Venice Beach

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O dia está quente hoje, perfeito para uma praia, que é para onde eu, Hanna e Pietra estamos indo. Estou as aguardando no carro, achei que o ar aqui de entro estaria melhor que lá fora, mas acho que está a mesma coisa, devido a temperatura extremamente quente que está fazendo hoje, isso que ainda estamos no início do verão.

Faz dois meses que cheguei a California, tenho amado um dia após o outro, tem sido ótimo. Consegui um estágio em uma empresa jurídica que conheci na última vez que estive aqui cursando Psicologia em Stanford, esse estágio me ajudará muito no meu mestrado e ainda consigo me sustentar sozinha aqui.

Hanna e Pietra finalmente chegam ao carro, ambas dividem o apartamento comigo, as conheci na faculdade, cinco anos atrás.

— Finalmente um final de semana em que todas estamos juntas para pegar uma prainha. — comenta alegremente Hanna.

— Poderíamos ir no Lincoln hoje à noite, vi que vai ter uma banda tocando lá. O que acham? — Pietra questiona com os olhos brilhando.

— Quero ir à igreja hoje, não consegui ir nenhum dia essa semana. Quero visitar aquela igreja na Brooks Ave. — faz dias que passo em frente a essa igreja e sempre penso em visitar, mas não havia tido tempo durante essa semana.

— Vamos todas à igreja então. — Hanna comenta casualmente e todas assentimos.

***

Por mais que tenha passado densas camadas de protetor solar, sinto que estou extremamente bronzeada. Amo essa corzinha pós praia, meu tom de pele é moreno e com o sol ele fica ainda mais acentuado.

Solto meu cabelo da toalha que coloquei após sair do banho para retirar o excesso de água e enquanto o penteio, olho no relógio e faço uma nota mental de ligar para os meus pais quando chegar da igreja, eles provavelmente estarão acordando.  Finalizo o cabelo e dou uma última checada no espelho, meu cabelo encaracolado, castanho escuro e vai até a cintura.

— Estou pronta, vamos?  — Pietra aparece na porta, já com a bolsa na mão.

— Vamos, a Hanna está pronta?

— Estou, vamos. — ela responde passando por nós no corredor indo em direção à porta.

Todas já estávamos no carro, indo em direção a igreja que é perto de casa, no máximo 10 minutos em um dia tranquilo. Tocava Same God na playlist, a noite estava bem mais fresca que o dia, isso me deixava ainda mais contente, ainda mais grata.

A igreja não é grande, as pessoas estão chegando aos poucos. Deixei as meninas sentadas e fui procurar água, por mais que o clima estivesse mais fresco, ainda estava com calor. Encontrei a água e junto uma moça que lutava para manter seu filho em seu colo e a criança em sua frente sobre seu campo de visão.

— Cassie, por favor. Conversei com você ao saírmos de casa, não fique pulando ou vai derrubar a águ... — ela não teve tempo de terminar a frase, Cassie, que presumo ser sua filha esbarrou em mim no mesmo momento, me dando um banho de água gelada.

— Opss. — Cassie sussurra com os olhinhos assustados.

— Cassie, eu te avisei. Olha o que você fez, me desculpa moça, por favor...

— Está tudo bem. — me adiantei bem humorada — Estava realmente precisando de uma água fresquinha para aliviar o calor.

— Aí meu Deus, me desculpa, de verdade. Você quer que eu seque sua roupa? Aqui tem aquelas secadoras de roupas de piscinas.

— Não precisa, de verdade. Está tudo bem, logo seca sozinha. — eu fiquei com mais dó pela sua preocupação do que com minha roupa, que em minutos estaria seca, ou em horas né.

— Moça, me desculpa, eu não queria ter te molhado. — a pequena Cassie diz com a voz embargada, me ajoelho perto dela e lhe respondo com um sorriso.

— Está tudo bem, é só água. Água seca em minutos, okay?

— Tudo bem moç... qual o seu nome? — ela questiona com seus olhos azuis brilhantes.

— Chiara e o seu é Cassie, certo? — ela assente sorrindo.

— Bem-vinda, Chiara. Eu me chamo Bree, como você já conheceu, essa é a minha filha Cassie e esse é o meu mais novo Gabriel.

— O prazer é meu, está tão na cara que sou nova aqui? — pergunto um pouco sem graça.

Ela olha para mim de um jeito curioso e sempre sorrindo.

— Não, é que meu marido é o pastor, então conheço todos os membros. — seu sorriso se expande, mostrando todos os dentes.

— Ah, agora faz muito mais sentido. É a minha primeira vez aqui, mas já me sinto em casa.

— Isso é ótimo, é bom saber que o incidente com a água não a assustou. Preciso dar uma mamadeira para o Gabriel, vejo você após o culto?

— Claro, mais uma vez, foi um prazer. — ela assente e saí correndo atrás da Cassie que já está, longe e acenando para mim. Volto e me sento com as meninas.

O culto termina e antes que eu dê dois passos, encontro Bree no corredor.

— Bree, essas são minhas amigas, Hanna e Pietra. Hanna, Pietra, essa é Bree a mulher do pastor.

Todas se cumprimentam e Bree acena para um grupo grande que se formou perto da porta da saída.

— Esse é o nosso grupo de jovens, teremos um encontro em uma das casas da igreja amanhã, vocês são mais que bem-vindas para estar conosco. Posso pegar o seu contato Chiara? E te passo as informações?

— Claro, nós adoraríamos ir.

Ela pega o meu contato e nos apresenta a algumas pessoas do grupo que antes estava formado e agora já se encontra disperso. Vamos para casa, eu animada e as meninas surpresas, pois realmente gostaram e querem retornar novamente. Elas não frequentam a igreja, eu as entendo, Jesus não se conhece apenas de se ouvir falar é necessário um encontro pessoal e único, cada um deve ter o seu. A palavra não pode ser imposta, deve ser apresentada e cada um deve a conhecer por si só.

Mas nós três voltamos com uma certeza, de que voltaríamos e de que aquilo teria um grande significado em nossas vidas. Adormeci em meio aos meus devaneios e conversas com Deus.

***

Venice BeachOnde histórias criam vida. Descubra agora