Capítulo 28

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Quando Lan Zhan parou o carro em frente à igreja, ele bateu com a frente do automóvel no meio fio, fazendo com que brecasse com muita rudez. Ele desceu com pressa, fechando a porta e nem verificando se ela realmente tinha trancado e foi para a porta grande de madeira tentar entrar, mas ela estava trancada.

Olhou para os lados, suado e vermelho como se estivesse passando mal e uma senhora que o via da rua ficou observando o transtornado rapaz, que parecia realmente querer entrar na igreja. Ela se aproximou receosa – seria ele alguma espécie de viciado? – e o tocou no ombro.

"A igreja fica fechada nesta hora, porque o padre está organizando as coisas para a missa da noite." Disse, observando que o homem estava sóbrio, apenas desorientado.

"E onde o padre está? Como posso falar com ele? É um assunto urgente."

"Bem, a casa dele é atrás da igreja." A mulher disse. "Basta dar meia volta e..."

Lan Zhan não a deixou terminar de falar, e correu até a parte de trás da igreja, parando em frente à pequena construção que saía do muro da catedral – a residência paroquial – e passou a esmurrar a porta, sem se importar se alguém no meio da rua iria achar que ele estava aprontando alguma coisa.

Quando a porta se abriu, Ruowen não teve tempo de falar algo ou se surpreender, pois Lan Zhan voou em seu pescoço e lhe segurou as golas da camisa comum que ele vestia, empurrando-o para dentro até que o corpo do padre batesse com força contra a parede.

O jogador ofegava com força e ele estava incapaz de raciocinar. Não pensava que Ruowen era um padre ou que ele estava se precipitando ao agir como um louco, invadindo a casa dele e agredindo-o sem motivos. Mas ele achava que, depois de tudo o que viveu e tudo o que estava em sua cabeça, o mundo podia explodir que ele não estava mais ligando.

Lan Zhan só queria respostas. Respostas para as novidades que o deixaram completamente chocado. Ele ouviu de Huaisang coisas indigestas e que ele não podia acreditar – e ao mesmo tempo não achava que Huaisang inventaria algo do tipo – mas por Deus, ele precisava que alguém lhe esclarecesse as coisas antes que ele ficasse louco.

E de alguma forma, ele teve o pressentimento de que Ruowen sabia muito sobre aquela história. O nome dele estar envolvido nela não lhe soou bem. Lan Zhan não era nenhum bobo e tudo estava começando a lhe deixar realmente irritado.

"Reverendo." Disse, sua respiração batendo com força no rosto do padre. "O que aconteceu no dia do baile da escola?" Perguntou, tentando ao máximo manter-se calmo, mas tudo o que conseguiu foi apertar ainda mais as golas de Ruowen, quase o sufocando. "Fale tudo. Bem devagar."

Ruowen assentiu, respirando muito rápido, sentindo o peito doer com as batidas desconexas do coração. Então, aquele era o dia. Aquele era o momento. Independia de sua coragem ou de sua vontade. Lan Zhan sabia de algo. Se não soubesse, não estaria naquele estado.

Com uma coragem que Ruowen pensava vir de sua fé ou algo do tipo, ele afastou Lan Zhan de si, fazendo apenas com que o jogador tirasse suas mãos de cima de seu corpo e passou uma das palmas pelo rosto, a outra mão indo ao seu bolso.

"Eu pensei que vocês iam juntos para aquela festa." Falou, a voz muito baixa. "Você e o Wei Ying. Todos falavam disso. Eu não tinha nada contra, por mim, aquilo era completamente indiferente." Olhou para Lan Zhan, que estava a ponto de lhe bater ou algo parecido. "Nem todos pensavam como eu, Lan Zhan. Aquela escola era como..." Riu ironicamente. "...um ninho de cobras. Elas podiam te bajular pela frente, mas, quando você desse as costas, poderia ser picado. Foi o que aconteceu."

O padre parou e engoliu, parecendo ter algo em sua garganta que o impedia de falar, mas apenas continuou, fazendo um esforço físico e mental para que pudesse acabar logo com aquilo.

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