que foi nesse dia que me apaixonei por você. Eu lembro da primeira vez que toquei a sua mão, Deus... eu tremi por uns dez minutos depois disso e você só tinha me cumprimentado. Por estar tão nervoso, uma vez, aqui, eu derramei o experimento de química todo sobre o balcão e o manchei de uma cor esquisita, fazendo o professor ficar uma fera..." Huaisang parou, os dedos deslizando sobre a mesa e olhou para Zonghui. "A mancha ainda está aqui e eu também."