ti amo

169 15 0
                                    

olhei o relógio ao acordar e percebi o quão cedo era.

queria voltar a dormir, mas ouvi a porta do meu banheiro do quarto se abrir, lá estava elio.

"torna a dormire, tesoro" eu simplesmente não entendi uma palavra, às vezes eu realmente não entendo, mas agora as palavras estavam bagunçadas, "volte a dormir" elio explicou, notando minha dificuldade.

"você já me atrapalhou" eu caminhei para o banheiro, lavando o meu rosto e em seguida escovando os dentes.

"você já estava acordada" elio argumentou soltando uma risada nasal.

nós descemos as escadas em silêncio e começamos levar para fora da casa, no jardim, algumas frutas, sucos e poucas fatias de tortas, nós estávamos fazendo um piquenique. soou tudo irreal por alguns segundos, como se eu já soubesse que essa memória ficaria na minha mente para sempre.

"está um pouco frio" eu digo sentindo o vento bater em meus braços. elio me chamou para perto, me abraçando e me aquecendo.

"ei, siena?" ele me chamou de repente "sei que fazem só algumas semanas, mas você sabe que eu te amo, não sabe?" ele contou, não pude deixar de abrir um sorriso.

sabe aqueles momentos que sua boca e seu maxilar doíam de tanto rir ou sorrir? esse era um deles. ou sabe aqueles momentos que você simplesmente não consegue esconder sua felicidade? é, era tipo isso.

"elio, eu também te amo" eu falei e me contentei para não chorar ali mesmo "você é meu melhor amigo, eu vou te amar para sempre"

o silêncio surgiu, mas sabiamos que de alguma nós estávamos nos comunicando em silêncio.

...

de alguma forma desconhecida, elio se tornou o mundo para mim, se tornou tudo. como se eu fosse um livro de desenhos brancos e ele fosse os lápis de cores, colorindo mais do que dentro dos riscos, mais que o necessário.

é como se ele tivesse uma lua em seus olhos e nos meus um oceano, porque os olhos dele conseguem refletir perfeitamente com os meus. e pode parecer bobagem, mas é a verdade.

elio é mais que uma pessoa, ele é um sentimento. elio é tudo que alguém precisa e espero que ele saiba disso.

...

após aquela manhã, elio, eu e seu pai passamos a tarde inteira fora de casa. foi divertido, até chegarmos em casa.

elio sumiu de repente, desci as escadas e não o achei, então fui a procura de anella.

"anella, você sabe onde elio está?" perguntei tentando não parecer preocupada, mas estava

"ele saiu com marzia, meu bem" anella me contou enquanto lia uma revista.

estranhei de cara, normalmente elio me deixa saber de tudo o que ele faz. por que não avisou dessa vez?

os pensamentos vão e vem e de repente surge uma ideia de que talvez elio esteja com vergonha de me contar que ainda gosta de marzia. me senti um pouco apagada depois de um tempo pensando sobre, acho que apenas não quero perder nossa relação de agora.

depois de uma hora, ele ainda não estava lá. estava escurecendo e meus pais e os perlman's haviam saído, mafalda provavelmente teria voltado para sua casa nesse momento. eu estava sozinha na casa.

estava em meu quarto, observando a luz do quarto do elio ainda desligada. caminhei até sua porta e entrei, depois de ter pensado muito se devia ou não.

lá estava seu violão, isolado no canto de seu quarto.

sua mesa estava cheia de papéis, mas não ousaria enconstar neles, sabendo que provavelmente estaria entrando na cabeça de elio. ele escrevia poesia, disso eu sabia, às vezes o via desenhar também.

me deitei em sua cama, logo senti seu cheiro suave e agridoce. viciante.

era o seu quarto, sua essência.

ouvi passos distantes subirem as escadas, mas continuei deitada, talvez imaginei que fosse mafalda que teria esquecido alguma coisa.

mas não, eu estava errada. lá estava elio, finalmente em casa.

"elio" me levantei rapidamente de sua cama "onde você estava?" eu perguntei com uma voz baixa, como se tivesse perdido toda minha coragem.

"com marzia" eles disse, se jogando em sua cama sem ao menos olhar para o meu rosto.

"eu sei..." sorri "mas onde?" perguntei curiosa.

algo parecia o incomodar.

"primeiros fomos ao lago" ele dizia, mexendo com suas mãos "depois passamos por perto da casa de árvore e, ela quis entrar..."

então de repente entendi.

"nós... entramos na casa" elio ainda não conseguia me olhar nos meus olhos, mas ao menos, ele não conseguia ver minha expressão.

parece algo bobo,

mas era algo nosso

apesar de não fazer muito tempo, ou algo do tipo

"ela disse que queria ir mais vezes lá" elio então me olhou, como se buscasse aprovação. mas não conseguia responder "siena?"

"sim?" perguntei, mas permaneceu quieto "ei, estou um pouco cansada" eu odiava mentir para as pessoas, principalmente para elio, mas de repente pareceu uma urgência. como falaria que eu estava triste por causa de uma amiga de infância dele "eu vou deitar um pouco" eu minto mais uma vez, vi ele tentando falar algo, mas apenas ignorei antes que eu ficasse atrapalhada.

me joguei na cama e percebi que  aparentemente aquilo não foi uma mentira, eu realmente precisava descansar um pouco.

...

a noite passou-se de forma rápida, lá estava eu ainda isolada no meu quarto, o relógio estava marcando às meia-noite.

meus pais teriam chegado junto dos perlman's e, eu podia ver a luz do quarto de elio ainda ligada. apesar da vontade, não fui atrás dele, dessa vez.

mas mesmo assim, ele veio até mim, eu pude ver a porta se abrir lentamente.

"ah, você está acordada" elio sorriu fracamente "você..." tentou falar algo, mas nada mais saiu

"eu?"

"você sabe que é muito importante para mim, não sabe?" elio brincou com meus dedos

"sim, eu sei" eu tentei sorrir diretamente para ele

"desculpe. eu não devia ter levado marzia para lá" elio susurrou

e acabei me sentindo mal por ele ter se sentido mal.

"elio, está tudo bem" eu brinquei com seus cachos "a casa é sua"

"mas, mas eu disse que não levaria ninguém, apenas você" ele abaixou sua cabeça.

"está tudo bem" eu sorri, agora honestamente, para ele "elio, somos mais que uma casa de árvore" eu soltei uma risada, tentando amenizar o clima, qual funcionou

"com certeza" elio pulou para cima de mim, me abraçando.

"eu acho que marzia gosta de você" eu disse em um tom baixo e, em poucos segundos depois desejei que ele não tivesse ouvido minha fala. me arrependi.

"o que?"

"não sei. o jeito que ela olha para você, que te abraça, te beija" olhei para os lados, tentei de todas não olhar para aqueles olhos verdes.

"acho que não" elio disse, agora mexendo nos meus fios de cabelo.

e eu realmente espero que não, espero que ela não goste dele.

TURN YOUR LIGHT ON | elio perlman,,Onde histórias criam vida. Descubra agora