02| E N C É L A D O

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A voz de Thundra mudava de acordo ao lugar onde ela estivesse inserida

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A voz de Thundra mudava de acordo ao lugar onde ela estivesse inserida. Amélia já a tinha ouvido gritar durante os treinos, dar discursos longos no fim de algum jogo e a conversar de forma animada com as suas companheiras de equipa pelos corredores, mas aquele tom era totalmente desconhecido aos seus ouvidos.

Thundra a encarava com um sorriso doce, as suas mãos esfregavam-se nervosamente uma na outra e os seus olhos observavam Amélia com curiosidade. Amélia não deixou de reparar como a cor do uniforme acentuava ainda mais os traços fortes dela, a sua pele pálida parecia brilhar e os seus olhos pretos estavam ainda mais realçados.

— Oi. — Amélia respondeu abaixando a cabeça. — Leon, eu posso falar com você a sós?

Leon não entendeu a sua mudança de humor, mas não negou o pedido. Por estar ocupado com as entregas, ele pediu para que fossem até a cozinha ao invés do seu escritório, enquanto Evie fazia a sua pausa para almoçar. Amélia o seguiu até ao cômodo sentindo o seu coração bater cada vez mais rápido, ela tinha algumas restrições e uma delas era se comunicar com pessoas que não tinha intimidade sem parecer atrasada.

Ao chegarem naquela divisão, ela precisou de alguns minutos para recuperar o fôlego ao mesmo que tentava controlar o tremor nas suas mãos.

— Está tudo bem? — Leon indagou preocupado.

— Mais ou menos.

— Qual é o problema? — questionou cruzando os braços e encostou o tronco no balcão sujo de farinha.

— Eu disse milhares de vezes que você não precisava contratar mais ninguém. — reclamou angustiada. — Nós até tínhamos um plano, Evie cuidaria das entregas, enquanto eu cuidava da cozinha e do atendimento.

— Nós tentamos seguir esse plano e se bem me lembro, as coisas não correram tão bem. — Amélia se lembrava daquele dia. Evie teve que se retirar para efetuar algumas entregas, então ela ficou responsável por servir os clientes e preparar os pedidos para serem despachados, mas haviam tantos clientes que Amélia quase deixou que a cozinha incendiasse. — Por isso achei que seria melhor contratar alguém para te ajudar, assim você não fica tão sobrecarregada.

— Ainda penso que eu e Evie conseguimos lidar com a cafetaria sem a ajuda de uma terceira pessoa. — ela murmurou. — Você pode dispensar ela, não é?

O que Amélia estava fazendo era errado, ela mais do que ninguém sabia disso, mas Thundra merecia mais do que trabalhar em uma cafetaria com alguém que provavelmente se comportaria como se tivesse algum problema mental.

Leon semicerrou o olhar, Amélia estava agitada e olhava para todos os cantos daquela cozinha como se estivesse preparando um plano de fuga. Ele sabia que ela tinha problemas com interação social, e que isso dificultava a sua convivência com pessoas novas, mas o problema com Thundra parecia ser mais pessoal.

Ele aproximou-se antes de perguntar:

— Tem algum problema com a Thundra? Ela disse que vocês estudam na mesma facul...

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