Morando com meu inimigo - Tobirama

Se de uma coisa tenho certeza, é de que meu marido me odeia

Se de uma coisa eu tenho certeza, é de que Tobirama estava furioso comigo. Eu sei que passei do ponto, mas realmente não me importo com o que ele pensa, meu objetivo é apenas um: descobrir qual segredo a família Senju esconde para poder dar o fora daqui e finalmente vingar minha família.

Bônus se nesse processo eu puder enlouquecê-lo.

Vamos considerar uma pequena retribuição à forma como ele tem me tratado.

Acho uma desnecessidade grotesca ele agir como se nada tivesse acontecido alguns dias atrás, principalmente considerando que ele literalmente beijou os meus pés naquela noite.

Tudo bem que nenhum dos dois sabia quem éramos, e talvez uma simples apresentação já teria resolvido todo o problema naquele dia, mas eu só queria algo casual, queria irritar Madara pelo que tinha feito comigo, alguém de quem eu não precisaria me lembrar. Por ironia do destino, agora será impossível esquecê-lo.

Tomo isso como uma lição para não desrespeitar meu irmão mais velho novamente. Agora não adianta bater os pés no chão e fazer birra, eu preciso focar na missão.

Qualquer momento seria apropriado para usar minhas artimanhas contra Tobirama, ou melhor, a poção que o faria abrir aquela linda boquinha pra mim, mas nenhum seria tão perfeito quanto junto com seus aliados, que pensam que estou do lado deles também.

Fui até o meu suposto quarto e na gaveta do criado-mudo ao lado da cama, peguei o frasco com o líquido brilhante e o escondi entre os meus seios, caminhando cautelosamente até a cozinha.

Coloquei a chaleira com água no fogo e enquanto esperava ferver, separei erva-doce e quatro xícaras.

Com o chá pronto e já em cada uma das xícaras, pego o recipiente conta-gotas e coloco na xícara da esquerda, para não me confundir na hora de distribuir. Mesmo assim a deixo um pouco mais ao lado para não ter erro.

Eu até poderia colocar nas quatro xícaras para garantir que todos me dessem as respostas certas, mas não tinha tanta poção assim e além do mais, eles confiavam em Tobirama, e se ele demonstrasse confiança em mim, os outros fariam o mesmo.

Bato três vezes à porta equilibrando cuidadosamente as xícaras sobre uma bandeja e aguardo que a porta seja aberta. Geralmente tem um guarda em frente ao escritório de Tobirama, mas durante as reuniões ele dispensava qualquer um, talvez porque desse de escutar algo de fora.

Enquanto aguardo a recepção, apoio os ouvidos na madeira tentando captar algo, sem sucesso. Segundos depois a porta se abre me desequilibrando e quase virando todas as xícaras.

Aquele senhor desagradável me olhou com desconfiança e ódio.

— O que quer?

Olho em volta, tentando capturar o máximo de informações do local possível, para o caso de ele me impedir de entrar.

Há uma estante de livros atrás de um pequeno sofá, a janela grande atrás da mesa de Tobirama, que quase nunca estava aberta, mas naquele dia em especial, deixava frestas de luz iluminando o tapete marrom no centro da sala.

A mesa de madeira imensa da mesma cor do tapete cheia de papéis em cima e duas portas ao lado dela, uma em cada lado da sala.

Apostava que alguma dessas portas escondia segredos importantes para Tobirama e que em breve eu descobriria.

No lado esquerdo, outra estante com diversas pedras e artefatos antigos. Um deles, em especial, me chamou atenção. Uma pedra preta, que reluzia um brilho encantador, que atraiu meus olhos quase como em um transe. Os quatro homens estão me olhando quando me dou conta que devo uma explicação.